Idosa com AVC morre à espera de leito no PSM

Falta de leitos em Belém
Falta de leitos em Belém

Não houve tempo. A angústia da família Oliveira que se arrastou por mais de uma semana, ontem chegou ao ápice. O alívio pela conquista do tão aguardado leito, não resistiu cinco minutos. Margarida Pereira Oliveira, 70 anos, é a mais nova vítima do ineficiente sistema público de saúde de Belém. A idosa morreu na Unidade de Tratamento Intensivo do Pronto-Socorro do Guamá sem a chance do tratamento especializado de que precisava.

“Eu andei tanto, eu liguei tanto, eu pedi tanto, todo dia. Mas demorou demais e a minha mãezinha se foi”, disse inconsolável a filha, Marcilene Oliveira que chegou a falar com o DIÁRIO no final de semana na tentativa de chamar a atenção do poder público para o caso da mãe.

As tentativas para transferência de Margarida, começaram no último dia 3. O problema inicial da paciente seria um Acidente Vascular Cerebral (AVC) que teria se agravado durante o período de internação com o aparecimento de um coágulo no cérebro. Nos últimos dias, a família também diz que a idosa passou a apresentar sintomas de pneumonia, o que fez o medo e a pressa aumentarem.

UTI

Margarida precisava de uma cirurgia, mas não saiu da UTI a tempo. “Minha mãe estava em estado delicado, mas ouvia, tinha pressão controlada e não tinha febre. Nossa pressa era pra transferir para outro hospital e quando a minha cunhada foi lá dizer pro médico foi que ele disse que não adiantava mais que a minha mãe tinha morrido. Eles só iam avisar a gente na hora da visita. Tô desesperada”, afirmou a filha, entre soluços.

A Secretaria Municipal de Saúde informou, através de nota, que Margarida seria transferida para o Hospital Ordem Terceira na manhã de ontem, mas morreu momentos antes da transferência. “A paciente teve uma parada cardíaca durante a madrugada e chegou a ser reanimada pelos médicos de plantão mas, devido a seu estado de saúde instável, ela não suportou as complicações e faleceu às 12:30, no momento em que a família chegava ao HPSM para conversar com o médico do plantão”.

Em nota anterior, a Sesma havia informado que Margarida estava cadastrada no Sistema de Regulação de Leitos (Sisreg), desde o último dia 6.

Rapaz com leucemia ainda não conseguiu transferência

Mãe de Felipe Rodrigo Moraes de Azevedo , 17 anos, Lilian Moraes de Azevedo mantém-se preocupada. Ela teve a história do filho contada na edição de ontem do DIÁRIO. O filho que começou sentindo muitas dores nas pernas foi inicialmente diagnosticado como tendo reumatismo; depois recebeu a notícia de uma anemia e, por fim, a confirmação de uma leucemia, continua internado no Pronto-Socorro do Guamá sem previsão de transferência para o hospital de referência para tratamento da doença, o Ophir Loyola.

“Desde o começo do mês nada muda. Eu não sei mais o que faço. Vejo meu filho sofrer dor, não posso fazer nada e me angustio em pensar que ele pode morrer. Na mesma situação dele tem outros três lá perto esperando a morte. Porque sem leito é uma morte atrás da outra”, desespera-se a cozinheira Lilian, que já tem um parecer favorável da Justiça para o caso do filho.

JUSTIÇA

A indicação da leucemia veio no final de julho e Lilian recebeu da Justiça no último dia 8 o parecer favorável. O juiz da 3ª Vara da Fazenda da Capital, Claudio Hernandes Silva Lima, exige do Governo do Estado e do Hospital Ophir Loyola uma medida em caráter de urgência para a assistência do jovem. “Em relação ao perigo na demora, este se mostra presente simplesmente pelo fato de que a realização do tratamento adequado é determinante para o requerente garantir a sua saúde, bem como sua dignidade”, diz parte da decisão judicial.

Lilian diz aguardar apenas o que lhe é de direito. “Ele já tá cadastrado. É atendido todas as terças no Ophir Loyola e a própria médica de lá diz que o caso precisa de tratamento rápido. Aqui no Pronto-Socorro eles estão fazendo o que podem, ele fica no soro e no antibiótico, só que o antibiótico é bom pro reumatismo mas faz mal pra leucemia. Ele precisa da quimioterapia e eu só pedia pras autoridades que conseguissem que ele ficasse nem que fosse só na triagem pra médica poder dar uma olhada nele”.

A Sesma informou que o paciente já está cadastrado na central de regulação aguardando a liberação de leito especializado. O Ophir Loyola foi procurado mas não se manifestou até o fechamento desta edição.

Fonte: Diário do Pará

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