Estado e Município abandonam escola
Depois de realizar uma vistoria no dia 04 deste mês, no setor de educação do Centro de Recuperação Agrícola Silvio Hall de Moura (CRASHM), na Comunidade de Cucurunã, uma equipe do Conselho da Comunidade (voluntários auxiliares da Vara de Execução Penal de Santarém) denunciou a precariedade do local, onde até caneta e papel falta para os estudantes.
A equipe composta por Eunice Correa, Loreni Bruch, Betânia Conrado e o advogado Celso Furtado constatou a falta de atenção aos estudantes durante uma visita de rotina.
Segundo o advogado Celso Furtado, um fato que chamou a atenção da equipe durante a visita ao setor de educação que tem cerca de 132 presos como estudantes do ensino básico, alfabetização e ensino médio, foi a infraestrutura do local, onde funciona a secretaria, biblioteca e salas de aula, sendo uma adaptação em um anexo da cozinha.
“Funciona de forma adaptada e não há como os professores atuarem de forma tranquila, pois o barulho é insuportável de uma sala a outra que não possuem isolamento. A precariedade é tanta que até material didático é insuficiente. Falta caneta, lápis, papel caderno, etc”, revelou o advogado Celso Furtado.
Perguntado pela equipe do Conselho da Comunidade como conseguem o material básico, os detentos responderam que são através de alguns parceiros como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção de Santarém, empresas e pelos próprios professores.
De acordo com o advogado Celso Furtado, até um cursinho preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está sendo ministrado de forma precária, na escola do Presídio de Cucurunã. “Nossa equipe de voluntários do Conselho da Comunidade se sentiu sensibilizada com a carência de material didático para os alunos do setor de ensino do Presídio”, declarou o advogado.
Interrogado pela equipe do Conselho quem são os responsáveis pela manutenção da escola, os detentos foram enfáticos ao afirmar que é a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susip), com convênios com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e Secretaria Municipal de Educação de Santarém (Semed).
“Até a merenda está escassa. O ano letivo está comprometido, pois desde o início do ano não recebem material didático suficiente para atender os cursos. No local existe uma biblioteca que carece de livros para pesquisas, há necessidade de clamor para que se faça uma campanha para doação de livros”, apontou o advogado Celso Furtado.
Ele assegura que há uma reclamação geral por parte dos internos que se dispuseram em aprender, sobre a falta de condições para os exercícios em sala de aula ou até mesmo quando precisam pesquisar algum assunto em um livro. Os internos dizem que tem que aguardar por semanas até conseguir que um parente ou outra pessoa caridosa possa atender um pedido e doar o material didático.
“Os detentos dizem que por estarem cumprindo pena, tudo é mais complicado. Os coordenadores do setor de ensino no presídio em Santarém apelaram para que o Conselho da Comunidade possa sensibilizar as autoridades, do Estado, Município e até Ministério Público Estadual para interferir a favor da educação carcerária que passa por dificuldade extrema”, concluiu o advogado Celso Furtado.
Por: Manoel Cardoso