Golpe do falso sequestro faz vítimas em Santarém
Você atende uma ligação telefônica, do outro lado da linha ouve uma pessoa chorando aos prantos pedir socorro. A princípio você não entende nada, mas sua aflição aumenta a cada instante. De repente, a voz do interlocutor muda. O golpista assume o telefone e anuncia o falso sequestro. Exige que você não desligue o telefone, caso contrário, dará fim à vida do suposto sequestrado.
Em meio aos gritos de “Socorro Mãe, eu não quero morrer”, “Socorro Pai, me tira daqui”, as vítimas começam a entrar em pânico, e não pensam duas vezes para cumprir o que é solicitado pelos golpistas. Com o telefone todo tempo ocupado, você não tem como entrar em contato com a suposta vítima do sequestro.
As exigências aumentam. Para libertar seu familiar, é preciso que você compre créditos de celulares e deposite uma certa quantia em dinheiro em determinada conta bancária.
O golpe conhecido com “Falso Sequestro”, tem-se tornado a cada dia mais comum entre os santarenos. A ação geralmente é praticada por presidiários, que com acesso a telefones celulares dentro dos presídios, realizam ligações aleatórias até encontrarem suas vítimas.
Os bandidos conseguem os números telefônicos das futuras vítimas por vários meios, entre eles: agendas de contato de celulares e nomes anotados em cheques que foram roubados. Também é comum os bandidos terem acesso à lista de telefones obtida de forma irregular, direto dos bancos de dados de empresas e de operadoras de telefonia.
Vários casos já foram registrados na Seccional de Polícia Civil de Santarém sobre esse tipo de crime, que está sendo realizado diariamente. Muitas pessoas que já caíram no golpe não procuraram a Seccional de Polícia para registrar um BO, preferem ficar no anonimato.
No mês passado, o namorado de uma contadora da cidade de Santarém foi vítima do golpe. Os bandidos simularam o sequestro de sua namorada, e o rapaz não pensou duas vezes, fez o depósito de uma certa quantia em dinheiro na conta informada pelos bandidos. Após verificar que tudo não passou de um golpe, o casal procurou a Seccional de Polícia Civil para registrar o Boletim de Ocorrência. O caso já está sendo investigado, ao comando do delegado Herbert Farias Júnior.
Quando a vítima registra o Boletim de Ocorrência, o crime qualificado é de extorsão, de acordo com o art. 58 do Código Penal, refere-se ao ato de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o objetivo de obter vantagem econômica para si ou outra pessoa, “a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa”.
De acordo com a Polícia, o golpe tem feito mais vítimas devido à forma que tudo acontece, pois as pessoas ficam assustadas quando um ente querido seu pode correr perigo nas mãos de bandidos. A vítima é levada a um nível de estresse muito grande, e com isso acaba cedendo às ameaças dos bandidos.
MANTENHA A CALMA: Diante de uma situação desta, o diretor da Seccional de Polícia Civil de Santarém, delegado Nelson Silva, faz o seguinte alerta: ”Primeiro desligue o telefone, e tente localizar a suposta vítima. Caso o sequestro seja verdadeiro, os bandidos entrarão novamente em contato. Jamais forneça seus dados pessoais, valores em conta de bancárias e não informe nenhum telefone fixo. Outra dica importante é a utilização de uma senha entre os familiares, para que no caso do golpe acontecer, você possa ter a certeza da veracidade do seqüestro”, declarou.
PROJETO DE LEI: Tramita no Congresso Nacional, projeto de lei que prevê o aumento da pena dos presidiários que se utilizam deste tipo de golpe. A ação delituosa passará a ser comparada com a extorsão cometida por duas ou mais pessoas, com utilização de arma. A pena pode aumentar em até 12 anos de reclusão.
Por: Edmundo Baía Junior
Fonte: RG 15/O Impacto