Informe RC
CORAGEM E AUDÁCIA- I
Artigo de Roberto Pompeu de Toledo
O ex-deputado Eduardo Cunha tinha os braços livres, largados e postos a balançar como pêndulos, no ritmo de suas passadas, ao ser preso e conduzido ao avião que o levaria a Curitiba. Caminhava à vontade como nos melhores dias, ginga para cá e para lá, os ombros caídos, ao modo que o gestor de propinas da Odebrecht tanto achou parecido com o de um caranguejo que lhe deu o nome do bicho nas planilhas de distribuição dos butins. Não portava algemas. Também não levou os braços às costas, apesar de não as portar, como o casal João Santana-Mônica Moura. Nem fechou a cara, compungido como o ex-ministro Antônio Palocci. O à-vontade com que caminhava, distribuindo à passagem um tanto de empáfia e outro de afronta, foi seu último gesto de audácia, antes de submergir na carceragem da Polícia Federal. Eduardo Cunha foi preso no mesmo mês em que se comemora o centenário do nascimento de Ulysses Guimarães. É uma heresia invocar o doutor Ulysses a pretexto de Cunha. Une-os o fato de terem sido os mais poderosos presidentes da Câmara no período pós-ditadura.
CORAGEM E AUDÁCIA- II
Tudo o mais os separa. Suas opostas personalidades, trajetórias e estaturas morais nos servem, no entanto, para ilustrar a diferença entre duas qualidades que, a um olhar distraído, podem parecer da mesma natureza e cepa – a audácia e a coragem. A coragem era a qualidade de suprema devoção de Ulysses: “Sou fascinado pelo tema da coragem”, dizia. Num “Decálogo do Estadista” que elaborou para o prefácio de um livro com seus discursos, elegeu a coragem como a primeira virtude do homem público. “O pusilânime nunca será um estadista”, escreveu. A coragem, ou antes a consciência da coragem como preliminar indispensável à ação, impulsionou-o ao grande papel de chefe da resistência à ditadura. A bela página da “anticandidatura”, como ele chamou seu desafio ao general Geisel, na sucessão presidencial de 1974, foi fruto da coragem que em seu íntimo tão cuidadosamente trabalhava, limava e polia. Tanto quanto exaltava a coragem, exorcizava o seu contrário, o medo. “Viemos aqui para fazer uma Constituição, não para ter medo”, bradou aos colegas, numa ocasião em que pressões fortes baixavam sobre a Assembleia Constituinte. Ao promulgar a Constituição enfiou em seu discurso, desafiador: “A sociedade foi Rubens Paiva, não os facínoras que o mataram”.
CORAGEM E AUDÁCIA- III
A audácia, apanágio de Eduardo Cunha, permitiu-lhe insinuar-se, abrir caminho e avançar. Nomeado presidente da Telerj por PC Farias, no governo Collor, seria derrubado por uma roubalheira, mas eis que no governo fluminense de Anthony Garotinho ressurge como presidente da Companhia Estadual de Habitação, até ser destituído em outra roubalheira, e nem por isso deixou de ir em frente, deputado estadual, depois federal, finalmente presidente da Câmara, a golpes de bajulação, chantagem e cara de pau. Ulysses usou da coragem para desafiar um sistema de poder. Cunha serviu-se da audácia para aninhar-se nele. Não há coragem no audacioso. Animavam o ex-deputado a ambição sem medida e a generosa rede de proteção que se dá o nome de impunidade. Em vez de coragem pode-se até concluir que sua marca confina com a dos pusilânimes. Ele sempre contou com o conforto de agir ao lado, à sombra ou ao abrigo dos poderosos. Em vez de coragem pode-se até concluir que sua marca confina com a dos pusilânimes. Ele sempre contou com o conforto de agir ao lado, à sombra ou ao abrigo dos poderosos. Até que lhe atravessou o caminho a Operação Lava Jato. O magnata da imprensa americana Ted Turner, fundador da rede CNN de televisão e ex-marido de Jane Fonda, passou uma fase depressiva em que o atormentava o pensamento de que seria assassinado.
CORAGEM E AUDÁCIA- IV
Até já preparara o que diria ao assassino: “Obrigado por não ter vindo antes”. Tanto era bola cantada a prisão de Eduardo Cunha que ele poderia ter dito o mesmo para os agentes da Polícia Federal. E tanto se sucedem as peças caídas no dominó da Lava Jato que até corremos o risco de nos acostumar e achar normal. É parar para pensar, e nos damos conta da enormidade em que consiste a prisão de um político do porte de Eduardo Cunha. Depois do capitão do time José Dirceu, do empresário estrela Marcelo Odebrecht e de outras figuras de destaque, o círculo se fechou sobre o mais ardiloso, o mais manobreiro e o mais temido político brasileiro da última safra. A Operação Lava Jato é um espanto.
