Tentativa de privatização do Lago do Maicá ganha novo capítulo
Na tarde de segunda-feira (28/03), iniciou-se um novo capítulo da tentativa de privatização do Lago do Maicá, em Santarém, oeste do Pará, para entregá-lo às empresas privadas, destruindo o meio ambiente, acabando com a renda de, pelo menos, 400 pescadores e sem que nada seja assegurado em retribuição à população de Santarém.
Com o adiamento da Audiência Pública marcada inicialmente para ocorrer em fevereiro, a SEMAS/PA marcou inicialmente “Oficinas” que foram transformadas em reuniões, que se iniciaram na segunda-feira no bairro Pérola do Maicá. Hoje a reunião acontece em Mojuí dos Campos e na quarta-feira em Belterra. O propósito das reuniões é esclarecer sobre o projeto portuário da EMBRAPS e preparar a população para a Audiência Pública com data a ser definida.
Em total desrespeito com a Associação dos Moradores do Bairro Pérola do Maicá(AMBAPEM), que inclusive protocolou pedido para a realização de Audiência Pública no Bairro, colocando a sua sede à disposição da SEMAS/PA, o órgão governamental realizou a reunião no interior de uma Igreja evangélica, que devido ao seu pequeno espaço provou ser um local inapropriado para o evento e razão pela qual muita gente ficou do lado de fora do prédio.
O presidente da AMBAPEM, Ronaldo Costa, repudiou a atitude da SEMAS/PA e da EMBRAPS, que em total desrespeito pelos moradores do bairro, nem ao menos convidaram oficialmente a entidade, demonstrando a falta de transparência do projeto que conta com total apoio do governo do Estado e da Prefeitura de Santarém que querem enfiar o projeto “goela abaixo” no povo, sem querer a participação efetiva da sociedade civil organizada.
O advogado do CONSEG – Conselho de Segurança Comunitário da Grande Área do Maicá e da AMBAPEM, Dr. Hiroito Tabajara, alertou que o projeto é repleto de falhas e que inclusive não consta as vias de acesso ao empreendimento, assim como não existe qualquer indicativo da matriz energética a ser utilizada ou mesmo sobre como será o sistema de abastecimento de água e destinação de resíduos líquidos (esgoto).
O advogado reafirmou o repúdio à atitude de não convidar a AMBAPEM para participar de um evento realizado no bairro e que é tema de grande preocupação dos moradores.
O presidente do CONSEG, Adilson Matos, destacou que a população está sendo enganada pelos órgãos públicos, citando por exemplo a SEMAS/PA e a Prefeitura de Santarém, que em suas palavras não cumpre com qualquer acordo que vise o bem estar da população da Grande Área do Maicá, porém, se empenha arduamente em defender o interesse de empresas privadas em prejuízo dos moradores da Grande Área do Maicá.
O Vereador licenciado e Secretário de Planejamento, Valdir Mathias Junior, saiu em defesa do governo e disse que realmente não existe o acesso ao empreendimento e que a Prefeitura não dispõe de dinheiro para consegui-lo, mas que se o projeto portuário for licenciado a Prefeitura vai procurar meios de financiar as obras de acesso ao empreendimento, que o próprio governo já estimou em 45 milhões de reais.
A população presente ficou indignada ao saber que para viabilizar a construção de vias de acesso para atender aos interesses de uma empresa privada a Prefeitura de Santarém não irá medir esforços para conseguir recursos, enquanto a população do bairro é esquecida e não conta com uma única rua asfaltada.
A maioria absoluta dos presente se manifestou contrariamente ao empreendimento, chegando inclusive a momentos tensos, principalmente quando uma servidora da prefeitura de Santarém, se apresentou como líder do Bairro Jaderlândia e em seguida ofendeu as mulheres indígenas, quilombolas e a todos que se mostraram contrárias ao empreendimento, chegando até mesmo a classificar como “horrorosa” a camisa utilizada por ativistas contrários à privatização do Lago do Maicá, causando grande revolta entre os presente que não concordaram com a forma desrespeitosa e preconceituosa da servidora pública.
Fonte: RG 15/O Impacto
Isso é um desrespeito com a população de Santarém, acabaram com a Vera Paz e agora querem acabar com o Lago do Maicá.