Maior parte da energia gerada em Belo Monte não será usada em 2016

Sistema de linhas de transmissão só terá capacidade de escoar produção em 2017, diz Aneel
Obras da Usina de Belo Monte às margens do rio Xingu

A hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo construída no rio Xingu e está próxima de iniciar operação, deve enfrentar problemas para escoar a energia produzida a partir de meados de 2016, uma vez que as obras de transmissão estão atrasadas, apontou relatório da área de fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A hidrelétrica, uma das maiores do mundo, com investimentos previstos de R$ 26 bilhões, deverá começar a funcionar em fevereiro do ano que vem. O sistema existente tem capacidade para transmitir a energia das oito primeiras turbinas.
Mas já a partir do segundo semestre de 2016 outros equipamentos de Belo Monte, que terá ao todo 24 turbinas e capacidade de 11,2 mil megawatts, deverão iniciar a operação, demandando linhas extras que só começarão a ficar prontas em 30 de abril de 2017.
“Há, portanto, uma expectativa de descasamento entre as obras de geração e transmissão para escoamento de energia proveniente de Belo Monte”, apontou relatório da superintendência de fiscalização visto pela Reuters.
O primeiro conjunto de linhas adicionais necessárias para escoar a energia de Belo Monte, que está a cargo da espanhola Abengoa, enfrenta atraso devido à não obtenção de licença ambiental de instalação, apontou a Aneel. A Abengoa, por sua vez, afirmou ao regulador que espera obter a licença até o final deste ano.
“Seria importante o envolvimento da diretoria (da Aneel) no sentido de buscar acelerar, com o agente e o órgão ambiental, a emissão de licença de instalação do empreendimento e pressionar o agente de transmissão para que intensifique os esforços no sentido de reverter a previsão de atraso sinalizada”, aponta o relatório da fiscalização.
Construída pela Norte Energia, Belo Monte tem entre os sócios empresas do Grupo Eletrobras, além de Cemig, Neoenergia e a mineradora Vale. A hidrelétrica é importante para o país garantir segurança energética nos próximos anos.
Atrasos em transmissão, muitos deles ligados a problemas no licenciamento ambiental, têm sido um problema recorrente no sistema elétrico brasileiro. Neste ano, por exemplo, a hidrelétrica de Teles Pires, no Mato Grosso, ficou pronta, mas atrasou a produção devido à falta de linhas para escoar a energia.
A mesma situação foi enfrentada por uma série de parques eólicos no Nordeste, com o atraso em obras de conexão ao sistema que estavam a cargo da estatal Chesf, da Eletrobras.
LINHÃO TAMBÉM SOFRE
Não bastasse esse problema, a análise da Aneel aponta riscos no cronograma também do primeiro linhão em corrente contínua para escoar a produção de Belo Monte, que será necessário a partir da décima sexta máquina da hidrelétrica, que está prevista para operar em setembro de 2017.
“Esta obra foi outorgada à BMTE e está prevista para ser concluída em 12 de fevereiro de 2018, data considerável factível pela fiscalização, caso sejam confirmadas as etapas de licenciamento hoje previstas.”
Na semana passada, a chinesa State Grid, que é sócia da BMTE junto com Furnas e Eletronorte, da Eletrobras, admitiu que esperava ter licença ambiental para iniciar a obra do linhão em julho deste ano, uma projeção que não se concretizou.
A área de fiscalização da Aneel também pede “envolvimento da diretoria para antecipar a data de energização” do primeiro linhão, a cargo de State Grid e Eletrobras.
“Caso as previsões da geração sejam efetivadas, teremos restrição no escoamento”, alertam os técnicos da superintendência que monitora as obras.
Fonte: O Globo

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