Juros do cheque especial atingem maior nível desde março de 1996
Os juros cobrados das famílias brasileiras pelas instituições financeiras quebraram novo recorde. De acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Banco Central, as instituições financeiras aproveitaram para reajustar as modalidades emergenciais e cobrar mais de quem está no vermelho: a taxa do cheque especial saltou de 209% ao ano para nada menos que 214,2% ao ano. É a maior desde março de 1996.
Ainda de acordo com os dados, a média do custo financeiro de empréstimos com recursos livres (os que os bancos têm liberdade para escolher como emprestar) subiu de 52% ao ano para 54,3% ao ano em fevereiro. É o maior nível desde quando o BC passou a registrar os dados em 2011.
Já quem precisou entrar no crédito rotativo do cartão de crédito pagou uma conta ainda maior: os juros pularam de 334,6% ao ano para 342,2% ao ano, segundo os dados do BC.
No cenário mais restritivo para o crédito no país, as famílias diminuíram suas dívidas em 0,3% , ou seja, 2,4 bilhões no mês passado. Essa queda – a primeira registrada no período de um ano – foi vista, principalmente, porque as pessoas físicas gastaram menos no cartão de crédito.
— De fato, o que a gente vê é um arrefecimento no consumo — sintetizou o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, que lembrou que isso é reflexo do ritmo de crescimento da economia e também do aumento dos juros.
Mesmo com os financiamentos mais caros, as empresas aumentaram o apetite por crédito de olho na alta do dólar e no que podem ganhar com as exportações. De acordo com a autoridade monetária, o aumento de 0,6% em fevereiro (subiu para R$ 783 bilhões) foi causado pelo influenciado pela depreciação cambial do período.
A inadimplência das operações de crédito ficou estável em 2,8%. No crédito às famílias, chegou a 3,8% (com uma leve alta de 0,1 ponto percentual no mês), enquanto, nas operações às empresas, permaneceu estável em 2%.
Fonte: O Globo