Terminal Hidroviário de Oriximiná vira elefante branco
Seis anos depois da inauguração, o Terminal Hidroviário de Oriximiná, Oeste do Pará, virou motivo de reclamação dos moradores. Quem precisa sair ou chegar à Oriximiná através do Terminal Hidroviário tem dificuldade de locomoção devido ao não funcionamento do logradouro público.
O prédio foi entregue na gestão da ex-governadora Ana Julia Carepa e ex-prefeito Argemiro Diniz, no ano de 2008, mas nunca funcionou. As balsas que deveriam possibilitar o fluxo de passageiros das embarcações até o terminal não foram instaladas como previa no projeto inicial que copiava a idéia dos terminais de Parintins e Itacoatiara no Amazonas.
Quem precisa viajar, enfrenta muitas dificuldades ao subir em escadas ou pontes. Em muitos casos de transferências de doentes e idosos, os profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) contam com o apoio de estivadores e até de passageiros para chegarem às embarcações.
O prefeito Luiz Gonzaga Viana foi procurado pra esclarecer informações sobre a possível utilização do logradouro publico, mas até o momento não foi encontrado para comentar o assunto.
INAUGURAÇÃO: No ano de 2008, a então governadora do Pará, Ana Júlia Carepa inaugurou o Terminal Hidroviário “Raimundo Tavares Gomes”, de Oriximiná, e anunciou a sua adequação para que operasse durante o ano inteiro e não apenas por seis meses, como acontecia na época.
Construído por meio do programa “Pará Urbe”, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o terminal fica em um ponto do rio Trombetas onde só é possível atracar as embarcações no período da cheia, quando as águas do rio sobem.
Para a adequação do terminal, Ana Júlia garantiu na época, que conseguiu alocar junto ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) recursos que, somados à contrapartida do Estado e do município, permitiriam a correção do erro do projeto. Na época, o então diretor de Infraestrutura Aquaviária do DNIT, Flávio Acatauassú anunciou que técnicos do DNIT estariam em Oriximiná para fazer as sondagens e definir a alocação da obra complementar.
Acatauassú confirmou que o convênio seria assinado ainda em 2008, já que parte dos recursos seria liberado no referido ano e o restante em 2009, quando a obra seria entregue. Segundo Acatauassú, a solução provável seria a construção de uma rampa elevada até a margem do rio, interligada a um flutuante que acompanharia o nível das águas, possibilitando a atracação dos barcos durante todo o ano. Essa mesma solução foi implantada nos portos de Manaus, Nahumundá e Manicoré, no Amazonas.
Também na época, a então secretária de Desenvolvimento Urbano (Sedurb), Suely Oliveira, contou que quando Ana Júlia assumiu o governo o terminal estava com 40% das obras executadas. As obras estavam paralisadas por atraso no pagamento dos serviços medidos. Uma visita ao local, segundo Suely Oliveira, constatou o erro de projeto, já que o terminal só poderia operar seis meses por ano, em uma região onde as estradas são os rios.
Mesmo assim o governo decidiu concluir a obra e saiu em busca de uma solução. Suely Oliveira falou que o prefeito na época Argemino Diniz cobrava a complementação do terminal que, segundo ele, havia sido prometida informalmente pelo governo anterior.
Em reunião com Argemiro Diniz, Suely Oliveira se comprometeu em buscar uma solução para o problema, já que a complementação custaria pelo menos três vezes o valor original da obra. A governadora buscou então apoio e conseguiu parte dos recursos junto ao DNIT.
O Terminal Hidroviário de Oriximiná possui 760 m2 de área construída e custou R$ 1.254 milhão. Possui sala para atendimento médico, guarda-volumes, espaços para lojas, revistarias e caixas eletrônicos e uma plataforma para portadores de deficiência física. Passados seis anos, mesmo tendo sido inaugurado, o Terminal Hidroviário de Oriximiná não contemplou os serviços esperados pela população daquele Município. Hoje, os moradores de Oriximiná cobram do atual governador Simão de Oliveira Jatene (PSDB) a conclusão das obras do terminal.
Fonte: RG 15/O Impacto
