Governo dá mais três meses para motorista se adequar à exigência do novo extintor de incêndio
Após receberem queixas de motoristas de todo o país, devido à falta de extintores do tipo ABC no mercado, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, em acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), determinou, na noite de segunda-feira (05), que os consumidores terão mais três meses para se adequarem à exigência do equipamento. O adiamento será contado após a publicação de uma nova resolução no Diário Oficial da União, que revogará o prazo anterior, de 1 de janeiro de 2015. Nesse período, ninguém será multado nem terá seu veículo apreendido por essa razão.
Quanto à chegada do produto às lojas, a previsão é abril ou maio, segundo os fabricantes do modelo obrigatório.
Considerado mais seguro, por ser à base de pó, o equipamento é capaz de combater o fogo sólido em materiais como papel, madeira e panos, além de continuar sendo eficiente sobre líquidos inflamáveis e equipamentos elétricos. A exigência consta da Resolução 333 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), de 6 de novembro de 2009.
A falta de extintores do tipo exigido pelo Contran foi constatada numa ronda feita pelo EXTRA, ontem, por telefone, consultando lojas de Bonsucesso, Belford Roxo, São Cristóvão e Nova Iguaçu: nenhum comerciante ouvido tinha o produto disponível. Dono da Tecnofire, em Bonsucesso, na Zona Norte, Sérgio Faria, de 61 anos, recebe cerca de 40 ligações por dia de clientes atrás do extintor ABC:
— Os fabricantes não se prepararam. Estão com dificuldade para produzir e nos dão prazo de entrega de abril ou maio. Estou tentando outras empresas que forneçam o extintor, mas está difícil achar.
O técnico de eletrotécnica Jayme Veloso, de 52 anos, é um dos consumidores que enfrentam a dificuldade para se adequar à norma.
— Comprei o carro em 2009, já com o novo extintor. Mas a validade acabou junto com o prazo para a troca de modelo. Na sexta-feira, fui a três postos de combustíveis e a uma loja de pneus na Tijuca, mas não o encontrei.
Segundo Jayme, um dos comerciantes procurados por ele informou que a falta de extintor já dura uma semana, e a loja não tem previsão de quando vai renovar o estoque. O jeito, diz ele, é esperar.
O consultor de sistemas Renato Silveira, de 31 anos, até conseguiu encontrar um, mas depois de uma longa procura.
— Procurei fisicamente em 12 auto peças e postos de combustíveis: quatro em Realengo, cinco em Bangu e três em Nilópolis. Não encontrei em nenhuma dessas lojas. Chegando em casa, resolvi procurar na internet e liguei para umas cinco lojas especializadas em extintores e só encontrei em um lugar, na Penha. Para garantir a compra, efetuei a transferência no valor de R$120,00 e fui na mesma hora buscar. Chegando lá consegui o meu, mas em minutos acabaram todos.
Prazo de cinco anos para cumprir norma
É importante destacar que a mudança afeta os automóveis com ano/modelo anterior a 2004/2005. Os carros produzidos a partir de 2005 já têm o modelo exigido pela lei, chamado de ABC. O extintor antigo era do tipo BC, que combatia apenas o fogo causado por líquidos inflamáveis e equipamentos elétricos. A procura por extintores também aumentou porque, ao verificar o equipamento, donos de carros perceberam que o item estava fora da data de validade, que é de cinco anos, a partir da data de fabricação.
A Resolução 333 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) tornou obrigatório o uso do extintor da classe ABC a partir de 1º de janeiro deste ano, mas a resolução entrou em vigor em 2009, quando foi fixado o prazo de cinco anos para a adaptação.
Corrida às lojas
A exigência provocou uma corrida às lojas, o que pode ter colaborado para a falta do produto, segundo o Denatran. O órgão ampliou o prazo, mas esclareceu que a falta do extintor no comércio se deve ao fato de os motoristas deixaram para comprar o equipamento obrigatório “na última hora”. No Rio, o preço do modelo exigido, em períodos de baixa procura, gira em torno de R$ 50.
OS FATOS: O QUE DIZ A RESOLUÇÃO
Exigência
O novo modelo de extintor deve ser usado em carros de passeio, utilitários,caminhonetes, caminhões, tratores, micro-ônibus, ônibus e triciclos automotores de cabine fechada.
Multa
Circular sem o extintor será considerado infração grave, com multa de R$ 127,69. Desde 2005, os carros produzidos no Brasil saem de fábrica com o equipamento ABC.
Reboque
Além da multa e de perder cinco pontos na carteira de habilitação, quem for pego sem equipamento obrigatório ou com extintor ineficiente terá o carro rebocado.
Fonte: Extra