Câncer de próstata é campeão em mortes de homens
O mês de novembro é internacionalmente dedicado às ações relacionadas ao combate ao câncer de próstata e à saúde do homem em geral. O mês foi escolhido, uma vez que no dia 17 de novembro é comemorado o ‘Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata’.
Várias ações serão realizadas por o mês de novembro. A Câmara Municipal de Santarém realizou na terça-feira, 01/11, sessão especial dedicada à campanha “Novembro Azul”. Segundo o presidente Reginaldo Campos (PSC), autor do requerimento da referida sessão, o mês de novembro é internacionalmente dedicado às ações relacionadas ao câncer de próstata e à saúde do homem. O mês foi escolhido, haja vista que no sábado (17/11), é o ‘Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata’.
Reginaldo Campos ressaltou que o pedido para a Casa Legislativa discutir a campanha “Novembro Azul” se deu principalmente pelo fato dos homens, especialmente aqueles acima de 40 anos, serem negligentes em relação ao diagnóstico precoce do câncer de próstata, o que tem levado à morte milhares de homens, muitos sem ter tido a chance de fazer o tratamento. Para Reginaldo, a campanha convida os homens a quebrarem o preconceito e fazerem o exame do toque retal na próstata, “para que possamos viver mais no meio da família, da sociedade e preservar acima de tudo, a saúde”. Ele destacou, ainda, que a Câmara de Santarém busca motivar os homens do Município e do Oeste do Pará a fazerem o exame, quebrando o preconceito.
O diretor do Hospital Regional do Baixo-amazonas (HRBA), Herbert Moreschi, enfatizou que “assim como temos a campanha ‘Outubro Rosa’, em relação à conscientização de prevenção e combate ao câncer de mama, que se relaciona principalmente às mulheres, temos também o ‘Novembro Azul’ para chamar a atenção dos homens”. Moreschi esclarece, ainda, que o câncer de próstata é uma das doenças que mais matam o homem em todo o mundo, e que em Santarém e na região Oeste do Pará não é diferente.
O gestor do HRBA destacou, também, que as mulheres, na campanha “Outubro Rosa”, têm uma atitude positiva, o que não acontece com os homens, por estes terem a barreira do preconceito, sobre o toque retal, que segundo ele possibilita o diagnóstico precoce e assim favorece à condição de cura da doença.
Herbert deixa claro que a proporcionalidade do câncer de mama, como o de próstata é muito aproximada. “Ambos matam mais mulheres e homens, respectivamente, no mundo”. Sedentarismo e obesidade são fatores, segundo ele, que podem potencializar o câncer de qualquer natureza. “Mas o CA de próstata, continua sendo o campeão de mortes em homens, e “o grande desafio é fazer o diagnóstico precoce, com a quebra do preconceito”.
Augusto César de Aguiar Rebelo, médico cirurgião-geral e urologista, foi o palestrante da sessão especial. Segundo ele, há várias formas de rastrear o câncer de próstata para diagnosticar quem tem e quem não tem a doença, já que a doença só se manifesta quando está em uma fase avançada. O Urologista informou que esse rastreamento da doença só é possível através do toque retal e do PSA. Ele destacou principalmente a importância do toque retal, buscando a adesão de mais pacientes a esse tipo de exame.
De acordo com Augusto César, câncer de próstata é uma das doenças mais frequentes nos homens, “um em cada seis, terá o câncer de próstata ao longo de sua vida”. O médico observou que há dois fatores de risco para que a doença se manifeste: a idade e a genética. “Se na família há homens com diagnóstico de câncer de próstata, as probabilidades de a doença ser diagnosticada em membros dessa família são maiores”.
CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE: Aloísio Barroso, representante do Conselho Municipal de Saúde, disse que a campanha “Novembro Azul”, particularmente a sessão da Câmara sobre o assunto, é de muita importância porque a saúde está sendo tratada com muito carinho, “e isso motiva o homem a se cuidar”. De acordo com ele, o fator negativo é o “machismo do homem e a sua ignorância de não querer fazer o exame de próstata, contribuindo ainda mais com o elevado número de mortes de homens, vítimas da doença”.
SEMSA: O secretário municipal de saúde de Santarém, médico Valter Pinheiro Sinimbu, enfatizou que a campanha “Novembro Azul” é propícia para reforçar a necessidade de medidas de prevenção e rastreamento do câncer em Santarém. “O câncer de próstata é um dos mais frequentes entre os homens depois do câncer de pele. A incidência revela um número preocupante, uma vez que atinge um paciente a cada seis pessoas”. Sinimbu disse que para combater o câncer de próstata, a melhor alternativa é a prevenção, pois “com essa medida é possível livrar as pessoas dessa e de outras doenças”.
O representante do 9º Centro Regional de Saúde, da Secretaria de Estado de Saúde do Pará (SESPA), Fernando Antônio Araújo Melo, disse que um dos maiores desafios em relação à saúde do homem é a superação do “método super homem”, de que o homem não adoece. “O homem na verdade tem que aprender a cuidar da saúde dele desde cedo, e para se atingir esse objetivo precisa quebrar alguns paradigmas”, enfatiza. Melo disse que em toda a região o atendimento básico precisa ser fortalecido para reforçar, também, as campanhas de prevenção por meio dos programas de saúde voltados ao trabalhador para facilitar o acompanhamento, para que as condições de trabalho possam contribuir com a prevenção a doenças.
