Denúncia: Esgoto do Hospital Regional contamina bairro
Indignado com o descaso promovido pelo Governo do Pará relacionado à falta de respeito com a população de Santarém, o aposentado Ronaldo Martins, 80 anos, morador do bairro da Floresta, no subúrbio da cidade, fez uma grave denúncia relacionada ao esgoto do Hospital Regional do Baixo Amazonas do Pará (HRBA), administrado pela empresa Pró-Saúde.
Diariamente, segundo o aposentado Ronaldo, líquidos contaminados são despejados do Hospital Regional sem nenhum tipo de tratamento e está acumulando às proximidades da Rua João Paulo II, onde recentemente máquinas da Prefeitura Municipal estiveram fazendo obras. Ele afirma que centenas de famílias estão correndo risco de serem contaminadas, por conta de morarem perto do esgoto do Hospital Regional, onde parte do líquido também está descendo para o leito do Igarapezinho.
“Essa água contaminada está vindo do Hospital e, há pouco tempo a máquina da Prefeitura cavou e, agora ficou empossada num buraco, que está sendo usado para criadouro do Mosquito da dengue. Essa água que vem do Hospital, ela vem totalmente contaminada. Agora formou uma lagoa bem no meio do bairro da Floresta”, denuncia Ronaldo.
De acordo com ele, o esgoto está comprometendo totalmente a saúde dos moradores. “Eu estou enxergando esse problema, mas as autoridades fazem de conta que não está acontecendo nada. O povo está sujeito a ser contaminado por vírus e bactérias a qualquer momento”, alerta Ronaldo Martins.
Para ele, as autoridades competentes que ganham o dinheiro do povo deveriam ir olhar a situação no local. “Ali não mora porco, mora gente civilizada. Todo tipo de líquido contaminado é despejado lá. A tubulação do Hospital entupiu de areia e a obra que foi feita pela Prefeitura não surtiu efeito. Agora toda porcaria está saindo na lagoa que se formou lá. Acredito que eles devem tirar aquele povo dali, pois eles estão sujeitos a serem contaminados. O ar que as pessoas ali de perto respiram todos os dias é poluído por causa da lama contaminada”, diz Ronaldo.
Ele ressalta que como o Hospital pertence ao Estado, deveria ter uma galeria com Estação de Tratamento de Esgoto no local. “Até hoje nenhuma autoridade foi até o local verificar aquela porcaria de perto. Agora no período do inverno a situação vai piorar. Existem casas de um lado e de outro e tem a rua com lagoa do esgoto do Hospital no meio”, aponta Ronaldo.
PROMESSA NÃO CUMPRIDA: Em janeiro de 2015, o Governo do Pará anunciou que a Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) iria investir R$ 150 milhões em esgotos em Santarém, no Oeste paraense. Na época, o Governo garantiu que os recursos já haviam sido adquiridos junto ao Ministério das Cidades e seriam usados em obras de esgoto e saneamento. O anúncio foi feito pelo diretor de Expansão e Tecnologia da Cosanpa, Fernando Martins, na tarde do dia 20 de janeiro de 2015.
A obra iria representar um divisor de águas para o Município, que precisa melhorar os índices divulgados pela Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Os recursos foram garantidos junto ao governo Federal, e as obras começam após os trâmites legais e administrativos serem concluídos. Será talvez a maior obra de saneamento e esgoto executada na cidade pela Cosanpa”, disse, na época, Fernando Martins.
Ele anunciou, ainda, que a Cosanpa também executaria obras no distrito de Alter do Chão. “Atualmente, a distribuição de água de Alter do Chão é de responsabilidade da Prefeitura. Temos recursos prontos para serem usados na obra de abastecimento de água que a Cosanpa vai executar no distrito. Já estamos recebendo as licenças de operação e de instalação do projeto. É mais uma novidade e uma boa notícia para Santarém”, informou Fernando, em janeiro de 2015.
Passado um ano, as obras não saíram do papel, o que continua gerando insatisfação da população de Santarém e de Alter do Chão.
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL: Além da contaminação provocada pelo esgoto do Hospital Regional, o Igarapezinho, um dos afluentes do Irurá, continua tendo as margens ocupadas por construções irregulares.
Em outubro de 2015, acionados pelo presidente da Associação de Moradores do Bairro da Matinha, agentes da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) estiveram em visita à Rua Tupi, onde verificaram a presença de famílias construindo moradias às margens do Igarapezinho.
Em conversa com o senhor Wagner Santos Nascimento e as senhoras Ivone Oliveira e Delani Luziana, os agentes da Defesa Civil foram informados que as famílias não possuem autorização da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) para erguer construções naquela área que é considerada de risco e de preservação ambiental.
“Nós verificamos que as famílias que estão construindo casas naquele local já atearam fogo atingindo as raízes de buritizeiros que ficam às margens do igarapé, aumentando os riscos dessas árvores virem a cair atingindo residências já habitadas. Informamos que eles não podem continuar construindo naquela área para a própria segurança deles”, informou Darlison Maia, titular da COMDEC.
A Defesa Civil Municipal enviou relatório da vistoria à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) e a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) recomendando que providências sejam tomadas pelos órgãos no sentido de prevenir danos maiores. Passados três meses nenhuma providência foi tomada para impedir o avanço das construções às margens do Igarapezinho.
Por: Manoel Cardoso