Jandeilson:”Fiscalizarei com rigor gastos da Prefeitura e Câmara”
“Reconhecimento de todo um trabalho”, assim afirmou à nossa reportagem o pescador Jandeilson Pereira, sobre a sua eleição à Câmara Municipal de Santarém, acrescentando: “Muitos em Santarém se espantaram pela quantidade de voto, mas eu estava convicto desta vitória, inclusive com essa quantidade de votos. Eu vou completar 19 anos como sócio da Z-20, e desse período, praticamente 13 anos foram de trabalho doado a ela. Nossa primeira empreitada foi referente à mudança da eleição dos dirigentes da entidade, que não era por voto direto, e sim um conselho que escolhia. Então, nós mudamos essa realidade em 2009, eu fui uma das pessoas que colocou essa proposta, e o pescador elegeu seu representante. Então, eu fui o primeiro diretor da Z-20 eleito através do voto direto do pescador. Nós transformamos o processo em uma legitima democracia. Já no mandato como diretor, a gente começou um trabalho em relação à afirmação da força sindical, realizamos e participamos de muitos movimentos de ruas, nós marchamos juntamente com o povo, para brigar por nossos direitos, idas e vindas à Brasília, principalmente para lutar pela preservação do meio ambiente. O governo quer acabar com o Seguro Defeso, nós sempre tivemos liderando o povo não só aqui de Santarém, mas de toda a região. Outro ponto importante foi o trabalho de valorização do social. Hoje como fruto deste trabalho nós temos o consultório odontológico que atende nossos pescadores. Conseguimos duas feiras novas, uma no bairro do Uruará e outra na frente da cidade, em parceria com o Governo Municipal e Governo Federal, agora o Centro Integrado da Pesca Artesanal(CIPAR), elaboramos o projeto para aquisição de dois veículos para dar assistência ao nosso trabalho, caminhões frigoríficos. Quer dizer foi uma gestão que nós trabalhamos muito, e isso pesou na balança com certeza, porque eu recebi votos de pessoas que não são pescadores, mas a grande maioria foi dos pescadores, era um voto fiel, somente Deus poderia tirar. Você sabe que em toda campanha existe a compra de votos, essa eleição foi escancarada, a gente obteve informações de coisas absurdas. Graças a Deus nossa eleição não teve um voto comprado, foi voto conquistado realmente, e é isso que me torna feliz. Porque mostrou para muita gente que o trabalho pode vencer o capital. Isso tudo causou uma reflexão no eleitor e ele foi lá e votou, apostando numa política diferente, vamos trabalhar para corresponder as expectativas”, afirma Jandeilson.
A eleição histórica da liderança dos pescadores obteve mais de 4.700 votos, e é com certeza um marco para a política santarena. Porém, Jandeilson acredita que o seu maior desafio será o de acabar com um paradigma: “Está na cabeça do eleitor, que o Vereador constrói escola, asfalta rua e outras obras. Nós vamos trabalhar para tirar isso. Nós estamos reunindo de volta nas comunidades, mostrando e discutindo qual vai ser o meu papel de Vereador, que é fiscalizar a aplicação dos recursos públicos, apresentar requerimentos e projetos de leis, usar a tribuna e ser a voz do povo dentro da Câmara Municipal de Santarém. A certeza que eu tenho é que serei o Vereador mais cobrado de Santarém, eu já estou recebendo as cobranças. Mesmo porque nós temos uma postura em defesa do povo e do meio ambiente. Por exemplo, cito a questão da instalação do Porto na área do Maicá. ‘- Qual é o posicionamento do Jandeilson, ele é contra ou favor?’, questionam as pessoas. Então, certamente eu espero que as pessoas me cobrem um trabalho em defesa do meio ambiente, é um compromisso que assumi, tudo que for bom para Santarém, independente se meu partido é da situação ou oposição, não foi o partido que me elegeu, quem me elegeu foi o povo, eu apenas precisei de uma sigla partidária para participar do processo eleitoral. E eles sabiam qual era o meu perfil político quando me convidaram. Eu sempre gosto de ouvir o povo”, afirma, e garante que não mudará de postura. “Dentro do meu posicionamento sobre os portos no Maicá, algumas pessoas dizem que vai ser para o desenvolvimento de Santarém. Mas o problema é que o progresso da cidade está chegando prejudicando algumas famílias. No meu modo de pensar, o progresso, o desenvolvimento tem que vir para todos. Não pode colocar um desenvolvimento proibindo as pessoas de exercer a sua atividade da pesca, onde é o meio de sobrevivência. Bloqueando lugares onde as pessoas passavam e agora não vão poder passar mais. Tirando da população o direito de ir e vir. Questionamos o fato de não existir um estudo ouvindo os atingidos, um estudo apropriado sobre os impactos ao meio ambiente. Da forma que está nós vamos ser contra. Sabemos que a população de hoje, de um modo em geral, espera um Vereador que estará sempre no meio do povo. Porque é o pedido que o meu povo faz para mim. ‘- Não abandone a gente. Não faz igual os outros que só voltam de quatro em quatro anos!’. Nosso posicionamento vai ser sempre ouvir o povo, para depois defender onde quer que seja. Não posso se contra uma coisa, quando a grande maioria é favor. Em situações as opiniões se dividem, mas ficarei sempre com a maioria”, declarou o líder dos pescadores.
