Estudante mapeia locais de recebimento de material reciclável e reutilizável
Para vencer o desafio de elaborar um trabalho de conclusão de curso (TCC), requisito parcial necessário para alcançar o grau de bacharel no Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia das Águas(BICTA), o aluno do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental Ydennek Castro fez o “Levantamento das iniciativas de destinação final dos resíduos sólidos urbanos existentes no município de Santarém (PA)”. Sob a orientação da professora Amanda Estefânia de Melo, o trabalho resultou também em um mapa interativo, que pode ser atualizado com a contribuição dos internautas pelo e-mail ydennek.castro@gmail.com.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), em 2014 produziram-se no Brasil 78,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU), ou o lixo nosso de cada dia. Desse total, somente 54,8% receberam a destinação final “ambientalmente adequada”, o que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação, aproveitamento energético e disposição final em aterros sanitários. Quase a metade, ou seja, 41,6% foram destinados a locais inadequados e seguiram para lixões ou aterros controlados.
Em Santarém, sede da Ufopa, a realidade não é muito diferente. De acordo com o estudo, nos últimos anos o município apresentou uma expansão urbana desordenada. A falta de gestão e infraestrutura levou a um aumento no acúmulo dos resíduos. Só para se ter uma ideia, em 2014 foram coletados no município cerca de 99,5 toneladas por dia de resíduos sólidos urbanos. “Acreditamos que boa parte desse total recebeu a destinação final inadequada, visto que há desconhecimento e falta de informações a respeito de empresas que realizam a coleta e, por conseguinte, a destinação final ambientalmente adequada dos RSU”, alerta Castro.
Diante dessa realidade, o então aluno do curso de Engenharia Sanitária, Ydennek Castro, decidiu realizar um levantamento das iniciativas de destinação final “ambientalmente adequada” de resíduos sólidos urbanos, em Santarém. “O objetivo final foi fornecer informações para elaboração de um mapa de localizações desses pontos”, afirmou.
Etapas do trabalho – A execução do estudo foi dividida em três etapas. Inicialmente a aplicação de questionários para obter informações sobre quantidade média de RSU coletados no município, sua destinação final e se existem iniciativas de coleta seletiva. Em seguida foi feito o mapeamento dos pontos de iniciativas de tratamento e destinação final dos resíduos. Por fim, a elaboração do mapa com as coordenadas sobre os pontos em que os resíduos reaproveitáveis ou recicláveis podem ser depositados.
Metodologia utilizada – Seguiu-se a metodologia snowball, uma forma de amostragem não probabilística em que os participantes iniciais de um estudo indicam novos participantes, que por sua vez, indicam outros novos participantes e assim sucessivamente, até que seja alcançado o objetivo proposto. Nesse caso, os pontos onde os materiais podem ser depositados.
Resultados obtidos – Foram identificadas na cidade 16 empresas que realizam a coleta e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos. Ao todo, são 15 pontos de entrega voluntária (fixos) específicos para plástico e um projeto, ainda em fase de testes, intitulado “Lixo Legal”. No entanto, apenas quatro empresas realizam, em suas sedes locais, a destinação final adequada dos resíduos. As outras 11 atuam como intermediadoras na compra e venda dos materiais.
Entre as empresas que realizam a destinação final dos resíduos está a Ecobom, que recebe em média 1.080 litros/mês de óleo de cozinha, utilizado na fabricação de sabão. Já a empresa Walplast, especializada no tratamento de plástico PEBD (polietileno de baixa densidade), recebe em média 12 toneladas/mês. O material é utilizado para fabricação de sacos para cesta básica e lixo.
A empresa Anaplast fabrica mangueiras e tubos a partir da reciclagem de plástico PEAD (polietileno de alta densidade). Além dos resíduos do município, a empresa recebe também da cidade de Altamira (PA), localizada a 289 km de distância, e de Uruará, a 178,64 km. Disto resulta o total de 14 toneladas de resíduos por mês.
A empresa Siga Bem recebe, em média, 40 toneladas/mês de resíduos oriundos de Santarém e de Itaituba, situada a 249,13 km. O montante de resíduos é formado basicamente por plástico PEAD e PEBD. O material é utilizado para a fabricação de conduítes, mangueiras e sacos plásticos para lixo.
PEVs – A localização dos pontos de entrega voluntária e empresas de coleta e destinação final dos RSU pode ser visualizada no mapa interativo.
“A escassez de empresas de recicláveis pode estar relacionada à falta de confiança na estabilidade do fornecimento de sua matéria-prima (o resíduo), assim como o excesso de burocracia e a falta de incentivos fiscais, por parte do governo municipal, de modo que demonstrem desinteresse em apoiar tal atividade. Ressalta-se que as autoridades fiscais impõem sérias restrições, pois a carga de impostos inibe os movimentos de materiais através das fronteiras estaduais, sendo possivelmente um entrave para o aumento da escala operacional das indústrias de reciclagem”, conclui Ydennek Castro.
Confira abaixo o mapa interativo com a localização dos pontos de coleta e empresas de coleta e destinação dos resíduos.
Fonte: RG 15/O Impacto e Lenne Santos/Ufopa