O RESPONSÁVEL MUDOU
É de conhecimento público do ex-presidente Lula vir sendo apontado como envolvido em dezenas de falcatruas e tido como responsável pela quebradeira da Petrobrás, de estatais e de órgãos do Governo Federal, para manter o projeto de poder de seu partido, o PT, no que contou com a ajuda, paga, de partidos aliados, redundando na crise econômica, na inflação alta e no desemprego (12 milhões) que passa o Brasil, sendo necessário aprovação de medidas impopulares no Congresso, mas necessárias para tirar o país do fundo do poço, o que começa a render resultados favoráveis na visão de economistas renomados, que começam a ver uma luz no fim do túnel. Por todas essas mazelas, sendo apuradas pela Operação Lava Jato, responde a um rosário de processos, onde se tornou réu, e o risco de ser preso, o que vem ocorrendo com ex-companheiros, ministros, a exemplo de Palocci e José Dirceu, e dirigentes de estatais, condenados e presos em casas de detenção em Curitiba. Mas agora a coisa mudou. Daqui pra frente, o presidente, Michel Temer (PMDB), é o responsável, junto com o senador Renan Calheiros, presidente do Senado, com 11 processos armazenados no Supremo. Só que a corrupção não parou, deve ter diminuído um pouco. Fatos novos, envolvendo o próprio presidente, estão vindo à tona. A mídia nacional começa a mostrar existir vários ministros acusados de corrupção, tanto quanto os petistas do passado, falando em honestidade. Sendo assim, a Operação Lava Jato, com o apoio da população, não tem tempo para ter um fim.
LUGAR DE LADRÃO É NA CADEIA
Pelo andar da carruagem, depois que se tornaram público os nomes da Comissão de Transição, parte indicada pelo prefeito eleito Nélio Aguiar, comprometidos, no presente, com a Polícia, Tribunais de Contas e a Justiça, um grupo de advogados (seis) resolveu ajudar Santarém combatendo a corrupção, ajudando a passar o Brasil a limpo, levando ao conhecimento do Ministério Público, qualquer pessoa que venha a ser nomeada para a prefeitura a partir de primeiro de janeiro de 2017, que tenha comprometimentos com maus costumes relacionados a dinheiro público, seja extirpado da administração municipal, o que coloca o prefeito em maus lençóis. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Melo, o mais antigo da Corte, há meses declarou: “lugar de ladrão é na cadeia”.
ALTER DO CHÃO
O bom profissional, advogado José Olivar, titular da coluna Novo Portal, neste jornal, pelo apoio que deu para a efetivação da eleição do médico Nélio Aguiar, deve ocupar lugar de relevo na nova administração que vai se instalar no município, devia indicar ao futuro gestor um nome de sua confiança para exercer a função de subprefeito na vila de Alter do Chão, para onde se desloca nos finais de semana e vésperas de feriado. Ninguém pode negar que, há anos, semanalmente, em seu espaço, Olivar reclama da falta de policiamento, segurança, do péssimo serviço de trânsito e da vila estar sendo depredada, no período noturno, por vândalos, vidas sendo cortadas por criminosos mirins e dos hippies espalhados pelo povoado, dando uma péssima impressão aos turistas. Para não ter que depender da Prefeitura, bastava pedir ao prefeito mandar fazer um levantamento imobiliário, cobrar o IPTU de milhares de mansões de ricos residentes em Santarém e trabalhar com recursos próprios e evitar a exploração dos barraqueiros na Ilha do Amor, em frente ao povoado. Acredito que o advogado, se quiser, abocanha a indicação.
PODEM ATRITAR
Gira pela roda de conversa furada ou verdadeira, onde política é o assunto preferencial, que o primeiro atrito político do novo prefeito, que vai abalar sua administração, será com o ex-deputado e atual vereador, Antônio Rocha (PMDB), caso o mesmo não consiga, o que comentam estar difícil, sua eleição para presidente da Câmara Municipal, acertada em Belém, com Nélio, Lira Maia e o Ministro Helder Barbalho, para que viesse a concorrer a uma cadeira no Legislativo. Rocha, que porta todos os defeitos de um político, que foi 20 anos deputado estadual, tem uma virtude: a lealdade. Seu filho, Erlon Rocha, como parte do acordo, assumiria, como propalam, a Secretaria de Transporte do Município.
