Campanha política gera renda para famílias carentes
A chance de ganhar um dinheiro extra para pagar as contas e ajudar no sustento da família ganhou um novo impulso com a campanha política deste ano, em Santarém, Oeste do Pará. Quem trafega pelas ruas da cidade observa centenas de pessoas uniformizadas com as cores dos partidos que estão na disputa eleitoral, balançando bandeiras nas esquinas das principais avenidas.
Em conversa com nossa reportagem, algumas mulheres e homens que trabalham para partidos políticos, relataram que não recebem vale alimentação, para trabalhar oito horas por dia. Eles contaram que o único benefício que recebem é o vale transporte. Uma mulher afirmou que sai de sua casa para ir até a sede do partido ao qual trabalha, por volta de 7 horas da manhã, de segunda a sábado, onde recebe orientação do local que será feita a propaganda.
Para obter uma renda maior, elas se submetem a sair de suas casas, de segunda a sábado, das 7 às 12 horas e das 14 às 18 horas, onde muitas vezes ficam em ambientes propício ao sol, sem nenhuma proteção, além de ter que cumprir horário, por conta de fiscais averiguarem se as servidoras dos partidos, estão mesmo no local onde foram destinadas.
Ainda, segundo a mulher, quando chega sábado cada funcionário do partido recebe o equivalente de R$ 150 e, que ao final da campanha o valor recebido será de R$ 600. Para ela, é um meio de garantir que sua família terá como comprar uma cesta básica e pagar contas, como água e energia.
Para algumas mulheres, a campanha política é uma segunda opção para obter uma renda maior, por oferecer um trabalho de dois períodos. Elas garantem que é sempre bom poder ter uma renda a mais, pelo motivo que hoje em dia tudo ser mais caro.
Outras formas de trabalho também são vistas na cidade, como através de carros volantes com propaganda dos políticos, ciclistas que pedalam com as bandeiras dos partidos, além de pessoas andando distribuindo panfletos, conhecidos como ‘Santinhos’.
De acordo com um economista, são seres humanos humildes, que não tem como se profissionalizar para conseguir um trabalho com maior possibilidade de ganho e, quando chega a época de campanha eleitoral sempre são bem vistos, pelo fato de que assim, terão um outro meio de garantir o sustento de suas famílias. “Todo trabalho é digno, não importa se é um catador de lixo ou um empresário bem sucedido!”, disse o economista.
CABO ELEITORAL: Com o descolamento cada vez maior entre representantes e representados, evidenciado nas manifestações de junho do ano passado, o papel da militância paga nas campanhas é fundamental. Excetuando alguns poucos partidos que ainda contam com militantes voluntários, os candidatos são apresentados aos eleitores nas ruas por pessoas que, muitas vezes, sequer conhecem suas propostas. Em comum, essa militância assalariada informal tem a situação de desemprego antes das eleições, a baixa escolaridade e a experiência com o trabalho no período eleitoral.
Apesar de representar um alívio financeiro para quem está desempregado, o trabalho como cabo eleitoral pode ser difícil. Entre os que cuidam dos cavaletes com fotos e números dos candidatos, a remuneração média é de R$ 200 por semana, sem benefício de alimentação ou transporte — uma quantia que pode se reduzir praticamente à metade, uma vez que os locais de divulgação não costumam ser próximos às residências dos cabos eleitorais. Como o trabalho não demanda comunicação com o público, os partidos alocam as pessoas com menor escolaridade nessa função.
Por: Sabrine Dalazen (estagiária)
Fonte: RG 15/O Impacto