NSA espionou Israel, UE, Alemanha e empresas francesas, diz mídia
Os jornais “The New York Times” e “The Guardian” e a revista “Der Spiegel” informaram nesta sexta-feira que o governos de Israel e da Alemanha, um alto funcionário da União Europeia, duas empresas francesas e um grupo de ONGs foram alvos da espionagem da Agência de Segurança Nacional americana (NSA, em inglês).
Em mais uma série de vazamentos de dados feito pelo ex-prestador de serviços da agência Edward Snowden, as publicações afirmam que a NSA e o britânico Quartel-General de Comunicações do Governo (GCHQ) interceptaram as comunicações telefônicas e de internet em mais de 60 países entre 2008 e 2011.
Dentre eles, estão diversos chefes de Estado e de governo, incluindo o gabinete israelense, um dos principais aliados americanos. Segundo os documentos, comunicações do então primeiro-ministro Ehud Olmert foram alvo da espionagem em janeiro de 2009. No mês seguinte, foi a vez do então titular da Defesa Ehud Barak.
Na época, a relação com os americanos era tensa devido aos rumores de uma ação militar israelense contra o Irã, embora os dois países cooperassem no plano de ataques cibernéticos para frear o enriquecimento de urânio de Teerã.
ALEMANHA
Ao mesmo tempo, os aliados britânicos usaram a comunicação por satélite para espiar prédios do governo alemão e as comunicações com Geórgia e Turquia. A embaixada germânica em Ruanda também foi um dos alvos.
Os novos detalhes devem aumentar a crise diplomática entre Berlim e Washington, iniciada após ser revelado que a NSA interceptou o celular da chanceler Angela Merkel. A irritação da chefe de governo foi motivo para que a Alemanha apoiasse uma resolução da ONU feita pelo Brasil contra a espionagem americana.
O texto, aprovado na quarta (18), foi proposto após a presidente Dilma Rousseff defender uma governança da ONU sobre o tema na Assembleia-Geral, em setembro. Assim como Merkel, Dilma foi espiada e, devido a isso, suspendeu uma visita de Estado a Washington, que deveria ter acontecido em outubro.
EUROPA
Na França, duas empresas ficaram na mira da NSA –a petroleira Total e a Thales, de logística, eletrônicos e transportes. Este é o primeiro caso de empresas europeias na lista do monitoramento americano. Em agosto, outros documentos mostraram que a Petrobras havia sido espiada.
Além dos países, o vice-presidente da Comissão Europeia, Joaquín Almunia, teve comunicações interceptadas entre 2008 e 2010, quando estudava ações antitruste. Na época, eram julgados os casos das americanas Microsoft, Intel e Google, acusadas de competição desleal.
Em relação ao Google, Almunia ameaçou multar a empresa se não houvesse cooperação para reduzir o uso de conteúdos de busca em sua página sem permissão. Ao “The New York Times”, o espanhol afirmou estar “profundamente irritado” por ter sido espionado.
ENTIDADES
De acordo com os documentos obtidos por Snowden, missões das ONU, como a Unicef e o Instituto para a Pesquisa de Desarmamento, foram listados como alvos, assim como ONGs como a Médecins du Monde, que atua em áreas de conflito.
O diretor-executivo da entidade, Leigh Daynes, se disse “chocado e surpreso” com a interceptação. “Não há absolutamente nenhuma razão para que nossas operações sejam monitoradas secretamente. Como outros atores humanitários, nós aderimos aos princípios de independência, neutralidade e imparcialidade”.
Questionada pelo “New York Times”, a NSA afirmou que está revisando as ações coordenadas com seus aliados. Já a GCHQ se negou a comentar as operações de inteligência e disse que “atua seriamente conforme a lei”.
Fonte: Folha de S. Paulo