Delegado Gilberto: “Polícia precisa da ajuda de outros órgãos para coibir bandidagem”

Homicídios registrados em Santarém com envolvimento de pessoas suspeitas no tráfico de drogas motivaram a Polícia Civil a abrir procedimentos investigativos, para monitorar os principais traficantes da região. Em menos de duas semanas, cinco pessoas foram assassinadas em Santarém, por acerto de contas com envolvimento no tráfico de drogas, segundo a Polícia Civil.
O titular da Superintendência de Polícia Civil do Baixo e Médio Amazonas, delegado Gilberto Aguiar, destaca que a Polícia Civil sempre teve como prioridade o combate ao tráfico de drogas, assim como os demais órgãos de segurança pública. Para ele, essa é uma cobrança feita diretamente à chefia do órgão, onde sempre que é realizada uma reunião em Belém, o combate ao tráfico entra em pauta.
“A gente sabe que boa parte dos crimes que vem ocorrendo não só aqui em Santarém, mas em toda a região, a sua maioria tem relações com o tráfico de drogas. São homicídios e alguns assaltos, que às vezes tem relação direta com o patrocínio do tráfico de drogas”, analisa Gilberto Aguiar.
De acordo com o delegado Gilberto Aguiar, a Superintendência do Baixo Amazonas tem a cautela de orientar toda a equipe de policiais para fazer um trabalho de investigação e de inteligência, para que possa identificar os principais traficantes da região e solicitar as medidas judiciais cabíveis.
“Isso é para que a gente possa não só com mandados de prisão, mas, também, com mandados de busca e apreensão, enfim, toda uma estratégia para tirar de circulação essas pessoas”, diz.
Recentemente, segundo o delegado Gilberto Aguiar, aconteceram alguns homicídios, onde os levantamentos preliminares, dão conta de que teriam relações com acerto de contas de alguns traficantes da cidade.
“Já estamos atentos a isso e as investigações vão continuar. Existe uma equipe de policiais que está à frente dessas investigações. Tão logo o inquérito policial seja concluído, nós iremos divulgar todas as ações que foram feitas, as pessoas que estão envolvidas e fazer um relatório geral das autorias desses fatos delituosos e o que a Polícia tem feito e continua fazendo para combater essas ações em Santarém”, adianta Dr. Gilberto.
PROBLEMA SOCIAL: O tráfico de drogas é um problema que vem preocupando os moradores de vários bairros de Santarém, principalmente após as mortes que aconteceram nos últimos dias e que a Polícia acredita ter ligação com o comércio de entorpecentes.
No sábado, 10, na Travessa 29, no bairro Nova República, William Amaro dos Santos Lisboa, de 32 anos, estava em um bar quando duas pessoas em uma motocicleta passaram atirando contra ele, o qual chegou a ser atingido na cabeça e no tórax e morreu no local. Os disparos atingiram Vanilda Alonso Santos e uma terceira pessoa identificada como Raimundo Sampaio Farias, de 45 anos, que continua internado no Hospital Municipal de Santarém (HMS).
No bairro Nova República, os moradores convivem com a insegurança por causa das mortes que aconteceram no final de semana. “Só Deus mesmo para nós livrar, porque a marginalidade está solta e o governo não está nem aí para a população. Vivemos presos e os bandidos soltos”, disse uma moradora que preferiu não se identificar.
Os moradores da grande área do Santarenzinho também sofrem com situações que indicam que o tráfico só aumenta no local. “Tem os assaltos, os roubos, as mortes, tudo isso é ligado ao tráfico”, comentou uma pessoa que também não quis ser identificada.
Muitas pessoas evitam sair de casa para não sofrer algum de tipo de violência. “A gente não pode mais sair, mesmo de dia”, contou uma moradora.
SAÍDAS TEMPORÁRIAS: Em relação aos detentos que foram beneficiados com a saída temporária de final de ano e que não retornaram ao Centro de Recuperação Agrícola Silvio Hall de Moura (CRASHM), o delegado Gilberto Aguiar ressalta que todo fim de ano acontece a mesma problemática.
Dos 101 internos da Penitenciária de Cucurunã que obtiveram da Justiça o benefício da saída temporária para as festas de final de ano, 11 não retornaram à unidade prisional no prazo definido.
De acordo com a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe), os 11 que não retornaram já são considerados foragidos.
A saída aconteceu nos dias 24 e 25, com retorno nos dias 1º e 2 de janeiro de 2015. A saída temporária é um benefício concedido pela Justiça a presos que cumprem pena no regime semiaberto, apresentam bom comportamento e que já tenham cumprido pelo menos um quarto da pena.
Por conta das saídas temporárias, o delgado Gilberto Aguiar comenta que a Polícia Civil percebe a reincidência das pessoas que não aproveitam a liberdade provisória para passar com suas famílias e voltam a delinqüir.
“Infelizmente, essa é uma forma que própria Legislação traz no bojo de seus arquivos. Essa é uma forma de liberar essas pessoas e, até mesmo, fazer parte da ressocialização. Então, isso acontece e a Polícia tem feito o seu papel. Agora, no final de ano, tivemos algumas pessoas que voltaram a delinqüir na saída temporária, foram devidamente autuadas em flagrante”, afirma o delegado Gilberto.
Ele lembra que houve alguns confrontos com policiais, que vieram a ocasionar a morte de pessoas que estavam envolvidas em assaltos. “Enfim, a gente tem procurado fazer um trabalho junto com os demais órgãos de segurança pública, para que possamos identificar todas as pessoas envolvidas e tirar de circulação”, garante Dr. Gilberto Aguiar.
PREVENÇÃO A CRIMINALIDADE: Para o delegado Gilberto Aguiar, não se pode tratar a diminuição da criminalidade apenas se falando de Polícia, por conta de existirem outros fatores de prevenção, como a questão social e de políticas públicas, nas três esferas do governo.
Segundo ele, os outros órgãos precisam, também, participar de todo esse contesto, para que a Polícia não possa ficar apenas cumprindo com o seu papel, efetuando prisões e investigando e, mesmo assim, a criminalidade continuando crescendo.
“Paralelo a isso, outros órgãos não estão junto com a Polícia fazendo o seu papel. A gente espera que neste ano de 2015, possamos trabalhar conjuntamente em favor da sociedade e de toda a população não só de Santarém, mas da região Oeste, com um único intuito, que é de combater a criminalidade, identificando as autorias delitivas e levando ao conhecimento do Poder Judiciário e do próprio Ministério Público, para que medidas possam ser adotadas, com o objetivo de tirar essas pessoas de circulação”, finalizou o superintendente Gilberto Aguiar.

Fonte: RG 15/O Impacto