MILTON CORRÊA

FotoMORRE O EXPOENTE LELÉ

No dia 24 de janeiro de 2016, às 18 horas e 50 minutos, em sua residência à Rua Humaitá, nº 700, bairro Interventoria, morreu minha mãe Teresa Rego Corrêa, carinhosamente conhecida por Lelé. Um Expoente por seus atributos e serviços prestados como professora (função na qual se aposentou) e por sua dedicação à vida da Igreja Católica, sendo uma das precursoras de todo o trabalho religioso, da hoje Paróquia de Cristo Libertador. A prova de quanto Lelé era querida, foi a missa de corpo presente, às 15 horas do dia 25 de janeiro, com a Igreja de Cristo Libertador, sede da paróquia do mesmo nome, totalmente ocupada por parentes e amigos, que tiveram da felicidade do seu convívio. Em seu sepultamento e na missa de 7º dia, foram vários os testemunhos do legado deixado por Lelé, justificando ter sido um ser expoente.

Tereza Rego Corrêa (Lelé) nasceu na vila de Aritapera no dia 03 de setembro de 1931, tinha 84 anos quando faleceu. Era filha de Veridiano Vasconcelos Rego e Dulcineia Maciel Rego. Durante sua adolescência e juventude conviveu com seus avôs dos quais recebeu atenção, carinho, amor e dedicação. Ainda na juventude optou em ser professora e como tal ajudou na formação de centenas de crianças e jovens de sua terra natal.

Aos 25 anos, uniu-se em matrimônio com Milton Viana Corrêa, no dia 05 de janeiro de 1956, com o qual viveu 32 anos de um feliz matrimônio, por ter ele falecido e desta união nasceram seus filhos: Milton; Ângela; Paulo; Vera; Socorro, Alba e Andrea (por adoção). Tinha as noras e genros como filhas (os) e dedicava amor e carinho a netos e bisnetos.

Em 1972, Lelé com toda a sua família mudou-se para Santarém, onde fixou moradia no bairro Interventoria. Ao chegar à cidade, movida pela experiência comunitária já vivida anteriormente em Aritapera, e animada pelo Espírito de Deus, começou a visitar e a conhecer as poucas famílias que já moravam no bairro. A partir daí, juntamente com seu esposo e outras pessoas começaram a semear as primeiras sementes da comunidade de Cristo Libertador. Além do seu engajamento na comunidade Cristã, também exerceu sua cidadania como militante do movimento popular ajudando nas lutas por melhores condições de vida.

Foi uma das coordenadoras do MOP (Movimento de Organização Popular), coordenou grupos de revenda e com muito entusiasmo ajudou na coordenação de várias lutas, enfrentando Polícia e repressão da então ditadura militar. Como uma das primeiras lideranças da comunidade, foi animadora de grupo de vizinhos, coordenadora de clube de mães, orientadora de crianças da catequese, orientadora de Batismo, animadora de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), Ministra da Eucaristia, membro do apostolado de Oração e Legião de Maria. Defendeu e experimentou ainda, a prática dos grupos de revenda, uma alternativa de combate aos atravessadores entre os produtores rurais e os consumidores urbanos.

Toda sua motivação vinha da frequente experiência com a Palavra de Deus, com a prática de Oração e a participação ativa na comunidade, nas celebrações Eucarísticas e nos encontros de capacitação.

Sua presença em todas as ocasiões foi sempre motivo de alegria e estímulo, sua maneira extrovertida e sincera contagiava todos com suas piadas e com sua maneira carinhosa e acolhedora. Ao celebrarmos seus 80 anos, já não tinha mais a mesma energia física, mas o seu espírito jovem cheio de fé, de alegria, de motivação continua contagiando a todos nós.

Entre as personalidades homenageadas pela Câmara Municipal de Santarém, na sessão solene, do dia 21/12/2011, quando se deu o encerramento do período legislativo, minha mãe Teresa Rego Corrêa (Lelé), era contemplada com o título de Honra ao Mérito, através do DECRETO LEGISLATIVO Nº 11/2011. Indicação feita pelo então Vereador Carlos Jaime.

