Laudo sobre morte de médico foi manipulado

Inconformado com a falta de acompanhamento das autoridades de Santarém em relação a elucidação das causas da morte do médico-cardiologista, Lindemberg Luiz Caldas da Silva, em dezembro de 2010, o perito aposentado Luiz Fernandes de Oliveira entrou com uma documentação no Fórum da Comarca Local denunciando que no laudo pericial não consta o seu aval (assinatura).
Ele aponta que o laudo foi manipulado pelos outros dois peritos signatários e, que o médico pode ter sido assassinado e o seu corpo jogado do prédio.
A morte do médico Lindemberg aconteceu no dia 21 de dezembro de 2010, no Residencial Casagrande, localizado na Rua Rosa Vermelha, bairro Aeroporto Velho, em Santarém, oeste do Pará. Na época, a perícia concluiu que o médico cometeu um suicídio ao se jogar do 15ª andar do prédio.
“Quem fez a perícia minutos depois da morte do médico fui eu e mais dois colegas que me acompanharam a pedido da Stael. Deixei com eles para que preparassem o laudo da dinâmica funcional, da discussão e uma conclusão de acordo com o meu parecer com os achados no local. Eles simplesmente passaram uma semana e não fizeram a revisão já emitindo o laudo para a Justiça”, conta Luiz Fernandes.
De acordo com ele, o laudo nº 70/2011, não condiz com a verdade real do fato e muito menos com a veracidade pericial. “Não pode e nem deve ter fé pública. Os achados no local mediato e imediato, indícios ou evidências e o Exame Necroscópico do cadáver, não dão em hipótese alguma, consistência técnica para a causa morte. Muito menos com característica de suicídio”, relata o perito Luiz Fernandes.
Ele comenta que não sabe o motivo do perito que fez o laudo ter concluído que foi suicídio. “Até porque as circunstâncias, os achados e os vestígios, todos eles não culminam e não condizem com suicídio. Muito menos com característica de suicídio. O perito não tinha elementos para fazer essa conclusão. Eu atribuo a morte do médico a um caso de homicídio. Inclusive a localização do cadáver, a condição do cadáver, a distância do cadáver do edifício, a cena montada no 15ª andar, tudo leva a crer que houve um homicídio ali dentro”, afirma Luiz Fernandes.
Segundo ele, a testemunha número um, que deu depoimento à Polícia Civil, era o próprio colega do médico, o qual morava no sétimo andar, do Residencial Casagrande. “Então, lá nesse andar onde ele (colega do médico) morava não foi feita a perícia. Apesar de que eu solicitei que fosse feita uma perícia no andar onde morava a testemunha número, ao delegado que presidiu o inquérito. Infelizmente o delegado não me atendeu”, declara Fernandes.
COMENTÁRIOS: Na época da morte do médico Lindemberg, segundo Luiz Fernandes, houve comentários na cidade, de que ele estava passando por problemas pessoais. Porém, o perito afirma que não acredita que isso tenha levado o médico a cometer um suicídio. “Eu não acredito que isso tenha sido motivo pra ele se jogar do prédio. Até porque, ele foi ao local acompanhado do próprio colega. Todas as evidências que encontramos não condizem com suicídio. Inclusive, há poucos meses eu dei entrada nesses documentos no Fórum e já estão à disposição do Juiz diretor, para eu fazer um parecer técnico e uma defesa técnica dessa situação. Vou fazer gratuitamente, porque eu gosto sempre que haja a verdade e a justiça!”, exclama o perito aposentado.
Por: Manoel Cardoso
Fonte: RG 15/O Impacto