Profissionais de saúde ampliam conhecimentos sobre cuidados paliativos no Hospital Regional
Como contar para uma pessoa que ela não vai conseguir sobreviver a uma doença? Como informar a uma mãe que ela não vai ter a chance de ver o seu filho crescer? Como preparar uma família para receber a pior notícia que alguém pode dar? E como oferecer os melhores dias a um paciente, sabendo que estes serão os últimos? Falar sobre cuidados paliativos envolve responder todas essas questões. E, por tudo que abrange, torna-se bastante complexo. O tema, em si, é considerado novo no Brasil. Em 2002, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu cuidados paliativos como uma abordagem ou tratamento que melhora a qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameacem a continuidade da vida. Em resumo, cuidados paliativos é tentar possibilitar os melhores momentos possíveis para os pacientes que não vão sobreviver por muito mais tempo. É uma preparação, também, para a família se adaptar à situação.
Como o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) atende casos graves, de alta e média complexidades, invariavelmente os profissionais se deparam com pacientes em que não há perspectiva de cura para a doença e o tempo de vida estimado não é muito prolongado. “Muitas vezes o médico que está tratando da dor do paciente não é o mais indicado para falar sobre o assunto, por isso existe a necessidade de haver outros profissionais, nesse processo, que saibam que todas essas atividades acontecem em conjunto. Tudo o que fazemos é para que o paciente e a família possam se sentir o mais confortável possível”, informa o coordenador do Serviço de Oncologia, cirurgião Marcos Fortes.
O assunto é delicado e, por isso, exige que os profissionais de saúde estejam preparados para auxiliar os pacientes a passarem por essas mudanças e encararem a vida – enquanto ela durar – de forma tranquila e aceitável. É importante não tratar apenas os aspectos físicos, mas, também, os psicológicos e espirituais. “Esse tratamento é ofertado ao paciente que tem alguma doença que não tem mais possibilidade terapêutica, mas, apesar disso, nós podemos aplicar uma assistência que permita qualidade de vida no âmbito físico, a respeito da dor, no âmbito espiritual, psicológico e social. Não somente ao paciente, mas à família dele, também”, explica a diretora de Enfermagem, Daniella Mengon.
Assim, a equipe formada por médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais devem estar treinados e prontos para tratarem com os pacientes e familiares sobre os cuidados paliativos. A enfermeira Ellen Domiciano foi uma das que receberam o treinamento. “É um assunto muito delicado. No momento em que chega a notícia de que o paciente é de cuidado paliativo, muitas vezes ele não aceita, a família não aceita. Nós, como profissionais, temos que ter bom senso nesse momento”.
A psicóloga hospitalar Gabriela Fortes aponta que, ao longo do tratamento, vários momentos difíceis surgem, fazendo com que a equipe tenha que trabalhar em conjunto para atender aos anseios apresentados. “Um desses momentos é o diagnóstico. Quando a gente fala de doenças crônicas, como o câncer, é uma doença que reporta à sua finitude, à morte, quando a pessoa recebe o diagnóstico. Então, trabalhar esse processo de luto é fundamental para que o indivíduo consiga chega ao processo de término de sua patologia com qualidade de vida”.
Semana de Enfermagem
O tema Cuidados paliativos, uma visão multiprofissional na assistência humanizada, foi debatido durante a 7ª Semana de Enfermagem do HRBA, realizada nos dias 12 e 13/05. A programação iniciou na quinta, às 8h30, no auditório da unidade. Foram realizadas quatro palestras sobre a temática, abordando a perspectiva da atuação dos diferentes profissionais. Ainda houve um bate-papo para que as dúvidas sobre o assunto fossem respondidas por uma médica.
A Semana de Enfermagem é realizada anualmente pelo hospital e acontece como forma, também, de homenagear os enfermeiros e técnicos de enfermagem que trabalham na instituição. O Dia Mundial do Enfermeiro é comemorado no dia 12/05. O Dia Nacional do Técnico e Auxiliar de Enfermagem é lembrado no dia 20/05.
A vereadora Marcela Tolentino, que também é enfermeira, participou da mesa de abertura do evento. Ela parabenizou os profissionais e chamou a atenção para o fortalecimento da categoria. “É um momento para reflexão enquanto profissional, para se questionar o que eu estou fazendo, será que estou sendo bom funcionário? É importante fortalecer a profissão”, argumenta.
A representante da subseção do Conselho Regional de Enfermagem do Pará (Coren-PA), Adalgisa Lima, falou da importância da atuação desses profissionais no atendimento aos usuários e reforçou a importância de uma postura cada vez mais humanizada. “Meu desejo é que, neste processo do cuidar, nós possamos ter um compromisso muito mais do que apenas ter um olhar diferente. Espero que cada profissional tenha um compromisso especial com quem nós dispensamos cuidado. Todos nós enfermeiros fazemos parte deste processo e vemos os resultados”, diz.
O HRBA possui quase 400 profissionais da enfermagem. E o diretor geral da unidade, Hebert Moreschi, fez questão de reconhecer o esforço desses colaboradores para que o hospital estivesse entre os melhores do país. “Nós só alcançamos resultados satisfatórios em qualquer proposta de tratamento quando a equipe trabalha junto. Vocês, enfermeiros e técnicos, são o cerne deste grupo, trabalhando 24 horas por dia ao lado de nossos pacientes. Além de parabeniza-los, nós agradecemos. Porque se hoje nós recebemos tantas premiações importantes, como estar entre os dez melhores hospitais públicos do Brasil, isso é fruto do trabalho de vocês, também”.
O Hospital
Gerenciado pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, sob contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), o HRBA foi destaque na revista Exame, que publicou em seu site, no dia 8 de maio, matéria intitulada “Estes são os 10 hospitais públicos de excelência no Brasil”, em que mostra as unidades de saúde do país que fornecem os melhores atendimentos à população, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Dos quase 3 mil hospitais públicos do país, apenas dez possuem o certificado de excelência concedido pela Organização Nacional de Acreditação (ONA).
Fonte: RG 15/O impacto e Joab Ferreira