Projeto na Região Amazônica leva capacitação e geração de renda para população ribeirinha
O murumuru era uma planta inútil para os moradores da comunidade de Jauari, à beira do Rio Moju, no Pará, mas causou uma revolução em plena selva amazônica. Se antes o fruto era desprezado pelos moradores da região, que fica a quatro horas de barco da capital Belém — as árvores eram derrubadas para o plantio de outras espécies —, hoje é uma mina de ouro. Em 2007, a Natura procurou a população para comprar o fruto, que tem propriedades hidratantes, ideais para xampus. Muitos ficaram arredios, mas a desconfiança foi dando lugar a uma parceria entre a associação local e a empresa do ramo de beleza. A companhia passou a oferecer até capacitação, transformando a vida dos ribeirinhos.
— O vilão virou fonte de renda. Descobrimos que, com os equipamentos de segurança certo, poderíamos lucrar com a venda do murumuru — contou Anderson Valadares, que atua como agente local da Natura na comunidade.
Maria Creusa Ferreira, de 58 anos, também se impressiona com as transformações nos últimos sete anos. Mãe de 16 filhos, ela não cita números para exemplificar como tudo mudou, mas diz que tem TV e máquina de costura em casa, pois “tudo mudou para melhor”.
O presidente da Associação de Moradores, Francisco José Ferreira Pereira, de 23 anos, um dos filhos de Maria Creusa, explica que a casa da mãe não foi a única a se modernizar.
— Somos 35 famílias associadas no Baixo Moju. Hoje, as pessoas conseguem comprar geladeiras e televisões — disse ele, lembrando que a energia elétrica só foi completamente instalada em julho de 2013.
A capacitação que a Natura oferece aos moradores, segundo Francisco José, é essencial:
— O murumuru era eliminado e queimado. Quase entrou em extinção. Hoje, é plantado. Em 2013, vendemos nove toneladas e meia para a empresa.
Agora, o foco é vender andiroba, ucuuba e pautua. Segundo Francisco José, que trabalha na extração do fruto, além de ser mecânico de barcos e carpinteiro, até a Natura chegar, era comum jogar lixo no rio:
— Descobrimos a importância de não prejudicar a água, que é tão abundante aqui.
Cleonice Ferreira Pereira, de 33 anos, também filha de Maria Creusa, saiu do Baixo Moju para estudar, mas voltou. Hoje, é monitora no centro de informática, erguido pela empresa. Se antes, a energia elétrica era um luxo, agora a internet é acessada em oito computadores da sala. Há sete anos, ela também virou consultora da Natura:
— Ouvíamos falar dos produtos de beleza, mas não tínhamos como comprar. O campeão de vendas é o sabonete de andiroba, cuja matéria-prima sai daqui — diz ela, que assim complementa a renda para sustentar o filho Bruno, de 10 anos.
A comunidade de Jauari não é a única a ter parceria com a Natura. São 32, uma delas no Equador, num trabalho que envolve 3.200 famílias. Somente na Amazônia, há 19 grupos, sendo que oito deles são com uma pequena agroindústria, que transforma a matéria-prima em produto-base, como fruto em óleo, que é comprado pela empresa para fazer cosméticos.
Desde março do ano passado, a Natura produz todos seus sabonetes no Ecoparque, em Benevides, que fica a 35 km de Belém do Pará. A fábrica chamada Saboaria Natura busca a produção sustentável e socialmente responsável. A ideia do Ecoparque é conectar empresas de diferentes segmentos que tenham interesses comuns. O objetivo é montar uma rede de cooperação, em que as indústrias instaladas em um mesmo espaço possam trocar recursos e gerar negócios sustentáveis. A unidade conta com 274 colaboradores, sendo 98% da mão de obra local.
A Coca-Cola também tem uma iniciativa que promove as inclusões social e econômica dos extratores que vivem em ribeirinhas da Região Amazônica. É o Coletivo Floresta capacita pessoas no Estado do Amazonas. No Rio, a fabricante de bebidas também é responsável por ações que buscam a preservação da natureza e a capacitação de famílias carentes. O Coletivo Varejo prepara adolescentes para o primeiro emprego em 22 unidades no estado, enquanto o Coletivo Reciclagem apoia 67 cooperativas de catadores de lixo em 14 cidades fluminenses.
— O Coletivo Coca-Cola transforma as comunidades nas quais atuamos, contribuindo para a geração de renda e a autoestima. Muito mais do que capacitação, o objetivo é usar a cadeia de valor da empresa como ponte para acesso a oportunidades de mercado e fazer com que as pessoas se sintam mais confiantes sobre o futuro — disse Pedro Massa, diretor de Valor Compartilhado e Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil.
A Coca-Cola apoia cooperativas de catadores de lixo
Fonte: Extra