Ambientalista critica políticos do Estado do Tapajós
Três anos e quatro meses depois da realização do plebiscito sobre a divisão territorial do Pará, a criação do Estado do Tapajós continua gerando polêmica na região. Desta vez, o ambientalista Pinon Friaes defende a criação do Distrito Federal da Calha Norte e não o Estado do Tapajós.
Localizada ao norte do rio Amazonas, a Calha Norte do Pará possui 28 milhões de hectares, distribuídos entre nove municípios. Hoje, segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a Calha Norte possui o maior conjunto de Áreas Protegidas do planeta em um único Estado, com cerca de 22 milhões de hectares.
De acordo com Pinon Friaes, o Distrito da Calha Norte seria formado pelos municípios de Almeirim, Alenquer, Curuá, Faro, Monte Alegre, Óbidos, Oriximiná, Prainha e Terra Santa.
“Não acredito mais na criação do Estado do Tapajós pela dimensão que colocaram e não buscam modificar. Quando nós criamos isso, regatamos a idéia de Elias Pinto e Alfredo Gantus, que eram dois deputados aqui da região, para a criação do Estado do Baixo Amazonas. Em 1983, em um grande evento que aconteceu em Santarém, propusemos que deveríamos resgatar essa luta”, diz o ambientalista.
Na época, segundo Pinon Friaes, o prefeito Ronan Liberal reuniu todos os outros prefeitos da região e fez um encontro para que fosse escolhido o nome do novo Estado. “Durante o encontro foram apresentado três nomes: o deputado estadual Gabriel Guerreiro escolheu Oeste do Pará; o deputado Ronaldo Campos declarou que o Estado deveria ficar com o nome escolhido por Elias Pinto, Baixo Amazonas. Eu, como Vereador, sugeri que fosse Tapajós, pela dimensão dessa região e assim iniciamos essa luta”, conta Pinon Frias.
Já no plebiscito de 2011, Pinon Friaes observa que criaram um Estado gigante, incluindo a região do Xingú, o que segundo ele, foi um erro, porque afrontaram o governador do Estado, senadores e deputados estaduais e federais. “Foi um erro imperdoável dos políticos de Santarém, esse crime que fizeram de se construir um gigante. Ora, se o Pará com toda sua estrutura não tinha condições de nos atender aqui no Baixo Amazonas, agora imagine um gigante sem dinheiro e que não teria condições de sobreviver, o que foi um grande erro e perdemos o plebiscito”, lamentou.
HIDRELÉTRICAS NO TAPAJÓS: O ambientalista Pinon Friaes, natural de Monte Alegre, também é jornalista, ecologista e escritor. De passagem por Santarém, Pinon também falou sobre a possibilidade da construção de hidroelétricas no alto Rio Tapajós, no Município de Itaituba.
Segundo ele, se o governo Federal insistir na execução dos projetos serão cometidos dois crimes que serão imperdoáveis para a Amazônia. “Para nós aqui, e diria até mesmo para o maior banco de reserva de biodiversidade desse planeta e que ninguém comenta. O primeiro que deveria ser bastante comentado, é porque em Santarém, Belterra, Fordlândia, Aveiro, Itaituba, São Luís, não tem nenhum dos moradores ribeirinhos dessas comunidades que não ame o rio Tapajós, inclusive pela sua coloração esverdeada, e isso vai acabar”, alerta Pinon.
Ele explica que a coloração do rio Tapajós vai desaparecer literalmente, onde o leito vai ser mais barrento que a água do rio Amazonas. “Isso é crime, porque a Constituição, inclusive, assegura a beleza cênica, e isso é considerado uma beleza cênica. O outro lado praticamente não questionado é o banco de areia de Alter do Chão, que desaparecerá também”, avisa Pinon. O ambientalista é o autor dos livros “Amazônia, Peixe-Boi, Último Extermínio” e “História Não Revelada”.
Por: Manoel Cardoso