Polícias se esforçam para combater criminalidade
O exponencial aumento da criminalidade em Santarém e região oeste do Pará tem colocado à prova a capacidade dos órgãos de seguranças. Mesmo com quadro de pessoal muito aquém do necessário, a Polícia Civil em parceria com a Polícia Militar, tenta dentro do possível, – às vezes do impossível – trazer à população respostas quanto à autoria e motivação dos crimes investigados.
Nesta semana a reportagem do Jornal O Impacto conversou com dois delegados nomeados no último concurso da Polícia Judiciária do Estado, momento em que eles se posicionaram quanto ao trabalho realizado no combate à criminalidade.
Para o Delegado Jaime Paixão, atualmente responsável pelos municípios de Terra Santa e Faro, mesmo os agentes da PC integrando a carreira jurídica do Estado, não são reconhecidos como tal, fato que ocasiona uma desvalorização da categoria.
“A Polícia Civil a nível nacional, tem sido muito desmerecida, no sentido de que nós fazemos parte da carreira jurídica do Estado, e nós não somos reconhecidos muitas vezes pelos órgãos estatais com uma carreira jurídica, fato que acaba estabelecendo uma desvalorização da classe dos delegados, e, por conseguinte dos agentes da autoridade policial que acabam recebendo menos investimentos, remuneração bem abaixo do que deveriam receber, para o tamanho da responsabilidade e competência que nós acumulamos”, destacou Jaime Paixão.
Sobre o aumento exponencial da criminalidade, o Delegado acredita que com a chegada de novos servidores advindos do concurso em andamento, esse ação diminuirá. “Eu acredito que com a entrada de novas pessoas no quadro da Polícia Civil, a questão da criminalidade tende a diminuir, uma vez que a gente entra com um ânimo renovado, com uma vontade de realmente fazer do serviço público um melhor serviço para o cidadão, especificamente na minha nova área de atuação, que é em Terra Santa e Faro, temos feito um trabalho exaustivo de combate à criminalidade, em parceira com a Polícia Militar, nós temos combatido a criminalidade de todas as formas, inclusive de uma maneira preventiva, realizando palestras nas comunidades. Temos observado o aumento de crimes relacionados à violência doméstica, que necessitam de uma investigação intensa e mais aguda. Atualmente, no nosso efetivo, contamos com um Escrivão de Polícia, um Investigador, e apenas eu como Delegado. Uma equipe ideal seria pelo menos quatro investigadores, dois escrivães, e um Delegado”, afirma Jaime Paixão.
Atualmente, um dos projetos que tem alcançado grandes resultados, é a implantação e construção das Unidades Integrada de Pro Paz (UIPP), criada para permitir a integração dos serviços prestados por várias esferas públicas em um único local. Sendo um novo modelo de gestão de segurança pública adotado pelo atual Governo do Estado com a finalidade de reduzir os índices de criminalidade no Pará. Um dos principais objetivos desta integração entre vários órgãos é atuar principalmente na prevenção, através de uma aproximação maior com a comunidade e da implantação de políticas sociais.
