PF desmonta esquema que abastecia restaurantes com tartarugas

Os quelônios eram capturados no rio Branco, em Caracaraí
Os quelônios eram capturados no rio Branco, em Caracaraí

Cinco pessoas foram presas na sexta-feira (8), em Manaus, em operação da Polícia Federal que desarticulou uma rede de transporte e comércio ilegal de tartarugas e tracajás, em Roraima e no Amazonas.

Os quelônios eram capturados no rio Branco, em Caracaraí (RR), e levados até Boa Vista e Manaus. Espécies mais raras eram vendidas ao consumidor final por até R$ 600 em três restaurantes de alto padrão da capital do Amazonas – a PF não divulgou os nomes dos locais.

A carne da tartaruga é considerada uma iguaria na culinária da Amazônia, mas seu comércio legal é limitado a locais autorizados pelo Ibama, por meio de criadouros.

A reportagem questionou a Abrasel-AM (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Amazonas) sobre quais são os locais autorizados a vender a carne de tartaruga em Manaus, mas não havia obtido resposta até às 19h.

Segundo a polícia, o esquema movimenta até R$ 1 milhão por semana. “A tartaruga é trazida a grandes restaurantes de Manaus e comercializada como se fosse carne regular, autorizada”, disse o delegado Alan Robson, da PF em Roraima.

Ao todo, foram expedidos 11 mandados de prisão (nove em Manaus), 44 de busca e apreensão e 22 de condução coercitiva nas duas capitais e em Caracaraí. Três das cinco prisões cumpridas foram feitas em flagrante. A polícia não soube precisar o volume de tartarugas e de carne apreendidas.

As investigações da operação, batizada Podocnemis (parte do nome científico da Tartaruga-da-Amazônia), começaram há dois anos. A polícia identificou participação de pescadores, transportadores, comerciantes e empresários na rede clandestina. O transporte costumava ser feito por rios, de madrugada.

Segundo a polícia, foram encontrados grandes depósitos abarrotados de tartarugas à espera do momento ideal para transporte e venda. “Para atingir o peso aceitável para consumo, a tartaruga leva de seis a 30 anos. Por isso, eles dão preferência pelo produto ilegal, que já chega pronto para o abate. Economicamente, é mais viável”, diz o delegado.

As maiores, de dois palmos e meio, como são medidas, chegavam a custar R$ 600. Nessa versão do prato, a carne é misturada a uma farofa e servida dentro do próprio casco da tartaruga.

No cardápio, há duas espécies ameaçadas: a Tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa) e o Tracajá (Podocnemis unifilis), que têm maior valor de procura. Houve flagrantes de venda ilegal da carne em restaurantes, açougues e feiras.

Os envolvidos serão indiciados sob suspeita de crime ambiental, receptação qualificada, lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha. Os animais apreendidos foram encaminhados ao Ibama.

Fonte: Folhapress

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