Mercadante deixa Casa Civil e volta a comandar Ministério da Educação
A presidente Dilma Rousseff decidiu substituir o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT), na reforma da equipe prevista para ser anunciada nesta quinta-feira (1º). Diante do agravamento da crise política, Dilma resolveu dar um sinal mais forte de que pretende “recomeçar” o segundo mandato, ampliando as mudanças e mexendo no coração do governo.
Na noite de ontem, Dilma teve uma longa conversa com Mercadante. Quem assumirá a Casa Civil será o atual ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT).
Mercadante, porém, não deixará o governo. O último desenho da reforma ministerial prevê a volta do homem forte do Palácio do Planalto para o Ministério da Educação, pasta que ele ocupou durante dois anos (de janeiro de 2012 a janeiro de 2014) e que hoje é comandada por Renato Janine Ribeiro.
Depois de muitas e idas e vindas, Dilma concluiu que Mercadante está desgastado no relacionamento com o Congresso. Apesar de resistir muito a essa mudança, ela avaliou que a permanência do principal auxiliar na Casa Civil não contribui para a recomposição da base aliada. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – a quem cabe aceitar ou não os pedidos de impeachment contra Dilma – ,é um dos principais críticos de Mercadante.
Correção de rumos – Há tempos o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem aconselhando Dilma a tirar Mercadante e ampliar a reforma no primeiro escalão, para transmitir a imagem de que tem a humildade de “começar tudo de novo” e corrigir rumos do governo, mesmo sacrificando o PT. Na tentativa de salvar o mandato de Dilma e aprovar o pacote fiscal para reequilibrar as contas públicas, a ideia é ceder cargos ao PMDB, fiel da balança para barrar eventual processo de impeachment.
Dilma ainda conversará nesta quarta, 30, com líderes do PT e do PMDB, na tentativa de resolver os principais impasses que travam a reforma. Se tudo correr como o planejado, a ideia da presidente, agora, é transferir o ministro Aldo Rebelo (PC do B) da pasta de Ciência e Tecnologia para a Defesa. Apesar de comunista, Aldo sempre teve ótimo relacionamento com os militares.
O PMDB deve ter o espaço ampliado e ficar com sete ministérios – hoje tem seis. Ficou acertado que a bancada do partido na Câmara, comandada por Leonardo Picciani (RJ), comandará as pastas da Saúde e dos Portos. Na manhã de terça-feira, Dilma demitiu o ministro da Saúde, Arthur Chioro (PT), por telefone. Chioro foi indicado para o cargo pelo prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, com a bênção de Lula.
O mais cotado para a vaga de Chioro é o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI). Consta da lista apresentada pelo PMDB, ainda, o deputado Manoel Júnior (PMDB-PB), mas a indicação perdeu força depois que o governo descobriu que ele não só pediu a renúncia de Dilma como criticou o programa Mais Médicos.
Para resolver de uma vez por todas as pendências com o PMDB, é possível que não haja mais a fusão do Ministério da Pesca, hoje nas mãos de Helder Barbalho, com Agricultura. Dilma pretende, ainda, se reaproximar do vice-presidente, Michel Temer, que comanda o PMDB, mantendo Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Henrique Eduardo Alves (Turismo). Ficam na equipe, ainda, os ministros Eduardo Braga (Minas e Energia) e Kátia Abreu (Agricultura) como representantes do Senado.
Fusões – O titular das Comunicações, Ricardo Berzoini, assumirá o novo Ministério da Secretaria de Governo, que pode incluir até a Controladoria-Geral da União. As pastas de Direitos Humanos, Políticas para Mulheres e Igualdade Racial serão fundidas, dando origem ao Ministério da Cidadania. Embora Miguel Rossetto, atual titular da Secretaria-Geral da Presidência, seja o mais cotado para o novo ministério, Dilma tem sido pressionada por movimentos sociais a entregar o cargo a uma mulher.
Previdência Social, Trabalho e Desenvolvimento Social também devem ser agregados num só ministério. O PDT foi convidado para tocar Comunicações. O Ministério dos Transportes deve continuar com o PR e a Integração Nacional, com o PP. Dilma agora quer levar o PSB de volta para o governo.
Fonte: Estadão