“A estrutura da UIPP é bem melhorada em relação às delegacias comuns, é uma estrutura com equipamentos e móveis novos, um prédio novo que dá um conforto maior, tanto para os servidores, quanto para a população. Então, comparado com as delegacias antigas, realmente a estrutura das UIPP é algo muito positivo. Nossa atuação é voltada para questões relativas à mediação e conciliação. Nós realizamos muito essa estratégia. São muitas as pessoas que nos procuram para que gente possa fazer algum tipo de orientação, inclusive de orientação jurídica. Aqueles casos que dependem de representação no qual vamos iniciar audiências, sempre visando a tentativa de conciliar as partes. O Estado nos últimos anos através das UIPP’s, tem buscado melhorar um pouco essa estrutura. Logicamente que nós sabemos que não aquele que vem a contento, porém, o que vem sendo feito tem melhorado um pouco a nossa estrutura. A questão das viaturas, que são novas, contam com uma cota de combustível que tem sido o suficiente, pelos menos nos município menores, como é caso de Terra Santa e Faro”, explica o Delegado, que relaciona o aumento da criminalidade em geral, com o crescimento do tráfico de drogas. “O tráfico de drogas, nós sabemos que é algo endêmico, e o crime organizado está cada vez mais sistemático. Nós sabemos, que os municípios de Terra Santa e Faro são rotas do tráfico, e temos trabalhado com informações, com inteligência, logrando êxito na captura de pessoas que realizam o tráfico de drogas, principalmente nas embarcações que fazem linha Terra Santa à Manaus. É um trabalho árduo, todos os dias temos que ficar atentos para essa situação, temos feitos todos os esforços, mesmo com material humano reduzido, com material de inteligência reduzido, porém, nós não temos medido esforços para tentar colocar atrás das grades as pessoas envolvidas com o tráfico de drogas”, conclui Jaime Paixão.
TRÁFICO DE ENTORPECENTES FOMENTA CRIMES: Quem acompanha o dia a dia da atuação policial verifica facilmente, que o crescimento do tráfico de drogas na região oeste do Pará – ocasionado entre muitos fatores, pela falta de fiscalização nas estradas e rios – é responsável pelo aumento expressivo dos índices de roubos, furtos e latrocínio/homicídio.
De acordo com o delegado Eric Peterson, titular da delegacia do município de Oriximiná, “a criminalidade nos últimos anos tem crescido bastante, devido principalmente ao tráfico de drogas, e nós enquanto Polícia Judiciária buscamos fazer tudo a contento, realizando os flagrantes, cumprindo os mandados de prisão preventiva expedidos pelo Poder Judiciário, e investigando, dentro do possível, apesar de toda a limitação que a gente possui, principalmente de falta de pessoal. Nós temos investigado os crimes registrados, e temos conseguido responder, não 100%, mas a grande maioria dos casos”, e acrescenta que, “sem dúvida alguma a nossa maior dificuldade hoje é falta de pessoal. Estamos com um concurso sendo realizado, e acreditamos que haverá uma melhoria nesta situação”, disse o delegado Eric Peterson.
JOVENS INFRATORES: Outro tema muito recorrente e a cada vez mais comum nas delegacias, é o envolvimento de jovens com a criminalidade. A Polícia Civil tem buscado trabalhar juntamente com os parceiros da rede de proteção.
“Na verdade, o trabalho em relação aos adolescentes é realizado em parceira com a Prefeitura, comunidade e a Justiça. Essa rede tem se esforçado para garantir os direitos dos mesmos. Na minha visão, o envolvimento dos jovens no submundo da criminalidade também é reflexo da falta de políticas públicas que tragam melhores oportunidades para nossa juventude. Portanto, é um problema social, e o poder público deve se esforçar para garantir atividades educacionais, esportivas e sociais para tirar os jovens da rua. A partir do momento que nós deixamos os jovens ociosos, eles acabam buscando caminhos inadequados, tornando-se presas fáceis dos traficantes. Se isso acontecer, sem dúvida diminuirá os índices de jovens cometendo crimes”, afirma o delegado Eric Peterson.
HOMICÍDIOS EM ORIXIMINÁ: De acordo com o Delegado Eric Peterson, em 2016, -até o momento – foram registrados oito casos de homicídios no município de Oriximiná, em sua maioria, as mortes estão relacionadas com o tráfico de drogas. “Infelizmente a maioria é oriunda do tráfico de drogas porque este crime acaba desandando em outros tipos de crimes como: roubo, furtos e latrocínio. A grande maioria dos homicídios registrados em Oriximiná é por envolvimento com o tráfico de drogas infelizmente”, conclui o Delegado Eric Peterson.
Por: Edmundo Baía Júnior