Agricultores de Santarém e Placas denunciam descaso do Incra

Antônio e Francisco
Antônio e Francisco

Representantes de comunidades rurais localizadas no entorno da BR-163, nos municípios de Placas e Santarém, no Oeste do Pará, procuraram a redação do Jornal “O Impacto” para denunciar a falta de compromisso da Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) com o povo daquela região.

Segundo os agricultores, a barragem onde fica a micro central hidrelétrica, no Projeto de Assentamento (PA) Mojú I e II, que atendia as necessidades dos colonos sofreu alguns danos após a instalação na gestão da ex-prefeita Maria do Carmo Martins Lima (PT), porém, até o momento não recebeu nenhum tipo de reparo por parte da Superintendência do Incra.

Por causa do problema, de acordo com os colonos, mais de 130 famílias sofrem com a falta de energia elétrica nas suas residências e na irrigação da lavoura, assim como o abastecimento de água que ficou comprometido em dezenas de comunidades atendidas pelo Projeto de Assentamento.

O presidente da Associação de Moradores do PA Mojú I e II, Antonio da Silva, afirma que as famílias vivem sem energia elétrica há cerca de 07 meses e, que já procuraram o Incra várias vezes, onde fizeram diversas manifestações, mas até o momento não foram atendidos.

Por outro lado, o superintendente do Incra, Luiz Bacelar, em entrevista a imprensa de Santarém revelou que quando foi construída a barragem não houve um projeto de impacto ambiental e que a micro central hidrelétrica foi feita de forma irregular pela Prefeitura de Santarém.

QUESTIONAMENTO: O agricultor Antônio da Silva quer saber a quem cabe fazer os reparos na micro central hidrelétrica que é para a comunidade poder cobrar. Ele garante que o dinheiro saiu de dentro do Incra, por conta do superintendente, em reuniões anteriores, ter garantido aos colonos que havia a quantia de R$ 60 mil, do Governo Federal, que seria usada na manutenção da central hidrelétrica do PA Mojú I e II.

“Não podemos ficar nessa pendência, porque temos projetos de irrigação por um banco. Recebemos R$ 21,3 mil e não temos como quitar a dívida porque ficamos sem o projeto de irrigação da lavoura. Sem energia não tem produção, porque nem todo mundo tem condições de comprar um motor de luz. Quem tem motor não pode arcar com as despesas do óleo”, ressalta ou Antonio da Silva

NEGOCIAÇÃO: Antônio diz, ainda, que os colonos já haviam feito a negociação com uma empresa para consertar a central de energia, mas na hora da liberação do dinheiro, não receberam nada. “Queremos uma explicação, porque não podemos ficar endividados, por conta da irresponsabilidade do órgão federal”, afirma Antônio, revelando que além da falta de energia existem outros problemas nos assentamentos.

“O principal problema é a falta de água potável e de energia. Tem também ramais intrafegáveis, falta de titulação da terra, onde moramos há 10 anos no assentamento e não temos a posse definitiva”, denuncia.

DESCASO: De acordo com o presidente da Comunidade de Estrela da Bica, Francisco Fernandes da Costa, centenas de pessoas estão sendo atingidas com a falta de energia elétrica. “Viemos aqui várias vezes e tivemos diversos encontros com as autoridades de Santarém, juntamente com o superintendente do Incra, o Bacelar. Infelizmente não estão nos ouvindo”, denuncia Francisco.

Segundo ele, o que os colonos estão reivindicando é apenas os seus direitos de trabalhar de forma digna, mas que até o momento os problemas não foram solucionados. Ele exemplifica a escola da comunidade, que parou porque a merenda não está chegando mais com qualidade, devido a falta de energia.

“O governo manda somente enlatados para os estudantes. O micro sistema de abastecimento de energia da comunidade parou e está todo mundo sofrendo em conjunto. Queremos que o Incra dê uma solução e amenize um pouco o sofrimento do povo que está lá dentro”, reivindica.

Francisco afirma que foi aplicado muito dinheiro na comunidade, mas como não foi dado continuidade nos projetos por parte do Incra, hoje os agricultores estão com um prejuízo de mais de R$ 1 milhão. “Teve assentado que fez empréstimo e não tem mais como quitar a divida por causa da falta de energia elétrica”, reforça.

Fonte: RG 15/O Impacto

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