PADRE PROFETA
“Senadores, do “Senadinho” das laterais da Garapeira Ypiranga, na Praça da Matriz, afirmam do polêmico Padre Edilberto Sena ser quase certeiro em suas premonições. Na edição de 28 de outubro deste jornal, afirmou que o prefeito eleito, para apresentar trabalho, teria de se desligar de oportunistas e sanguessugas. Não deu outra. Antes mesmo de tomar posse, começa a ser manobrado por seus apoiadores. Os “senadores” comentaram, na sessão de 4ª feira (9), do futuro gestor ter solicitado uma reunião com promotores membros do Ministério Público. Convite recusado, mas aceito depois da nomeação e posse do secretariado. Devem querer saber se vai constar algum portador de ficha suja, em que os “senadores” afirmam do número ser exagerado.
ATOS E FATOS
INADIMPLÊNCIA – Segundo levantamento feito pela Caixa Econômica, o atraso de pagamento dos beneficiários de imóveis do programa federal Minha Casa Minha Vida, atinge 25% bilhões de reais jogados no ralo. – PARADOS – Pesquisa divulgada pelo IBGE sobre o mercado de trabalho nos últimos 5 anos, mostra que 18 milhões de brasileiros em idade de trabalhar, estão sem empregos ou desistiram de procurar uma vaga. 12 milhões são heranças do governo do PT. –FALTA DO USO DA CAMISINHA – A sífilis, doença sexualmente transmissível, se não for tratada, é a que mais cresce no Brasil. Em 14 estados, o crescimento é alarmante, próximo a uma epidemia, principalmente em São Paulo. – PARECE BRINCADEIRA – O ex-deputado Eduardo Cunha, que foi presidente da Câmara Federal, hoje é preso da Lava-Jato, hospedado nas dependências da Policia Federal em Curitiba. Não quer nada. Seus advogados deram entrada no Supremo Tribunal Federal “STF” com um pedido de liberdade. Vai esperar sentado, em pé vai cansar. – O HOMEM DA MALA – O ex-ministro da Fazenda (gov. Lula) e ex da Casa Civil (gov. Dilma), Antônio Palocci, residente desde setembro numa casa prisional no Paraná, que acumulou uma fortuna pessoal de 200 milhões de reais e arrecadou como lobista outros tantos para a tesouraria do PT, virou réu em seu 1º processo na Lava-Jato. Foi enquadrado pelo juiz Sérgio Moro, a pedido de procuradores federais, em corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro. – CREDO EM CRUZ – Levantamento do décimo Anuário Brasileiro de Segurança Pública coloca o estado de São Paulo com o maior índice de violência sexual do país. Teve 11 estupros por hora e um roubo a carro por minuto em 2015. 3% não são solucionados pela Polícia. – ROMBO – O Ministério Público do Maranhão acusa a ex-governadora, Roseana Sarney e 10 ex-secretários de seu governo, de um rombo de 400 milhões de reais nos cofres públicos do estado. – PRENDA-ME, SE FOR CAPAZ – Para procuradores da Lava-Jato, o ex, Lula da Silva, é o comandante máximo de uma organização criminosa que instalou no Brasil o regime de propinocracia. Sua reação: “se provarem uma corrupção minha, eu irei a pé para a prisão”. Desmemoriado. O difícil é provar o contrário. – ESTRADA ERRADA – Do prefeito reeleito de Salvador, com mais de 75% dos votos no 1º turno, Antônio Carlos de Magalhães Neto, analisando o mal desempenho do partido do ex-presidente Lula: “O PT escolheu o caminho equivocado do loteamento de cargos, e permitiu que áreas essenciais entrassem nesse tabuleiro de barganha. Não havia limites para o projeto de poder do PT”. – LUZ NO FIM DO TÚNEL – Do ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola: “A queda da inflação e o início da trajetória da derrubada dos juros, devem dar sua contribuição positiva para a retomada do desenvolvimento”. – RALHO – Resposta ao senador Renan Calheiros, dono de enes broncas com a Justiça, armazenadas no Supremo, que chamou um juiz de 1ª Instancia de juileco e o ministro da Justiça de chefete de polícia, da ministra presidente do Supremo, Carmem Lúcia: “Não é admissível aqui, fora dos autos, que qualquer juiz seja diminuído ou desmoralizado. Como eu disse: onde um juiz for detratado, eu também sou, qualquer um de nós juízes é”.
QUEM AVISA AMIGO É
Vamos torcer para não acontecer, para o bem do povo de Santarém. Falam que um dos filões financeiros do futuro prefeito são as empresas responsáveis pela coleta do lixo e das trocas de luminárias da iluminação pública, que deixa muitos milhões mensais na conta da prefeitura, repassado pela Celpa Equatorial referente aos descontos nas contas de luz dos usuários. Para limpeza pública, o pretendente é um conhecido personagem que aporta na cidade a cada eleição. Nélio, diante desse arraial, todo cuidado com os dançarinos é pouco.