Teste obrigatório da linguinha só é feito pela rede particular em Santarém
O teste obrigatório da linguinha ainda não está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e é feito apenas pela rede particular em Santarém, Oeste do Pará.
A lei que obriga o exame foi aprovada em junho e passou a vigorar na segunda-feira (22). Foi estipulado prazo de 180 dias para que as prefeituras se adequassem à exigência. O tempo acabou e, até agora, o serviço não está sendo oferecido à população santarena.
David tem 20 dias de nascido. O bebê foi levado ao consultório para realizar o exame, que deveria ter sido feito logo após o nascimento ou em até 72 horas depois. Mas, como nos hospitais e maternidades o serviço gratuito ainda não está disponível, o jeito foi os pais pagarem pelo teste. “Isso é uma pena. Trata-se de saúde pública, então acho que o SUS deveria oferecer para a população. Acredito que muita gente não faz por causa dessa dificuldade de ser particular”, afirmou o autônomo Everton Lima.
A criança foi a única da família a realizar o procedimento. A filha mais velha do casal não fez porque, embora seja um exame importante, a exigência começou a valer este ano.
“Tanto o teste da linguinha quanto o da orelhinha são obrigatórios por lei serem realizados na maternidade antes de o paciente ter alta, que infelizmente não é realizado na cidade. Grande parte da população acaba não tendo acesso aos exames e que são crianças que acabam não tendo nenhum diagnóstico. Acabam sendo feitos diagnósticos tardios com deficiências bem desenvolvidas”, explicou o fonoaudiólogo Michael Sabino.
Até pouco tempo, o exame era desconhecido da maioria das pessoas. “Nunca ouvi falar do teste da língua. Ouvi falar do teste do pezinho, tanto que ela [criança] fez quando tinha sete dias de nascida. Meu sobrinho tem cinco anos e tem a língua presa, não fala direito as palavras. Se ele tivesse feito esse teste da língua, teriam detectado e tratado”, afirmou a dona de casa Marcely Anjos.
O exame é simples: o fonoaudiólogo pode identificar possíveis alterações na membrana que liga a língua ao assoalho da boca para evitar problemas futuros. “Se essa pelezinha que liga a boca à língua não está curta, não está sendo pregada. Se for, é muito simples: no próprio hospital, pode ser feito o cortezinho”, explicou Sabino.
Mas, enquanto o SUS não disponibiliza o serviço em Santarém, os pais têm que pagar uma média de R$ 120 para cada um dos exames.
Em nota, a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) informou que o teste da linguinha será disponibilizado gratuitamente em 2015.
Fonte: RG 15/O Impacto e G1