O professor Pedro Othmar, da UEPA, destacou que a campanha “Novembro Azul” é muito importante para o município de Santarém, especialmente aos homens. Segundo o professor, os homens ainda não têm uma consciência de cuidar permanentemente da própria saúde. “Já existe uma grande mobilização sobre a saúde das mulheres por meio da campanha Outubro Rosa, mas em relação aos homens, a preocupação com a prevenção ainda é bastante tímida”, completa.
CONGRESSO DEBATEU SOBRE OS DESAFIOS DA ONCOLOGIA NA AMAZÔNIA: Durante quatro dias, profissionais de diversas áreas da saúde estiveram presentes no II Congresso de Oncologia do Oeste do Pará para falar sobre os desafios do tratamento oncológico no interior da Amazônia. O evento foi realizado pelo Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em parceria com acadêmicos de Medicina da Universidade do Estado do Pará (Uepa), de 25 a 28/10.
O coordenador do setor de Oncologia do HRBA, cirurgião Marcos Fortes, diz que esta área da medicina tem muitas peculiaridades na Amazônia, o que se torna um grande desafio. “É só conhecendo bem tudo o que se faz no mundo que teremos como aplicar aqui na Amazônia. É preciso fazer as coisas certas para que as pessoas daqui tenham o melhor atendimento. É dar à Amazônia o direito de ter atendimento adequado de alta complexidade, mesmo com nossas dificuldades”. Fortes foi um dos palestrantes do evento, levando o tema: “Neoplasia de ovário – tratamento com quimioterapia intraperitoneal Hipertérmica”.
Para o cirurgião do Hospital Albert Einstein, Ricardo Sales, um evento deste porte serve para que os profissionais da região tenham conhecimento sobre as melhores práticas executadas no mundo, no campo da oncologia. “Certamente no ambiente amazônico isso é dificultado, pelas características locais. Este tipo de evento coloca em perspectiva um acesso que existe de forma um pouco maior no Sul e Sudeste e consegue mostrar para os profissionais de saúde daqui o que é o Norte a se perseguir”. Sales também falou sobre a região ter um hospital de ponta para o tratamento oncológico. “O Hospital Regional foi classificado com um dos melhores hospitais públicos, então, aqui, certamente, vai ter exemplos que podem ser repassados, até porque as dificuldades geram oportunidades”, conta o médico, que palestrou sobre “Neoplasia de pulmão”.
Outro grande nome presente no evento foi o oncologista Antônio Magoulas Perdicaris, que trabalhou o tema “Prevenção do câncer”. Autor de livros na área, Perdicaris afirma que é por meio da conscientização que as mudanças acontecem. “A prevenção primária, que é a prevenção baseada principalmente nos processos educacionais, é extremamente importante, porque leva você a transformar informação em conhecimento e, mais adiante, em atitudes e comportamentos. E isso vai fazer com que você comece a pensar em sua própria saúde e na saúde do próximo e, também, na preservação da natureza”.
Para o pesquisador, a prevenção primária ainda é a melhor maneira de combater o câncer, e outras doenças. “É só a partir do momento em que todo mundo se conscientiza formalmente e afetivamente que se pode fazer alguma coisa a mais, tanto para o planeta, como para outras pessoas, mas partindo principalmente do seu autoconhecimento”, explica.
Os desafios e perspectivas do tratamento de câncer no Oeste do Pará foram expostos pelo diretor Geral do HRBA, Hebert Moreschi, ao público presente. Ele destacou as conquistas alcançadas na área da Oncologia, ainda recente na região. O serviço foi implantado em 2008, em Santarém. Para Moreschi, O Hospital Regional tem dupla missão no desenvolvimento da Amazônia. “A primeira é desenvolver a assistência de média e alta complexidades, levando isso para as populações de todo o entorno de Santarém e região no Oeste do Pará. A segunda missão é formar profissionais. Nós ainda temos uma carência muito grande, o que acaba gerando uma sobrecarga no atendimento de saúde no Hospital Municipal e no Hospital Regional de Santarém”, afirma.
Atualmente, o HRBA tem 1.340 pacientes em tratamento oncológico, sendo que 711 são do sexo feminino e 629 do masculino. Os tipos mais comuns de câncer entre as mulheres em tratamento são: colo de útero (35%), mama (26%) e pele (14%). Em homens, os mais comuns são: próstata (28%), pele (25%) e estômago (15%). Em 2015, 220 pessoas iniciaram o tratamento no Hospital Regional, sendo que 21% destes são por conta de câncer de mama e 13% de colo de útero.
Os avanços são expressivos no setor de Oncologia. O serviço de quimioterapia foi inaugurado em 2008, realizando, no ano seguinte, 2.730 sessões. Em 2015, o total de sessões foi de quase 7.900. Em 2010, o Parque Radioterápico do HRBA (conjunto de equipamentos e serviços médico-hospitalares exclusivos para terapia do câncer) começou a funcionar. No ano seguinte, quase 12 mil sessões de radioterapia foram realizadas. Em quatro anos, esse número aumentou em mais de 15 mil, o que representa um crescimento de 127%. Em 2015, 27.125 sessões foram realizadas. As consultas oncológicas superaram a meta estipulada para 2015. Mais de 12.400 foram realizadas. Em comparação a 2011, o aumento foi de 136% (7.146 consultas a mais).
Fonte: RG 15/O Impacto