Nos debates que tem participado pelas comunidades, o Vereador mais votado de Santarém busca socializar as reflexões sobre o papel que terá a partir de janeiro de 2017.
“Fiscalização dos recursos públicos também será um tarefa muito importante para mim, uma vez que temos experiências na administração financeira, pois somos diretor financeiro da Z-20, onde existe uma cobrança muito grande. Realizamos prestação de conta anual para mais de 5 mil pessoas, e tirar as dúvidas, uma por uma. Certamente irei levar este mesmo papel para dentro da Câmara Municipal, fiscalizando com rigor os gastos do Executivo e da própria Casa de Leis. Infelizmente hoje, a gente tem notícias no Brasil todo, denúncias e denúncias de superfaturamento. Você observa uma obra que não vai custar o valor orçado, mas os caras apresentam um gasto dez vezes o valor real, de mercado. Então, é em cima disso que nós iremos atuar. Cobrando transparência na aplicação dos recursos públicos. Por exemplo, já sabemos de conversas por aí, de trabalhos que foram realizados na Câmara Municipal de Santarém, já existem boatos da população, um trabalho que custaria entre 5 e 10 mil, custou 100 mil reais. Agora que está em fim de mandato, que estão falando sobre isso. Acredito que isso deveria acontecer no momento da execução da obra, para ver realmente, se o que foi comprado, executado e pago, faz jus ao trabalho que foi feito”, explica Jandeilson Pereira.
Questionado por nossa equipe de reportagem sobre a sua visão em relação ao futuro da pesca em nossa região, expôs:
“Infelizmente, não só a pesca, mas, também, agricultura familiar sofre porque o Governo Federal resolveu cortar gastos, punindo o trabalhador. Eles acreditam que não pagando um salário mínimo para o pescador deixar de exercer a atividade na época do Seguro Defeso, vão economizar. Pode até economizar por um lado, mas por outro, torna-se caro para a população. Quem vai arcar com as consequências é a população. Tenho dito que o pescador por ele mesmo não para de pescar. Quando as águas ficam baixas como neste período, fica mais fácil capturar o peixe. Então, ele pára porque está recebendo aquele salário mínimo, para deixar as espécies se reproduzirem. O pirarucu, por exemplo, o quilo está 40 reais, quem é assalariado não tem condições de consumir. O tambaqui é outro. Isso acontece porque esses peixes não foram cuidados. Essas espécies não estão dentro daquela portaria. Você pode ver em frente à da cidade. Esse ano quase não apareceu cardume de peixe. Mas no ano passado aparecia. Quais são os cardumes que estão aparecendo, é de Branquinha, Curimatá, Aracú e Pacú. Por que estão aparecendo?, porque eles estavam no Defeso, contemplados na portaria. Isso é o resultado que comprova que o Defeso está dando certo. Inclusive a Ufopa fez um estudo que comprova isso. De 2010 pra cá vem aumentando a produção. Quando você corta o Defeso, você economiza para o governo, só que o pescador, sem alternativa, vai capturando, e o peixe vai diminuindo, com isso ele terá que ir para mas distante para pescar, gastando combustível e gelo, e quando ele trouxer o pescado, vai vender o peixe mais caro para tirar a diferença dele. E quem irá pagar por essa negativa do governo, será a população que vai comprar o peixe mais caro no futuro, como aconteceu com o pirarucu. Não tiveram cuidado, não tinha fiscalização, por mais que você trabalhe a consciência do povo, não tendo aquele órgão que fiscaliza, a coisa se complica. Por isso o pirarucu está quase acabando. Sem Seguro Defeso, os lagos foram atacados, e destruídos. Acordos de pesca foram passados por cima. Lugares onde não eram pescados por muitos anos foram pescados, e com isso o consumidor do peixe está sofrendo, devido à quantidade menor de peixe disponibilizada.
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 15/O Impacto
essa promessa ai é de todos antes de chegar la e passar pro lado do prefeito, quem é doido de fiscalizar o chefe?
todos falam a mesma coisa quando ainda nem assumiu seu cargo, mas depois que estive lá dentro da câmara agira totalmente de outra forma pois terá que andar conforme a carruagem. Caro vereador seja mas realista.