Passagens aéreas caras e estradas intrafegáveis travam desenvolvimento da região
Município de Itaituba é um dos mais prejudicados com dificuldade de acesso de transporte.
Moradores de cidades localizadas na região oeste do Pará padecem com dificuldades de transportes. Preços abusivos de passagens de lanchas e aviões, além da falta de infraestrutura nas rodovias Santarém-Cuiabá (BR-163) e Transamazônica (BR-230) são apontados por moradores, como empecilhos para o desenvolvimento econômico.
Por conta das dificuldades de transportes entre as cidades localizadas às margens das rodovias BR-163 e BR-230, como Itaituba, Novo Progresso, Trairão, Placas, Uruará e Rurópolis, dezenas de pessoas estão abandonando suas casas e procurando os grandes centros da região, como Santarém, Belém e Manaus, para morar e ter uma atividade profissional.
A fisioterapeuta Carmelinda Meurer, que reside atualmente em Itaituba, conta os problemas que sua família enfrenta para viajar para outras cidades. “A dificuldade de acesso no interior do Pará é grande e deve ser debatida no âmbito nacional. Aqui, em Itaituba, a dificuldade de sair da cidade é enorme. Lancha e barco demoram muito. Sem falar que o valor da passagem da lancha é muito alto: R$ 110,00. Se uma família de 3 pessoas quiser passar o fim de semana em Santarém gasta R$ 660,00, ida e volta só com o transporte”, revela Carmelinda.
Os valores de voos, segundo ela, também são abusivos. “Se você comparar com outros trechos nacionais, por exemplo: uma passagem de Curitiba a Porto Alegre de avião, já me custou R$ 149,00. Daqui para Belém, no mesmo Estado, se eu quiser ir de avião pago cerca de R$ 600,00, só ida!”, reclama Carmelinda.
Quanto ao transporte terrestre, de acordo com ela, além das péssimas condições de trafegabilidade das rodovias Transamazônica e Santarém-Cuiabá, a travessia de balsa de Itaituba para o Distrito de Miritituba demora muito e deixa os passageiros estressados. “Perde-se muito tempo em espera numa fila para atravessar, tempo para atravessar e o valor cobrado também não é baixo. Não escuto falar sobre construção de uma ponte, o que facilitaria muito a vida da população”, critica a fisioterapeuta.
Ela acrescenta que todos esses problemas fazem com que os municípios do entorno das rodovias BR-163 e BR-230 tenham poucos profissionais com formação em universidades. “Acredito que a falta de transporte adequado seja o maior empecilho para o desenvolvimento da região. Por conta disso, as pessoas que vêm morar aqui, acabam por não conseguir ficar, devido essas condições precárias de acesso. Temos poucos profissionais de nível superior, já que a cidade tem poucas faculdades e muitos dos profissionais que vêm de outras cidades, como eu, acabam desistindo de ficar”, apontou Carmelinda.
RODOVIAS INTRAFEGÁVEIS: Em fevereiro deste ano, por causa de grandes atoleiros, congestionamentos de até 50 quilômetros se formaram na rodovia Santarém-Cuiabá (BR-163), considerada pelo Governo Federal, importante corredor de transporte de grãos do Norte do Estado do Mato Grosso, até os portos de Santarém e Miritituba, de onde são exportados para países da Europa, América do Norte e Ásia.
No dia 22 de fevereiro último, um grande atoleiro formado no trecho da rodovia BR-163, que fica entre os municípios de Trairão e Novo Progresso, no sudoeste do Pará, provocou um enorme congestionamento. Todos os tipos de veículos tiveram dificuldades de passar pelo local.
Carros da Polícia Rodoviária Federal (PRF), assim como centenas de caminhões carregados de soja, contaram com auxílio de tratores para poder sair dos atoleiros.
Alguns caminhoneiros não conseguiram seguir viagem e ficaram parados na estrada, por vários dias, passando necessidades.
Na época, a Prefeitura de Trairão decretou situação de emergência. Segundo a Prefeitura, o trecho que não é asfaltado da Santarém-Cuiabá ficou intrafegável e deixou as comunidades sem ter acesso à sede do Município, o que provocou o desabastecimento de alimentos, combustível e água. Alunos também ficaram sem transporte escolar.
Por: Jefferson Miranda
Fonte: RG 15/O Impacto