Sua experiência de luta pela vida e sua presença em ocasiões de movimentos sociais, sempre buscando a defesa da qualidade de vida para todos, foi e sempre será motivo de alegria e estímulo. Vamos lembrar sempre de sua maneira extrovertida e sincera contagiando a todos, com suas piadas e jeito acolhedor.

HUMILDEMENTE… LELÉ

Meu irmão Paulo Henrique Rego Corrêa, é autor do texto Humildemente … Lelé, que foi lido na conclusão da Missa de 7º Dia, por minha irmã Vera Lúcia Rego Corrêa:

“Seu eterno adormecer, nos possibilita a reflexão sobre a existência humana e a missão de cada um, enquanto vivente. Uns constroem, outros destroem; Uns sorriem, outros choram. Quanto às árvores… Algumas dão frutos pequenos, adocicados e nutritivos. Outras, grandes e envenenados.

É bíblico que a existência humana tem sua origem etimológica, fincada no “Jardim do Éden” e, perpassa pela maternidade que, a partir de então, se chama mãe. Aqui, já saudosos, falamos da mãe, da avó, bisavó e sogra… Lelé.

Não foi apenas a fecundação, o ato de conceber ou o enjôo gestacional; Nem tão pouco o parir que fez de você essa grande mãe. O cuidar, o velar, o amamentar, o guiar e o educar, fizeram parte de um processo que juntos, se transformaram no mais admirável sentimento que é o amor… O amor de mãe!

E foi alimentada por esse sentimento que adquiriste a capacidade de tantas coisas boas: A capacidade de perceber num simples olhar, no mais profundo silêncio de um filho, se este ou àquela, estava ou não feliz; Só você mãe, sabias dispersar o sono até que o último filho à casa retornasse, aproveitando esse tempo para velar o sono dos demais que acomodados, dormiam.

Hoje, a casa sem o seu reger se tornou uma orquestra desafinada. Sua presença no lar é insubstituível; a última pitada de condimento era você quem dosava, não apenas no alimento para o corpo, mas, no alimento que nutria a união, a harmonia, a alegria e a felicidade dessa base sólida chamada família… A família da “dona Lelé”, que com garras afiadas, feito águia, a defendia porque conhecia cada célula gerada em seu útero e de suas entranhas saída.

Como excluir da memória os almoços aos domingos em família e você conduzindo as orações de agradecimentos a Deus pelo alimento, pela vida e tantas outras coisas; Como esquecer as brincadeiras e seus presentinhos em épocas natalinas. Sua preocupação com a comunidade e sua fervorosa religiosidade, às missas aos domingos e o radinho de pilha, ligado na Rádio Rural.

E agora, após sua partida, vários sentimentos se manifestam e se misturam. Uns, nos confortam por sabermos do cumprimento de sua missão na terra. Outros, movidos pela ausência nos fazem chorar.

OH MEU DEUS!

Sentimo-nos confortados chorar de saudade, porque deixaste saudade; nos alegra chorar pelos momentos, porque tivemos tantas oportunidades de vivê-los. Como é bom lembrar suas mãos puxando nossas orelhas, nos educando para a vida. As mesmas mãos que nos acariciavam e se erguiam para nos abençoar em nome de Deus: “Deus te abençoe”! E, os abraços que diziam tudo e às vezes não sabíamos interpretar.

Como é bom lembrar os bons exemplos, das determinações, das renúncias feitas para facilitar a vida de quem amavas; como é bom lembrar o seu colo, do seu riso, das brincadeiras, dos sábios conselhos; como é bom agora sentir o gosto salgado das lágrimas rolando pelo rosto, porque são resultados de sua lembrança; como é bom agradecer a Deus pela sensibilidade de perceber, assim, o desenvolvimento da vida, aceitando os seus caminhos e seguindo em frente.

Portanto, mamãe, saiba que o amor que sentimos está além de tudo mais belo que há em nós. Orgulhoso como ser fecundado de seu ventre, tudo faremos para honrar seu nome. Descanse em paz. (Sua família)

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