Extrativistas da Flona e da Resex Tapajós-Arapiuns acampam na sede do ICMbio
Uma vídeo conferência realizada por volta de 10h, de quinta-feira, 26, pôs fim a ocupação de dezenas de extrativistas da Floresta Nacional do Tapajós (Flona) e da Reserva Extrativista Tapajós-Arapinuns (Resex), na sede do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), anexo ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na Avenida Tapajós, em Santarém, Oeste do Pará.
Desde as primeiras horas da manhã de terça-feira, 25, os manifestantes ocuparam a sede do órgão, onde entregaram suas demandas à gerência local, no Município. Eles reivindicaram a revisão e a aprovação dos planos de manejo dentro das comunidades, das duas unidades de conservação ambiental.
Faixas expondo as necessidades de aprovação dos planos de manejo foram colocadas no muro do prédio do ICMBio, pedindo melhorias dentro das unidades de conservação. Um delas expôs a seguinte frase: “O desenvolvimento sustentável depende do cumprimento da legislação. Plano de manejo já!”, disse a faixa.
O líder comunitário da Resex, Raimundo Gamboa, afirma que os moradores precisam de melhores condições de qualidade de vida. “Educação, saúde, saneamento praticamente tudo, porque hoje o que existe na Resex é muito pouco em relação aquilo que precisamos”, explicou.
Na Flona, há necessidade de espaço para desenvolver as atividades voltadas à extração da madeira de forma legal. Os representantes das unidades de conservação informaram que foram até Brasília para pedir apoio junto ao Ministério do Meio Ambiente. “Reivindicamos serraria dentro desse novo plano, agroindústria, criação de peixes e movelarias. Queremos que isso saia nessa revisão de plano de manejo”, destacou o extrativista Sérgio Pimentel.
O chefe da Flona no ICMBio, Fábio Carvalho, garante que as reivindicações tem fundamento. “É um processo administrativo que em geral é demorado, porque há necessidade de estudo científico. Tudo o que eles pediram é viável e boa parte a própria gestão da unidade de conservação tem batalhado para alcançar”, declarou.
Para Fábio, a manifestação dos comunitários foi pacífica e justa e, que o órgão local já comunicou à Brasília, que acenou de forma positiva para o movimento, colocando a revisão do Plano de Manejo da Floresta Nacional do Tapajós, em caráter prioritário.
Segundo o vice-presidente da Organização das Associações da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, Dinael Cardoso, os comunitários decidiram permanecer no local, até que uma comissão de moradores da Flona e da Resex, fosse recebida pelo presidente do ICMBio, em Brasília. “O movimento disse: Nós vamos permanecer até que nossa equipe, que foi para Brasília, fosse recebida pelo presidente do ICMBio, Roberto Ricardo Vizentin, para que recebesse das mãos dele nossas reivindicações”, declarou.
De acordo com o presidente da Comflona, Raimundo Jean Feitosa, hoje cerca de 750 famílias moram dentro da área da Flona, onde precisam dos planos de manejo, os quais devem passar por uma revisão e uma readequação a cada cinco anos.
“Inclusive, a nossa luta é a readequação do novo plano de manejo dentro da Unidade, para que a gente poder se adequar a algumas coisas que precisam dentro da Flona, para que todos nós como população tradicional, possamos usufruir desse recurso que a floresta nos oferece. Os entraves para a liberação estão relacionados a questão do próprio Governo Federal e não do ICMBio local”, afirmou.
MOVIMENTO: O movimento Social dos Extrativistas foi organizado pela Federação das Organizações e Comunidades Tradicionais da Floresta Nacional do Tapajós, em conjunto com a Organização das Associações da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, com apoio do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém (STTR) e do Conselho Indígena de Belterra.
O movimento recebeu a solidariedade de várias autoridades locais, entre eles, as vereadoras Ana Elvira Alho (PT) e Ivete Bastos (PT), que estiveram na sede do ICMBio na tarde de terça-feira. Durante a vídeo conferância na manhã de quinta-feira, o ICMBio de Brasília atendeu as reivindicações dos comunitários e prometeu priorizar a revisão do plano de manejo da Flona Tapajos e da Resex. O presidente do ICMBio de Brasília, Roberto Ricardo Vizentin, afirmou que colocou recurso disponível para que o Insituto Chico Mendes em Santarém possa iniciar a implantação do plano de manejo, não somente o madeireiro, mas de todo a cadeia extrativista da Flona e da Resex.
Ainda durante a vídeo conferência foi assinado um documento entre as lideranças comunitárias da Flona e da Resex e os representantes do ICMBio, para que os planos de manejo sejam liberados em tempo hábil para os moradores dessas regiões.
Por: Manoel Cardoso