Padre Auricélio: “Violência contra a mulher deve ser combatida”
Em Santarém, no Pará e em todo o território nacional estatísticas dos órgãos de segurança mostram o aumento da violência contra a mulher. Nas últimas semanas várias ocorrências de violência doméstica foram registradas na Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher (DEAM) e na 16ª Seccional da Polícia Civil de Santarém, o que levou o padre Auricélio Paulino a pedir que as famílias melhorem o processo de educação em seus lares.
“Primeiramente, precisamos melhorar o nosso processo de educação doméstica e familiar. Deve ter uma educação cada vez mais aguçada, potencializada e oxigenada. Isso vai ajudar os homens a ter consciência de que a mulher é um ser humano como qualquer outro. A mulher é a companheira do homem”, declarou o religioso.
Para o padre Auricélio, violentar a mulher, explorá-la, considerá-la como mercadoria ou através de bate-boca é uma coisa terrível. “A violência contra a mulher nunca mais! A igreja com certeza vai disseminar o amor e a paz entre os casais, em nome de Jesus Cristo. Isso deve ser baseado naquela cena em que Jesus recebia uma mulher com os fariseus querendo apedrejá-la, quando ele disse: ‘Quem não tiver pecado atire a primeira pedra’. Eu faço a pergunta: Homens, vocês não têm pecado? Por que bater nas mulheres? Isso é terrível aos olhos de Deus. Então, o amor, a misericórdia e a paz, isso é importante. Então, abaixo a violência contra as mulheres de qualquer forma e, em qualquer lugar”, disse Padre Auricélio.
Para diminuir a violência doméstica em Santarém, de acordo com ele, é preciso trabalhar a dimensão da consciência masculina de que a mulher deve ser companheira. “Foi por isso que Deus não criou a mulher do calcanhar do pé, que é para que ela não seja pisada pelo homem. Ele criou a mulher de uma costela do homem, que é pra ser companheira e amiga. Enquanto o homem não ver a mulher como amiga e como companheira, sempre vai querer dominá-la e, em muitas ocasiões a violência fala mais alto. Em nome de Deus eu peço muita fé e oração para coibir essa onda de violência dentro dos lares”, exige Padre Auricélio.
No Pará, existem hoje mais de 25 mil processos em andamento por crimes contra mulheres. Os agressores, em geral, estão dentro de casa ou são pessoas próximas e os casos mais comuns são de agressões corporais, ameaças, crimes contra a honra (xingamentos) e perturbações da tranqüilidade (perseguição).
O Pará ocupa a segunda colocação entre os Estados brasileiros com mais casos de violência contra a mulher denunciados pelo Disque 180, o serviço do governo federal de atendimento à mulher. Em 2013, o Pará teve aumento de 6,29% nos números de municípios que ligaram para o Disque 180 em relação a 2012. Foram 130 municípios atendidos pelo serviço, deixando o Estado na quarta posição no ranking de municípios que mais ligaram para o serviço em busca de atendimento. Em 2014, o Estado se manteve no segundo lugar do ranking feito pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República.
LEI DO FEMINICÍDIO: A presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei do Feminicídio na última segunda-feira, 09. O projeto de lei foi aprovado na terça-feira, 03, durante votação na Câmara dos Deputados. O anúncio da sanção foi realizado no domingo, 08, durante discurso da Presidenta em rede nacional por ocasião do Dia Internacional da Mulher. Durante o evento, a presidenta Dilma condenou veementemente o machismo instaurado na sociedade há séculos e lembrou que “15 mulheres são mortas por dia no Brasil. As mortes são pelo simples fato de ser mulher, uma questão de gênero”.
O assassinato de mulheres pela condição de serem mulheres é chamado de “feminicídio” – sendo também chamado de “femicídio” ou “assassinato relacionado a gênero”. O termo se refere a um crime de ódio contra mulheres, justificado por uma história de dominação da mulher pelo homem e estimulado pela impunidade e indiferença da sociedade e do Estado. O feminicídio abrange desde o abuso emocional até o abuso físico ou sexual. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, esse crime envolve o assassinato intencional de mulheres apenas por serem mulheres.
A proposta aprovada estabelece que as penas podem variar de 12 anos a 30 anos de prisão, a depender dos fatores considerados. Se forem cometidos crimes conexos, as penas poderão ser somadas, aumentando o total de anos que o criminoso ficará preso, interferindo, assim, no prazo para que ele tenha direito a benefícios como a progressão de regime. O projeto prevê ainda aumento da pena em um terço se o crime acontecer durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto, se for contra adolescente menor de 14 anos ou adulto acima de 60 anos ou ainda pessoa com deficiência, e se o assassinato for cometido na presença de descendente ou ascendente da vítima.
SESSÃO ESPECIAL: A Câmara de Santarém realizou na última terça-feira, 10, sessão especial em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. A programação resultou de um requerimento de autoria da vereadora Marcela Tolentino (SDD), subscrito pelas vereadoras Ivete Bastos e Ana Elvira Alho (PT), para enfatizar, merecidamente um dia tão especial para homenagear todas as mulheres.
Marcela Tolentino justificou que a sessão especial em comemoração pela passagem do Dia Internacional da Mulher, que ocorreu no domingo, 08/03, foi realizada na terça-feira, devido aos procedimentos regimentais da Câmara Municipal, o que na opinião da Vereadora, a mudança de data não comprometeu o brilho do evento.
Durante a sessão foi realizado um ato solene para homenagear 19 mulheres que se destacaram em suas atividades, na sociedade santarena, contribuindo com o desenvolvimento do município. Marcela destacou que o desempenho positivo das homenageadas serve de incentivo a todas as mulheres da região, que muitas vezes de acham impotentes ou inferiorizadas. Disse, no entanto, que não se trata disso, pois as mulheres precisam olhar para frente e seguir em direção a prosperidade, vencer os desafios que historicamente foram colocados no caminho da mulher.
Fonte: RG 15/O Impacto