Castanha-do-Pará é o produto da sociobiodiversidade mais adquirido pelo PAA
Ana Rosa Marcondes, 46 anos, é extrativista em Ariquemes (RO), município a 200 quilômetros de Porto Velho. No ano passado, ela e o marido, Edivar Miranda da Silva, 54, venderam R$ 1,5 mil em castanhas-do-Pará para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), na modalidade Compra com Doação Simultânea. “Estamos preservando a natureza. Isso vale muito”, conta.
Durante todo o ano, a castanha foi o produto da sociobiodiversidade mais adquirido pelo programa em todo o país: foram mais de 2,7 mil toneladas. No total, o PAA comprou 7,4 mil toneladas de produtos da sociobiodiversidade.
O trabalho do casal começa cedo. Na propriedade, há seis árvores de castanha-do-Pa rá. Depois de colher os frutos, eles ainda expõem a castanha ao sol para secar, mas não descascam o produto para não estragar. Além da castanha, eles produzem óleo de copaíba e têm criação de aves e tambaquis para contribuir no orçamento familiar.
Em Ariquemes, a Escola Municipal de Educação Infantil e Fundamental Roberto Turbay é uma das entidades que recebem os produtos comprados pelo PAA. A diretora, Neidair Mazine de Lima, conta que a castanha, por exemplo, é utilizada em bolos e pães, servidos para 550 alunos que estudam em período integral.
“É uma alimentação adequada vinda direto do produtor”, ressaltou. Por causa da boa alimentação ofertada aos alunos, complementada com os produtos colhidos em uma horta construída na própria instituição, Neidair relata que não há crianças obesas na escola.
Organização – A venda da castanha para o PAA possibilitou que a Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Estado do Acre (Cooperacre) criasse autonomia e conquistasse os mercados nacional e internacional. Só em 2014, a cooperativa vendeu R$ 1,5 milhão na modalidade de Formação de Estoque do PAA. “Nós chegamos ao mercado graças ao programa. O PAA nos ensinou muito”, destaca o presidente e fundador da cooperativa, Manoel José da Silva, 76.
Criada em 2001, a Cooperacre reúne, atualmente, mais de 2 mil famílias por meio de 35 associações cooperativas filiadas. “Se não tivesse a compra do PAA e do Pnae [Programa Nacional de Alimentação Escolar], a maior parte do produto estaria estragada”, diz o fundador.
A cooperativa utilizou o dinheiro recebido do PAA para formar estoque e comercializar o produto por todo o ano para quase todo o país, para a América do Sul, Estados Unidos e Alemanha. Além de beneficiar a castanha, a organização também comercializa polpas de frutas da região. “É possível crescer preservando a floresta. Só ganhamos pelo fruto, nunca pela madeira”, afirma Manoel.
Fonte: Ascom/MDS