Empreitada criminosa
É muito comum os meios de comunicações divulgarem informações repassadas, inclusive e principalmente por policiais, de que certos homicídios foram frutos de “acertos de contas”, sem que sequer se tenham iniciadas as devidas investigações.
A expressão “acerto de contas”, quando relacionada a casos de homicídios, nos remete imediatamente a ideia de que a vítima também era criminosa, daí porque não nos importamos se existiu investigação suficiente para descobrir quem foi o autor do crime. Pensamos: Pra que investigar, se a suposta vítima era um bandido, também?”
No Pará, segundo estudos do “Atlas da Violência”, 86% dos homicídios e latrocínios registrados nos últimos 10 (dez)anos estão relacionados diretamente ao tráfico de drogas, ou seja, em pelo menos 2.964 casos, sem dúvidas, foram utilizadas a expressão “acerto de contas”. Ficar registrado não quer dizer, solucionado.
Acontece, de certo, que muitos dos casos não tem relação alguma com os supostos acerto de contas, mas porque de forma irresponsável empregamos e difundimos de imediato aquela expressão, acabam ficando impunes os autores de homicídios contra vítimas moradores de rua, menores de idade, negros, usuários de drogas, homossexuais, também.
De toda forma, não deixa de ser alarmante o número de crimes relacionados com o tráfico de drogas, número mais que suficiente para o endurecimento ao seu combate. Os governos e sociedade, no entanto, parecem preferir lavar as mãos, porque aceitamos bem ainda o eufemismo criminoso “acerto de contas. E porque lavamos as mãos, somos todos partícipes dessa empreitada criminosa, também.
Fonte RG 15/O Impacto