Polícia Federal apura denúncia contra assessores da Fazenda
A Polícia Federal abriu procedimento de investigação contra o chefe de gabinete do Ministério da Fazenda, Marcelo Fiche, e seu substituto, Humberto Alencar, a pedido do próprio ministro Guido Mantega, diante de acusações de pagamento de propina por uma empresa mineira que ganhou um contrato para prestar serviços de assessoria de imprensa à pasta. O caso foi revelado pela revista Época, que divulgou em seu site, nestaquinta-feira, 14, reportagem indicando que a Partners teria pago R$ 60 mil em espécie a Fiche e Alencar.
Provocado pela revista, Mantega enviou ofício ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, solicitando apuração do caso. Acionou também, segundo sua assessoria de imprensa, a Corregedoria do Ministério da Fazenda para elucidação da história. Segundo a assessoria de Mantega, Cardozo encaminhou pedido ao diretor-geral da PF, Leandro Daiello, que determinou a abertura do procedimento. Fiche e Alencar permanecem nos cargos.
Segundo a reportagem divulgada por Época, Anne Paiva, que trabalhava como secretária da Partners em Brasília, forneceu à revista cópias de conversas suas com Vivaldo Ramos, diretor financeiro da empresa. Nos contatos, Ramos pede que Anne saque valores entre R$ 15 mil e R$ 20 mil depositados em sua conta e entregue a Fiche e Alencar em seus gabinetes, na sede do Ministério da Fazenda, em Brasília.
O dinheiro viria dos pagamentos mensais feitos pela pasta à empresa pela prestação de serviço. A Partners contrata jornalistas que atuam na Fazenda atendendo solicitações da imprensa e preparando entrevistas coletivas do ministro, entre outras funções.
O Estado procurou a Partners na noite desta quinta, mas a ligação para o telefone indicado na página da empresa na internet informava que o número não existia. Até a conclusão desta edição, a empresa não havia respondido ao pedido por informações deixado pela reportagem no formulário “Fale Conosco”.
Fantasmas. A Partners assinou com o Ministério da Fazenda no ano passado um contrato de R$ 4,4 milhões anuais para assessoria de imprensa, tendo renovado o mesmo este ano diante do interesse da pasta.
O contrato é assinado por Fiche e Alencar, que atua como fiscal do negócio. De acordo com a reportagem de Época, no entanto, dos 21 profissionais cujos serviços eram remunerados pelo contrato com a Fazenda, 11 jornalistas davam expediente em outros locais, como na sede da Partners, na Cemig e na Comissão de Valores Mobiliários, no Rio de Janeiro.
Negação. Fiche e Alencar negaram, em entrevistas à revista, que tenham recebido dinheiro da empresa. Da mesma maneira, o diretor financeiro, Vivaldo Ramos, e o sócio e diretor executivo da empresa, Dino Sávio, negaram que o dinheiro depositado na conta da secretária tenha servido para abastecer os assessores do ministro com propina. Segundo a versão deles, os recursos visavam custear outras despesas relacionadas ao contrato, como o custeio de viagens.
Fonte: Estadão