Luiz Fernandes: “Perícia da morte de médico não tem consistência técnica”
Às vésperas de completar 69 anos de idade, no dia 07 de novembro próximo, e 33 anos de atuação como perito criminal, na região Oeste do Pará, pelo Centro de Perícias Científicas Renato Chaves (CPC), o bioquímico Luiz Fernandes de Oliveira destaca que após ter participação direta na conclusão da investigação de vários crimes, alguns precisam ser elucidados. Ele acredita que a morte do médico Lindemberg Alves, no ano de 2010, ainda tem muitos fatos a serem revelados. Luiz Fernandes revela que somente uma “Reprodução Simulada de Fatos” irá desvendar as causas da morte do médico, que segundo ele, não foi suicídio. O médico-cardiologista Lindemberg Luiz Caldas da Silva, de 44 anos, morreu por volta das 15h30 do dia 21 de dezembro de 2010, após cair do 15º andar do Residencial Casagrande, localizado na Avenida Anysio Chaves, no bairro Aeroporto Velho, em Santarém, Oeste do Pará. Veja a entrevista na íntegra:
Jornal O Impacto: Qual a sua formação acadêmica?
Luiz Fernandes: Tenho curso superior. Sou formado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), no curso de Biomedicina em Farmaceutico-Bioquímico, no ano de 1974. Fui contratado pelo Instituto Médico Legal (IML), para exercer pericia criminal. Fui concursado em outubro de 1981 e tomei posse em primeiro de janeiro de 1982, como perito criminal.
Jornal O impacto: Após entrar no serviço público, o senhor se consolidou na profissão? O senhor também pensa em pedir a aposentadoria?
Luiz Fernandes: Sem sombra de dúvidas! Em 01 de fevereiro de 2014 estarei completando 33 anos de serviços periciais e, já tenho incorporado no meu prontuário funcional o acréscimo de 01 ano de serviço militar, que foi no Tiro de Guerra 190, em 1964 e 01 ano de licença prêmio em 1994. Logo, completarei 35 anos e, em 07 de novembro de 2014 estarei com 70 anos de idade. Minha aposentadoria será requerida a partir de agosto de 2014.
Jornal O Impacto: Além de trabalhar na pericia de vários crimes, o senhor também atuou em outros ramos da profissão de bioquímico?
Luiz Fernandes: São milhares de exames periciais, como perícias externas e internas, na qualidade de bioquímico com 32 anos de exercício em análises clínicas, laboratório de patologia clínica. Também realizei exames laboratoriais.
Jornal O Impacto: O caso da morte do médico Lindemberg, no ano de 2010, ainda precisa ser esclarecido?
Luiz Fernandes: O caso da morte, por precipitação, do médico cardiologista Lindemberg Luiz Caldas da Silva, em 21 de dezembro de 2010, no residencial Casagrande, abalou a sociedade e deixou muitas interrogações. Foi um fato que um dia será esclarecido pela Justiça, sem dúvida pela realização de uma “Reprodução Simulada de Fatos”.
Jornal O Impacto: O senhor pode falar sobre o exame pericial que começou a ser realizado minutos após a morte do médico?
Luiz Fernandes: Claro que posso falar sobre o exame pericial técnico realizado no local do fato. Vou reafirmar que as reportagens feitas em 04 de maio de 2012, na edição nº 884 do Jornal “O Impacto” e, em 17 de agosto de 2012, na edição 899, foram relatadas por mim, na época.
Jornal O impacto: Mesmo tendo passado todo esse tempo, onde pouca coisa foi esclarecida, o senhor ainda acredita na Justiça?
Luiz Fernandes: Passado todo esse tempo continuo acreditando na “justiça do homem” e na de “justiça de Deus”, que tarda, mas não falha!
Jornal O Impacto: Antes de se aposentar, o senhor pretende acompanhar o caso da morte do médico, até que de fato seja esclarecido pela Justiça?
Luiz Fernandes: Eu como sempre procurei no meu trabalho pericial descobrir a verdade real dos fatos, procurando os vestígios, sinais, marcas, indícios ou evidências deixados no local do crime e, interpretá-los com experiência e conhecimento da causa, fornecendo um laudo pericial claro, conciso e pertinente rumo a execução penal, para que o Juiz ou Juíza possam fazer juízo correto e, aplicar a justiça que é de seu mister. Por isso, ainda acredito que a morte do médico será elucidada e esclarecida pela Justiça.
Jornal O Impacto: O que de fato aconteceu durante a perícia feita no local, onde o corpo do médico estava?
Luiz Fernandes: A perícia era minha, mas dois peritos me acompanharam a convite da… mas, o laudo fornecido à Justiça não teve o meu aval e não foi assinado por mim. E, na conclusão não tem consistência técnica para afirmar que foi um “suicídio”.
Jornal O Impacto: A família do médico tem o direito de saber a verdade da causa de sua morte?
Luiz Fernandes: A família tem todo o direito de saber a verdade. Acredito que a mãe dele, Dona Dulce e seu irmão Luiz Lindemberg, recorreram a Justiça requerendo a feitura da “Reprodução Simulada de Fatos”.
Jornal O Impacto: Caso ocorra a “Reprodução Simulada de Fatos” o senhor deve participar:
Luiz Fernandes: Acredito que como realizador da perícia e conhecedor dos detalhes observados e coletados no local, devo participar da equipe de peritos. Se ocorrer após minha aposentadoria, desde já fico à disposição da família da vítima ou da Justiça para ser um “Assistente Técnico”.
Fonte: RG 15/O Impacto