Militares temem por suas vidas
O crescente número de Policiais Militares mortos em todo o estado do Pará tem trazido sentimentos de revolta, principalmente nas classes representativas das categorias. O agente público que tem como missão trazer segurança para a sociedade, tem sido alvo fácil da marginalidade. Do total de 17 militares mortos neste ano no Pará, pelo menos a metade estava em serviço.
Nossa equipe de reportagem procurou as entidades representativas da categoria para trazer à população, a avaliação desse momento difícil enfrentado, tanto pela população, como por aqueles que deveriam ter todo o aparato do Estado para possibilitar segurança pública para sociedade.
“Se quem é para fazer a segurança pública, – digamos de forma grosseira – está sendo caçado, imagine a população que deveria receber segurança”, assim desabafou o 3º Sgt. PM Joaquim, Presidente do Grêmio de Santarém da Associação de Cabos e Soldados da PM/BM-PA.
“A gente se sente impotente nesta situação. Como é divulgado na imprensa, tudo mundo é ciente do que está acontecendo, e que infelizmente o nosso Secretário de Segurança Pública, General Jeannot Jansen, que poderia se pronunciar, em relação a isso, falando quais medidas estão sendo adotadas, não está fazendo. A Diretoria Geral em Belém já acionou o Ministério Público para pedir providências em relação às mortes que têm vitimados os militares. E também, há uma solicitação para exoneração do Secretário de Segurança Pública, haja vista que o mesmo não se pronuncia em relação às inúmeras mortes ocorridas no estado”, explica o Sargento.
Segundo ele, o governo estadual ainda deixa a desejar em relação à categoria. “O governo do Estado nem sequer repassou o aumento no salário base. Precisamos de melhorias nos equipamentos”, acrescentou.
Já para o presidente da Associação dos Militares Estaduais do Oeste do Pará (ASMEOP), Sgt. PM Alexandre Regis Guimarães, a violência tem índices elevados devido ao aumento do tráfico de drogas.
“A realidade é que as organizações que comandam o tráfico de drogas estão proliferando, até têm mostrado um certo poder em relação ao Estado. Isso é resultado da forma que é a nossa legislação penal, que de certa forma tem facilitado, através das audiências públicas, o cidadão infrator, que pode responder esses processos em liberdade. E isso acarreta às vezes, retaliação contra o policial que fez a prisão. Então, o Estado tem que se fortalecer cada vez mais”, afirma o Sargento Alexandre.
Para o presidente da ASMEOP, alguns fatores contribuem para que o número de militares mortos tenha aumentado. “Por ele trabalhar ostensivamente na rua, utilizando farda, tendo assim a sua identificação, isso é utilizado pelo criminoso para agir”, citou como exemplo.
MORTE DE POLICIAIS MILITARES PREOCUPA AUTORIDADES DO PARÁ: Uma estatística feita pela Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) revela que no período de janeiro a agosto, deste ano, 17 policiais militares foram mortos no Pará, em razão de agressão por terceiros. A maioria dos policiais já estava aposentado. Em seguida, os policiais da ativa de folga no momento, e ainda dois mortos durante o serviço.
A PM informou que a corporação vem investindo fortemente em qualificação e equipamentos. A PM afirma que nos últimos 18 meses, passaram por treinamento aproximadamente 9 mil policiais de um total de mais de 15 mil da ativa.
Entre os casos de violência cometida contra servidores de segurança pública, no último sábado, 27, o cabo PM, Erinewdo Xavier Souza, 34 anos, natural de Santarém, foi morto a tiros após reagir a um assalto, na Rua Osvaldo de Caldas Brito, no bairro Jurunas, em Belém. O corpo do policial foi transladado na tarde de domingo, 28, para Santarém, onde foi velado na Igreja de São Francisco, no bairro Caranazal e sepultado na tarde de segunda-feira, 29 de agosto, no Cemitério São João Batista, na área central da cidade.
De acordo com a Polícia Militar, o cabo Erinewdo Xavier estava na Rua Osvaldo de Caldas Brito, perto da Avenida Bernardo Sayão, no Jurunas, onde foi abordado por dois criminosos. Ele teria reagido e sofreu o tiro. A vítima ainda chegou a ser socorrida e levada a um hospital, mas não resistiu ao ferimento e morreu.
Na manhã de terça-feira, 30, um adolescente de 17 anos, que teria assassinado o cabo da Polícia Militar, se entregou na sede da Divisão de Homicídios, em Belém. O jovem se apresentou na Delegacia acompanhado do advogado, onde prestou depoimento.
A defesa do jovem informou que vai trabalhar com a acusação de tentativa de roubo, pois a intenção era assaltar o PM, e não assassiná-lo. No entanto, a Polícia Civil afirma que o jovem vai responder por latrocínio, quando há roubo seguido de morte.
Outro caso foi registrado na noite de 17 de julho deste ano, no cruzamento da Travessa Assis de Vasconcelos com a Rua 24 de Outubro, no bairro da Aldeia, em Santarém, onde após atingir um homem com um tiro na cabeça dentro de um bar, o soldado da Polícia Militar, David Lira Sampaio, de 33 anos, foi linchado em plena via pública.
Ele chegou a ser socorrido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e conduzido para o Pronto Socorro Municipal (PSM). Porém, não resistiu aos ferimentos e faleceu minutos depois, na sala de reanimação do PSM.
