Jatene acusado de aplicar calote em servidores por meio do IASEP
Governo de Simão Jatene desconta mensalidades dos servidores, mas atendimento quase não existe em Santarém
“No IASEP não existe inadimplência, pois o desconto é automático no contracheque, e como o Governo do Estado não paga os fornecedores, que sem receberem, restringem o atendimento; muitos até se descredenciam”, assim desabafou o servidor público estadual, Paulo Genaro Moreira, sobre a atual situação do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Pará (Iasep).
A situação enfrentada pelo funcionalismo do Estado é bastante delicada, no que concerne ao atendimento do Instituto. Em Santarém, os sindicatos e entidades representativas da classe, sem encontrarem um retorno sobre a problemática, acionaram por diversas vezes o Ministério Público do Estado (MPE).
O Município considerado Polo na Região Oeste do Pará, em 2016, chegou a permanecer por meses sem contar com uma Unidade de Saúde credenciada, que pudesse atender os servidores.
Atualmente, conta com apenas um hospital, que frequentemente fica sem receber os repasses do Governo do Estado. Os servidores denunciam que não têm acesso a especialidades, e que a maioria dos atendimentos são realizados por clínicos gerais.
“Em Santarém o atendimento no IASEP é quase zero. Quando procuramos o IASEP, nunca tem médico. Os médicos alegam que o Governo não repassou a verba que deveria, e realmente não entendo por que é descontando em folha do funcionário, não há problemas de inadimplência, portanto, é algo que afeta a todos nós servidores públicos porque pagamos, vem descontada uma quantia considerável no nosso contracheque e não temos o atendimento que deveríamos ter no IASEP, inclusive o Ministério Público por Belém já entrou com uma ação contra o IASEP, mas até o presente momento, não temos esse atendimento, que sempre esperávamos que acontecesse, principalmente nós que temos filhos, que precisam de atendimento com médicos pediátricos, atendimentos odontológicos. Por isso consideramos um problema muito grave, você paga um plano de saúde e ainda que a nível de funcionalismo público, vem sempre descontado no contracheque todo mês e infelizmente o IASEP não proporciona o atendimento que deveria ser feito em nossa cidade”, expõe Paulo Genaro.
Diante da situação, os servidores que deveriam ser atendidos pela rede do IASEP, além de pagarem a mensalidade do plano, que representa cerca de 9% sobre o total dos proventos, caso queiram atendimentos com especialistas, teêm de pagar particular. Muitos acabam também recorrendo ao SUS.
“Ou pagamos particular, ou recorremos ao SUS. Por exemplo, meu filho já adoeceu e tive de levá-lo ao Hospital Municipal, não que o SUS também não possa, mas como é descontado todo mês, se trata de um dinheiro que não tem mais volta, vai para os cofres do Governo e não vem em forma de atendimento como esperamos”, denuncia o servidor público.
AUMENTO DA MENSALIDADE X REDUÇÃO DE ATENDIMENTO: De acordo com servidores, este ano já teve aumento da mensalidade, o que não representou melhoria no atendimento, pelo contrário, pirou, como relata Paulo Genaro: “Foi uma aumento considerável e praticamente está zero o atendimento aqui em Santarém. Se você procurar uma agência do IASEP eles vão dizer que não tem nenhum médico disponível, não tem consulta para se fazer exames, sabemos que nós funcionários públicos precisamos de atendimento, problemas de saúde ocorrem a todo momento, por exemplo, se você pega uma virose, você é obrigado a correr para o Pronto Socorro Municipal”.
DESCASO TOTAL: Em Santarém, é longa a luta dos servidores para garantir os seus direitos. Foram vários protestos e manifestação, que tiveram como objetivo informar a sociedade do descaso do governador Jatene com a categoria.
“Estamos sendo lesados pelo Governo do Estado, pois pagamos por algo que não estamos usufruindo. Os servidores estaduais em Santarém e região oeste do Pará estão sendo usados para bancar os serviços àqueles que são atendidos na capital do Estado”, desta forma desabafou à nossa equipe de reportagem, a servidora pública estadual Ana Carolina Santos, sobre a situação precária dos serviços prestados pelo Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Pará (IASEP) em Santarém. De forma indignada, acrescenta, “isso é injusto, pois o mesmo valor que é descontado do nosso contracheque, é o mesmo valor descontado do contracheque dos servidores que residem na capital, porém, nós aqui não temos o mesmo atendimento disponibilizado aos que residem em Belém”.
Há pelo menos dois anos, a precarização nos atendimentos tem se tornado fonte de preocupação para os servidores. Devido à falta de pagamentos regulares, profissionais e empresas credenciadas em Santarém junto ao Instituto deixaram de atender a demanda. Hoje, apenas um Hospital na cidade faz atendimento ao público do IASEP, porém, usuários denunciam que das 33 especialidades médicas determinadas no credenciamento, a maioria dos atendimentos é realizada por médicos clínicos gerais. Também existem relatos que até mesmo os atendimentos de urgência e emergência estão sendo dificultados.
Segundo informações, em Santarém, são mais de quatro mil servidores estaduais que contribuem mensalmente com uma cota de 9% do salário, para poder contar com os serviços que deveriam ser ofertados pelo IASEP. “O valor é descontado automaticamente no contracheque. O que o governo está fazendo com esse recurso, já que não usa para pagar os fornecedores do IASEP?”, questiona Ana Carolina.
De acordo com o Governo do Estado, a demanda por atendimentos via IASEP aumentou consideravelmente, e os valores arrecadados tornaram-se insuficientes para garantir a saúde financeira do Instituto, fato contestado pelas entidades representativas dos servidores públicos estaduais, tais como o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp).
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 15/O Impacto
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