Papa Francisco terá seu primeiro encontro oficial com um ativista gay casado, no Paraguai
A organização paraguaia Somosgay, que luta pelos direitos da comunidade LGBT, foi convidada pela Conferência Episcopal Paraguaia para um encontro oficial que o Papa Francisco terá com representantes da sociedade civil, no dia 11 de julho. A reunião faz parte da agenda do pontífice durante sua visita ao país, que durará três dias. Esta será a primeira vez que o Papa receberá em público um ativista homossexual.
Segundo a Somosgay, o representante que comparecerá ao encontro será o diretor executivo e presidente da organização, Simon Cazal. O rapaz se casou com Sergio López em 2012, na Argentina, protagonizando por lá o primeiro casamento entre homossexuais que não residiam naquele país. No Paraguai, a legislação não permite o casamento ou a união estável entre pessoas do mesmo sexo.
O convite para o encontro, enviado a Simon Cazal pelo padre Narciso Velázquez Ferreira, membro da Conferência Episcopal Paraguaia, ressaltou que “é hora de saber como desenhar, em uma cultura que privilegia o diálogo como forma de encontro, a busca de consensos e acordos, sem separá-la da preocupação por uma sociedade justa e sem exclusões. O autor principal, o sujeito histórico desse processo, são as pessoas e a sua cultura. Não é uma classe, uma fração, um grupo, uma elite. Não necessitamos de um projeto de poucos para poucos, ou uma minoria ilustrada que se aproprie de um sentimento coletivo. Trata-se de um acordo para viver juntos, de um pacto social e cultural”.
A carta destacou, ainda, o “alto impacto” da Somosgay na sociedade paraguaia. A reunião está programada para ocorrer entre as 13h e as 14h30m, no Estádio León Condou, em Assunção, capital do país.
Uma nota no site da Somosgay salienta que esse encontro “simboliza uma abertura e um progresso para a comunidade LGBT, tendo em vista o contexto ultraconservador que sempre caracterizou o Vaticano”. A entidade, no entanto, cobra que a iniciativa não fique apenas no campo simbólico: “Esperamos que este gesto transcenda o simbólico a traga com ele avanços mais substanciais nas atuais posições da hierarquia católica paraguaia”.
O embate entre integrantes da comunidade LGBT e o governo paraguaio está cada vez mais acirrado. Em junho do ano passado, o governo não aderiu a uma resolução da Organização dos Estados Americanos (OEA) que condena a discriminação de pessoas por sua orientação sexual, votada durante uma cúpula em Assunção. Já em março deste ano, muitas organizações de transexuais do país denunciaram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos atos impunes de violência contra transexuais no Paraguai. Segundo informaram as entidades, esses atos violentos causaram a morte de 54 pessoas desde 1989.
Fonte: O Globo