Cientista pede ‘esforço de guerra’ para salvar a Amazônia

Vista de área devastada
Vista de área devastada

Reduzir o desmatamento a zero deixou de ser o suficiente para salvar a Amazônia: é preciso fazer um “esforço de guerra” que implique o fim do corte de árvores e também o replantio para recuperar grandes áreas devastadas.

O renomado pesquisador brasileiro Antonio Donato Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), lançou este alerta no informe “O Futuro Climático da Amazônia”, baseado em 200 estudos e artigos científicos sobre o tema.

PERGUNTA: Qual é o objetivo deste relatório?  

RESPOSTA: “A mensagem mais importante é que valorizemos a floresta. O clima se ressente a cada árvore que tiramos da Amazônia. As mudanças climáticas não são mais uma previsão científica, mas uma realidade. Não temos mais tempo, o desastre está em curso. Não sei a que ponto sem retorno nós chegamos. Nos últimos 40 anos, destruímos 763.000 km2 de floresta (duas vezes a superfície da Alemanha); são 2.000 árvores por minuto. Isso corresponde a uma estrada de 2 km de largura da Terra à Lua.

Temos que nos unir em um ‘esforço de guerra’, como fizeram os aliados durante a Segunda Guerra Mundial. O desmatamento zero não é mais suficiente, é preciso replantar a floresta, reconstruir os ecossistemas em zonas degradadas.

Não só a Amazônia está em jogo, estamos falando das florestas do Congo, da Sibéria… É necessário que os governos do mundo, os empresários e as elites se juntem como fizeram na crise de 2008: em 15 dias encontraram bilhões de dólares para salvar o sistema bancário. É preciso fazer o mesmo para evitar o abismo climático e salvar a humanidade e isto não seria tão caro”.

PERGUNTA: O que este estudo traz de novo? 

RESPOSTA: “É um trabalho inovador porque revela os segredos que tornam a Amazônia um sistema único no planeta: exporta umidade, através de ‘rios voadores de vapor’ d’água, que são correntes de umidade que esta massa de árvores põe na atmosfera, levando chuvas para o sudeste, o centro-oeste e o sul do Brasil, e também para outras regiões de Bolívia, Paraguai, Argentina, a milhares de quilômetros. O problema é que estamos destruindo a fonte destes ‘rios voadores’.

Sem os serviços da selva, estas regiões produtivas poderiam ter um clima quase desértico. As árvores amazônicas chegam a jogar na atmosfera o equivalente a 20 bilhões de toneladas de água por dia, mais do que o rio Amazonas lança no Oceano Atlântico a cada dia (17 bilhões de toneladas). É como uma bomba que manda água para outras regiões. É por isso que não há deserto nem furacões ao leste dos Andes. Há grandes provas de que a crise climática está vinculada ao desmatamento da Amazônia.

A seca excepcional que vive a região sudeste do Brasil, especialmente São Paulo, já pode ser o resultado da destruição da Amazônia”.

PERGUNTA: Esse grande esforço poderia aportar os resultados esperados?

RESPOSTA: “O desmatamento zero deveria ter começado ontem. O governo brasileiro fez um trabalho magnífico entre 2004 e 2012, quando conseguiu reduzir o desmatamento de 27.000 km2 ao ano para 4.000 km2. Mas o novo Código Florestal, que anistiou aqueles que desmatavam, enviou um sinal de impunidade e tudo recomeçou.

Se reagimos, temos a capacidade de nos recuperar, embora o resultado não esteja garantido porque existem mudanças climáticas mundiais. De qualquer forma, reconstruir os ecossistemas é a melhor solução”.

A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e se estende por 6,9 milhões de km2 entre Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Suriname, Venezuela, Guiana e Guiana Francesa. Sessenta por cento da selva ficam em território brasileiro.

Fonte: MSN

Um comentário em “Cientista pede ‘esforço de guerra’ para salvar a Amazônia

  • 5 de novembro de 2014 em 11:21
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    Realmente …. precisamos nos preocupar mais com esse tema, e vamos começar com nossa própria conscientização, ou seja, será que esse cidadão (profeta da catástrofe) esta fazendo sua parte? tem deixado de queimar combustível fóssil que ajudam no aquecimento, tem usado outras formas de energia, que não seja proveniente desses combustíveis. Essa foto de capa da matéria não dá nem um 15 x 30 para ser chamado de área devastada, a devastação realmente está nas chamadas áreas federais como assentamentos, reservas, e é claro nas cidades, em nosso estado não ha grandes desmates como vemos em outros estados, como exemplo Mato Grosso, São Paulo esta imputando uma culpa apenas a nós da região amazônica pela falta de água deles, mas acontece que lá devastaram tudo e continuam devastando, as margens de seus rios não ha quase nada de vegetação, invadiram as nascentes e aterraram tudo, como é que não vai secar?

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