A Polícia Militar explicou que um homem chegou ao bar e mexeu na mesa de sinuca, provocando o começo de uma briga generalizada. Durante a confusão, o policial militar que estava de folga no local, teria tentado controlar a situação, sacou a arma e fez alguns disparos contra o homem.
Os tiros atingiram o jovem Érick Newton Sena Serra, de 25 anos, que morreu na hora. Após efetuar os disparos, o policial militar tentou deixar o local em uma motocicleta, mas foi impedido por pessoas que estavam no bar. O PM foi imobilizado, agredido e teve a arma subtraída.
Durante a confusão, outro homem, identificado por João Danilo Nogueira Torres, também foi agredido e levado ao PSM. Equipes da Polícia Militar foram acionadas ao local para controlar a situação. Um inquérito foi aberto para apurar os crimes.
INVESTIGAÇÃO: A Segup informou que os ataques aos policiais militares estão sendo investigados pela Policia Civil (PC) com a colaboração da corregedoria da Polícia Militar. A Segup garante que vem esclarecendo os casos de homicídios de policiais e, que recentemente solucionou um crime envolvendo uma subtenente em Santarém, os suspeitos foram presos e aguardam julgamento.
MORTE DA SUBTENENTE: A subtenente da PM, Silvia Margarida Campos de Sousa, 44 anos, foi morta na manhã do dia 14 de dezembro de 2015, com um tiro na cabeça, na Avenida Plácido de Castro, no bairro Caranazal, em Santarém. A arma da vítima foi levada do local do crime. A câmera de segurança de uma residência da área, registrou o momento em que a subtenente caminhava pela rua e a aproximação do suspeito em uma motocicleta.
De acordo com informações do superintendente da Polícia Civil do Baixo Amazonas, delegado Gilberto Aguiar, o suspeito de cometer o crime, Sebastião Barbosa Neto, foi preso ainda na tarde de 14 de dezembro de 2015, na cidade de Rurópolis, distante 217 quilômetros de Santarém, durante uma operação de rotina da PM. O delegado Gilberto informou que o suspeito foi identificado na troca de informações entre policiais de Rurópolis e de Santarém.
Após a prisão em Rurópolis, Neto foi levado para a penitenciária do município de Itaituba e, de acordo com a polícia, ele foi transferido para uma penitenciária da Região Metropolitana de Belém, com intenção de evitar interferências na investigação.
ÓRGÃOS DE SEGURNÇA FAZEM OPERAÇÃO: Foi realizada no dia 28 de agosto, a ‘Operação Caravana da Segurança III’, em um trabalho conjunto das Polícias Militar, Civil, Corpo de Bombeiros, Departamento de Trânsito do Estado (Detran), Ministério Público do Estado, Juizado da Infância e da Juventude, Vigilância Sanitária, Secretarias Municipais de Meio Ambiente e de Trânsito, além das Polícias Federal e Rodoviária Federal. As ações tiveram início na noite de sábado, 27.
Mais de 100 agentes participaram da operação. Somente da PM foram cerca de 60 militares em atividade. Barreiras foram montadas em pontos estratégicos, caso das confluências da Curuá-Una com Mendonça Furtado e Curuá-Una com Moaçara. Ao mesmo tempo, bares e estabelecimentos comerciais similares, em bairros como Jutaí, Área Verde, Maicá e Nova República, foram fiscalizados.
No balanço apresentado pelo 12º Batalhão da PM, 418 pessoas foram abordadas. Dois bares foram fechados por falta de documentação e pela permanência de menores de idade. Na operação, 143 veículos foram submetidos à fiscalização dos órgãos integrados, sendo quatro ônibus, 82 motocicletas e 57 carros. Os agentes do Detran, PMs e integrantes da Secretaria Municipal de Trânsito abordaram 136 condutores.
O comandante do Policiamento Regional 1, coronel Tomazo Pereira de Lima, avaliou como positivo o resultado alcançado. “Primeiro, este tipo de operação integrada é baseada em ‘hot points’, levantados pelas estatísticas da PM e Polícia Civil, no sentido de reduzir a criminalidade e atacar com foco no problema; segundo, traz mais segurança na atuação da tropa, do policiamento ostensivo, por ver diretores de outros órgãos participando de ações conjuntamente”, disse.
Durante abordagem no bairro Jutaí, uma guarnição da PM encontrou uma pequena quantidade de entorpecente com um grupo de pessoas que bebiam em uma esquina. Na ocasião, a polícia prendeu Pablo Ribeiro, de 23 anos, por desacato à autoridade. Ele foi levado à delegacia de polícia para o registro de ocorrência.
Durante a barreira montada na avenida Curuá-Una com Mendonça Furtado, as forças de segurança abordaram uma camionete Hilux e dentro dela encontraram um revólver, calibre 38, munições e uma quantidade de dinheiro. Os dois homens que estavam no veículo foram encaminhados à delegacia.
Ainda na noite do sábado, dez policiais militares que integravam a Operação Caravana da Segurança III, foram destacados para reforçar o policiamento no Festival Folclórico promovido na praça São Sebastião. Algumas pessoas foram detidas por conta de embriaguez e posse de arma branca.
Por: Edmundo Baía Junior