Crise fecha mais de 60 empresas em Santarém
Chegada a época do ano que o comércio mais aguarda, onde as vendas aquecem devido às festividades de Nossa Senhora da Conceição, Natal e Ano Novo, os números da economia ainda provocam pessimismo. Nem mesmo os vultosos valores advindos da injeção do 13ª na dinâmica econômica será capaz de reverter a situação, nem mesmo fazer com que os números de venda cheguem próximos dos anos anteriores.
“Seguramente podemos afirmar que Santarém está vivendo uma recessão sem precedentes. Principalmente o comércio, que é responsável por 52% do PIB municipal, está sentido duramente esta crise. Nós podemos observar isto pela quantidade lojas que já fecharam apenas no entorno do centro comercial. Hoje existem, seguramente, 67 imóveis disponíveis para locação, que são lojas que já fecharam. Você também tem como reflexo disso, o agravamento do desemprego. No mês de setembro, dados do Caged apontam que houve 330 demissões, um saldo negativo de 330 postos de trabalho. Considerando que em setembro do ano passado havia um saldo positivo de 230, então, estamos falando de uma crise sem precedentes”, informa o diretor da ACES, o empresário Alberto Batista.
Para ele, o momento enfrentado pela classe produtiva é fruto de uma série de situações e fatores. “Vários fatores contribuem para o agravamento da crise econômica. Primeiro podemos listar a questão de refinanciamento de dívidas. Os bancos aumentaram muito suas taxas, os empresários não estão conseguindo renegociar suas dívidas. Segundo, você tem uma diminuição da renda da própria população, o que faz cair o consumo. Há também a diminuição dos investimentos e repasses de verbas públicas. Tudo isso faz agravar a crise, diria até que é um reflexo dessa violência crescente em Santarém. Nos últimos quatro anos nós não tivemos nenhum investimento considerável em Santarém. Vários projetos da iniciativa privada, de empreendimentos, loteamentos e construção de portos ficaram emperrados na burocracia. Isso fez com que a construção civil não deslanchasse, que é um dos principais fatores de desenvolvimento de uma região. Além disso, questões de natureza ambiental, impediram que os investimentos fossem realizados. Havia uma negociação para que nós não fôssemos apenas portos para passagem de produtos oriundos no Mato Grosso, mas que também houvesse um verticalização da economia. Porém, por conta da proibição de se investir em portos, não é possível você pensar em indústria. Apesar que já existe um projeto, até uma área desapropriada para criação de um Distrito Industrial em Santarém, infelizmente isso ainda não aconteceu. Todas as obras do Estado estão paralisadas aqui na nossa região, que é também um reflexo negativo na economia. Tem de se considerar que somente o Polo Industrial de Manaus tem 29 mil demissões, e que muitas dessas pessoas são oriundas de Santarém, e mandavam recursos para suas famílias aqui. Considerando, também, o encerramento da obra de Belo Monte, que também houve uma demissão maciça, e parte dessas pessoas também investiam na economia de Santarém, além dos municípios que tiveram recursos bloqueados na justiça, tudo isso reflete na economia, uma vez que Santarém é um polo de distribuição e fatalmente a recessão chega aqui, e cada vez que os municípios da região sentem dificuldades, a gente sente a retração da economia”, explica Alberto Batista.
MEDIDAS: O diretor da Associação Comercial e Empresarial de Santarém (ACES) vê com bons olhos algumas ações colocadas em prática pelo Governo. “A política que o Governo Federal está adotando, em distribuir essas receitas oriundas da regularização dos recursos do exterior, pode dar uma amenizada. Porém, o que de fato vai provocar a retomada do crescimento é a liberação para a iniciativa privada fazer seus investimentos. A liberação das áreas portuárias, demarcação dessas áreas, a liberação do Distrito Industrial para que ele seja implantado, a liberação das áreas de empreendimentos e loteamentos, tudo isso dará um alento em nossa economia. Então, é preciso voltar a reagir, é preciso voltar a crescer. Com a chegada do 13º nós vamos ter uma melhora na economia, mas seguramente não iremos recuperar os índices de 2014 e 2015”, explica Alberto Batista.
NOVA ELEIÇÃO NA ACES: A Associação Comercial e Empresarial de Santarém (ACES) realizará na próxima segunda-feira, dia 28 de novembro, a aclamação da única chapa inscrita para concorrer à eleição da nova diretoria, encabeçada pelo empresário Roberto Branco. As inscrições das chapas que poderia concorrer encerraram-se na quarta-feira (23).
DESAFIOS: Segundo Alberto Batista, o novo presidente e equipe terão desafios: “Como a ACES tem lutado muito pelo desenvolvimento e crescimento de Santarém, diria que o principal gargalo, é superarmos essa crise que assola o País, em especial Santarém. Nós temos também o desafio da energia. Historicamente a ACES tem trabalhado para que tenhamos energia de qualidade, só que aquilo que foi feito no final dos anos 90 e início dos anos 2000, que foi trazer o Linhão de Tucuruí para cá, já não resolve nossa realidade. Hoje a capacidade de fornecimento de energia que a Celpa tem para oferecer para os consumidores não atende mais a necessidade de novas demandas. Tem que haver a licitação e execução do segundo Linhão do Tramoeste. Já um pleito que estamos trabalhando, negociando ainda na presidência do César Ramalheiro, mas que seguramente a nova diretoria que será eleita, vai ter que acampar esta luta, vai ter que se desdobrar indo para Belém, Brasília, para que tenhamos o segundo Linhão de Tucuruí chegando a Santarém”, conclui Alberto Batista.
Por: Edmundo Baía Júnior