Peixe Boi encontrado por moradores da comunidade de Igarapé-Açu
Populares encontraram um Peixe Boi encalhado às margens de um riozinho, na Comunidade de Igarapé-Açu, na zona rural de Santarém, Oeste do Pará. Por conta do problema envolvendo o animal, uma operação de resgate foi realizada por biólogos, na manhã de segunda feira, 08. Biólogos do Jardim Zoológico de Santarém (Zoofit) informaram que o riozinho estava secando e o Peixe Boi encalhou.
Os comunitários entraram em contato com o 4º Grupamento de Bombeiros Militar (GBM), através do Núcleo Integrado de Operações (NIOP), os quais acionaram o Zoofit e, ainda na segunda-feira, o peixe-mulher (fêmea do Peixe Boi) foi resgatado sem nenhum ferimento.
Ao chegar no ZooFit foi realizada a biometria, e o animal foi batizado de “Paludaçu”. Segundo os biólogos, o Peixe Boi tem 1,72 metros de comprimento, pesa cerca de 90 quilos e entrou na fase jovem para adulto.
O Peixe Boi fêmea não mama mais, de acordo com os biólogos, ficará no Zoológico por um período para a realização de alguns exames e depois será devolvida ao seu habitat natural.
A bióloga do ZooFit, Josiane de Andrade relatou que o Peixe Boi não está machucado, o único problema foi o fato de ele ter ficado encalhado no córrego. Ela explica que no Zoofit existem cerca de 21 Peixes boi, onde a grande maioria chega ao Zoológico ainda filhote, por conta de terem sido encontrados encalhados, ou quando as mães são mortas, bem como animais pegos em malhadeiras.
“Nosso trabalho já é conhecido pela comunidade. Então, quando há uma situação dessas, nós somos acionados para fazermos o resgate dos animais. Nessas operações sempre contamos com o apoio Corpo de Bombeiros e do IBAMA. O que a gente recebe mesmo são os casos das comunidades ribeirinhas que acabam achando esses peixes-bois encalhados e ligam para nós”, conta a bióloga Josiane de Andrade.
Segundo ela, o Zoológico ainda não recebeu animais apreendidos por tráfico. “Estamos com 21 Peixes boi no Zoofit. São 11 fêmeas e 10 machos. Alguns que estão aqui são filhotes, entrando na fase juvenil. Temos o mais velho, que é o Bolinha, que tem em media 4 a 5 anos. No Zoofit temos cerca de 500 animais, distribuídos em 70 a 75 espécies. Trabalhamos com aves, mamíferos e répteis. Nós somos o único Centro de Tratamento de Peixe-Boi, aqui no Pará, e somos o centro de referência para eles”, diz Josiane.
QUELÔNIOS: Além de Peixes boi, animais de outras espécies também são recebidos no Zoofit. “Recebemos mais quelônios, como tartarugas e jabutis e, a maioria da apreensão é quando a população fica se alimentando e vendendo. A última apreensão que a SEMMA fez, de tracajás e tartarugas vieram para Zoofit”, revela.
Ela denuncia que muitas pessoas ainda criam em casa jabutis e, como eles se reproduzem, alguns quelônios são entregues no zoológico. “Nesse último mês recebemos 8 jabutis. No mês de outubro realizamos a soltura de 190 jabutis na Flona Tapajós, onde o IBAMA destina o local de soltura desses animais”, disse Josiane, acrescentando que foi feito a soltura de um Gavião Real, com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “Quando não dá para soltar acaba permanecendo no Zoológico, ou serve para pesquisa, ou vai para exposição”, ressalta.
REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO: Um caso recente de reprodução em cativeiro aconteceu no Jardim Zoológico de Santarém. “O caso foi do macaco prego, onde nasceram dois filhotes, por conta de um macho ser poligame. Então, ele tem várias parceiras. Tinha duas fêmeas no mesmo recinto e elas acabaram engravidando e nasceram os dois filhotes, com diferença de uma semana de um para o outro. Eles estão no recinto de exposição. Como eles nasceram em cativeiro, acabam permanecendo aqui”, explicou a bióloga Josiane de Andrade.
Hoje, o Zoofit conta com a parceria da rede de supermercados CR, onde faz a coleta de alimentação para os animais duas vezes ao dia, no período da manhã e tarde. “Selecionamos as melhores frutas, temos também a parceria com a Mineração Rio do Norte, a ALCOA e Biodinâmica. Eles trabalham com a parte de minério então, acabam encontrando alguns animais machucados e mandam para o ZooFit. Em contrapartida, eles dão uma parte em dinheiro, para ajudar manter os animais e o ZooFit, quando é preciso comprar o material extra temos esse recurso”, destaca Josiane.
Na parte do Peixe Boi, existe a parceria com os empresários chineses. “Eles doaram oito piscinas, uma lancha e uma caminhonete e financiam alimentação. Os Peixes boi tomam o leite soy, que custa R$ 22,00 a lata. São quatro latas por dia. Quando são maiores é feito uma mistura com o leite soy e leite ninho. Quando chegam filhotinhos eles não comem capim, eles são herbívoros e temos que dar o leite para eles, por serem mais fracos e não ter problemas digestivos. Conforme vai crescendo, vai começando a comer capim junto com o leite ninho, até o momento que ele para de tomar o leite e fica só no capim. Os Peixes boi ficam submersos de 2 a 3 minutos, para não ressecar a pele. Tem que deixar úmido com água ou óleo”, explica Josiane.
Segundo ela, o período de gestação de um Peixe Boi é de 12 meses. “O animal fica em torno de dois anos sendo amamentado pela mãe, por isso quando ele chega aqui tem que dar o leite até o momento dele parar. Já temos dois Peixes boi desmamados e estão prontos para serem soltos. Estamos fazendo um trabalho para tentar desmamar outros para fazer a realização da soltura no Igarapé do Costa, onde serão montados tanques e redes para fazer a realização da introdução desses animais ao seu habitat. Já trabalhamos com essa comunidade na parte de conscientização, então, eles nos ajudam”, afirma Josiane.
Ela acrescenta que o público que o Zoológico mais recebe são alunos e professores de diferentes escolas de Santarém e região Oeste do Pará. “Nesse segundo semestre, no mês das crianças, estávamos recebendo muitas escolas para visitação. É cobrada uma taxa de entrada de R$ 3,00. O zoológico está aberto ao público para visitação de terça a domingo, das 8h às 17h”, enfatiza a bióloga Josiane.
Por: Sabrine Dalazen (estagiária)
Fonte: RG 15/O Impacto