Controladora da JBS compra a Alpargatas por R$ 2,667 bi

Havainas, marca agora faz parte da J&F
Havainas, marca agora faz parte da J&F

Alpargatas por R$ 2,667 bilhões, conforme fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta segunda-feira. A empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista vai ficar com 44,12% do capital social da Alpargatas, sendo 66,99% do total das ações ordinárias (com voto) e 19,98% do total das ações preferenciais (sem direito a voto).
A confirmação do negócio foi antecipada por Lauro Jardim nesta manhã, em seu blog, no GLOBO. O valor de R$ 2,667 bilhões representa preço de R$ 12,85 por ação, segundo o comunicado, ante preço de fechamento de R$ 9,73 da ação da Alpargatas na quinta-feira. O preço será pago à vista na data do fechamento da operação, informou a Alpargatas.
A Alpargatas — controlada pela Camargo Corrêa, construtora acusada na Operação Lava-Jato — é fabricante da Havaianas e dona da grife Osklen. Já a J&F controla, além da JBS (dono da marca Seara), a produtora de laticínios Vigor, a fabricante de celulose Eldorado Brasil, o banco Original e a fabricante de produtos de limpeza Flora.
No exterior, a JBS, maior processadora de carnes do mundo, comprou em julho a unidade de suínos da Cargill nos Estados Unidos por US$ 1,45 bilhão, também à vista. Um pouco antes, em junho, a maior produtora de carnes do mundo havia anunciado a compra da Moy Park, unidade de carne de frango e alimentos processados da Marfrig na Europa, por US$ 1,5 bilhão. A companhia tem 80% de sua receita em dólar.
DIVERSIFICAÇÃO
O negócio foi fechado neste domingo, segundo a J&F. Em nota à imprensa, a holding afirma que, com a operação, “agrega ao seu portfolio de negócios uma operação consolidada em um dos mais dinâmicos segmentos do mercado de bens de consumo”.
“Acreditamos que nossa experiência acumulada em operações globais e no desenvolvimento de marcas fortes irá impulsionar ainda mais a bem-sucedida trajetória da Alpargatas consolidada pela Camargo Corrêa até aqui”, afirma, na nota à imprensa, Joesley Batista, presidente da J&F Investimentos.
O fato relevante divulgado nesta segunda-feira afirma que a operação está sujeita à aprovação prévia do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A nota informa ainda que a J&F “não tem intenção de promover, no prazo de um ano, o cancelamento do registro de companhia aberta da Alpargatas”.
No início de novembro, a Alpargatas anunciou a venda das marcas Topper e Rainha para um grupo de investidores liderados pelo empresário Carlos Wizard Martins, fundador do curso de idiomas Wizard e que hoje está à frente da holding Sforza. Esta controla, entre outros negócios, a rede de produtos naturais Mundo Verde. A operação será de no mínimo R$ 48,7 milhões.
A Alpargatas tem outras marcas famosas, como os calçados Timberland e as sandálias Dupé, muito conhecidas no Nordeste. A receita líquida da empresa nos últimos 12 meses encerrados em junho de 2015 foi de R$ 3,9 bilhões. Além das fábricas no Brasil e na Argentina, ela tem 669 lojas em todo o mundo e exporta para 107 países.
“Marcas icônicas como as que compõem o portfólio da Alpargatas são construídas pela excelência na atuação de sua equipe. Temos certeza de que, com a sólida experiência acumulada por seus profissionais, vamos alcançar nossa visão sobre o futuro deste negócio”, destacou Joesley Batista, na nota.
ANGRA 3
Na Lava-Jato, dirigentes da Camargo Corrêa foram condenados por crimes em contratos da Petrobras. Em agosto, em acordo de leniência, a empreiteira se comprometeu a devolver R$ 700 milhões. Delações de dois de seus executivos deram origem a uma ação na Eletronuclear e uma investigação sobre a usina de Belo Monte. Em abril deste ano, o ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, afirmou que houve “promessa” de pagamento de propina ao PMDB e a dirigentes da Eletronuclear nas obras da usina nuclear Angra 3.
Na semana passada, o Cade instaurou processo administrativo para investigar a prática de cartel numa licitação da usina de Angra 3. Segundo nota à imprensa divulgada pela autarquia, as empresas investigadas são: Andrade Gutierrez, Norberto Odebrecht , Queiroz Galvão, Construções e Comércio Camargo Correa, Empresa Brasileira de Engenharia (EBE), Techint Engenharia e Construções e UTC Engenharia, além 21 funcionários e ex-funcionários dessas companhias.
Já o grupo JBS foi citado em gravações e e-mails na investigação do esquema de venda de sentenças do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), para redução de dívidas tributárias. A empresa nega envolvimento no esquema de compra de sentenças.
Fonte: O Globo

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