Trabalho e pressão demais podem estressar; veja 10 dicas para ficar bem
Ansiedade, dores musculares, mau humor, dificuldade para se concentrar. Se você está empregado ou já trabalhou, é grande a chance de ter experimentado alguns desses sintomas, ou mesmo todos. E é bem possível que a causa deles seja o estresse
“Ter estresse não é natural”, afirma a professora Selma Lancman, do departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP. “Ele já contém a ideia de que [a pessoa] ultrapassou o seu limite e perdeu a capacidade de superar naturalmente essa sobrecarga”.
Um eventual dia difícil e mais puxado pode surgir na vida de um profissional, mas a repetição disso é um sinal de alerta.
É necessário estar atento à frequência e banalização do estresse, quando a sobrecarga vira rotina e fica cada vez mais difícil transformar o sofrimento que enfrentou durante uma tarefa em prazer pela conquista após realizá-la.
Causas do estresse
A Agência Europeia de Segurança e Saúde no Trabalho aponta entre as principais causas de estresse a sobrecarga, a dificuldade de balancear a vida pessoal e profissional e a insegurança, com o medo de perder o emprego, por exemplo.
Principais causas de riscos psicológicos
• Insegurança no trabalho
Sensação de insegurança causada, por exemplo, por contratos precarizados
• Intensificação do trabalho
Longas jornadas de trabalho e sobrecarga de tarefas
• Vida pessoal empobrecida
Dificuldade para balancear vida profissional e pessoal
• Altas demandas emocionais
Assédio moral e bullying são alguns exemplos
• Envelhecimento da força de trabalho
Condições de trabalho não adaptadas a pessoas mais velhas
Fonte: European Agency for Safety and Health at Work
Para Natasha Patel, diretora da Hays, empresa especializada em recrutamento, uma das principais causas de estresse na atualidade são as metas e o volume de trabalho imposto aos profissionais.
Essa também é a visão de Selma Lancman. “Os sistemas de metas e avaliação individual de performance são os grandes trituradores da saúde mental das pessoas. Elas estão sempre trabalhando além do limite e isso destrói a possibilidade de cooperação [entre colegas]”.
Reconhecer o problema pode ser difícil
Erica Macedo, supervisora da consultoria de carreiras Thomas Case & Associados, afirma que pode ser difícil para o trabalhador reconhecer ou mesmo admitir que está com o problema. “Quando isso acontece, pode ser tarde e já está em um estágio que precisa procurar ajuda profissional, como terapia”, afirma.
Segundo a professora Selma Lancman, transtornos mentais, como depressão e alcoolismo, são a terceira causa de afastamento no trabalho entre os segurados do INSS. O estresse é apontado pela Organização Mundial do Trabalho como uma das causas desses problemas.
O trabalho de investigar se está estressado e o que causa isso é pessoal, afirma Natasha Patel. “Cada profissional deve sentar e entender a situação para pensar em soluções. Depois pode tentar conversar com o chefe, por exemplo”.
Para Selma Lancman, as receitas prontas, como atividade física, pausa para um cafezinho ou a ginástica laboral no escritório, não são soluções porque atacam os sintomas, e não a causa.
“As empresas estão indo no sentido contrário ao tentar adaptar o trabalhador ao trabalho, e não o trabalho ao trabalhador”, afirma. Por isso, segundo ela, se o que gera estresse é a sobrecarga, por exemplo, os gestores devem redistribuir melhor o trabalho ou contratar mais funcionários.
Ter um hobby deveria ser tão importante quanto dormir e se alimentar, segundo a professora Denise Pará Diniz, doutora em ciências da saúde e coordenadora do Setor de Gerenciamento de Estresse e Qualidade de Vida da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). “Hobbies proporcionam prazer e nos desviam das tensões. São estratégias para driblar o estresse”, diz. Para Sâmia Simurro, mestre em neurociências e comportamento pela USP (Universidade de São Paulo) e vice-presidente de projetos da ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida), até a autoconfiança aumenta com estas atividades. “Como otimizam nossas habilidades, contribuem para a autoestima”, diz. Mas, para ter benefícios, o hobby deve ser prazeroso e não envolver qualquer obrigação ou remuneração, ou se tornará uma nova fonte de estresse. Veja, a seguir, algumas sugestões.
Fonte: Andrezza Czech, do UOL