Alexandre Chaves: “Santarém é rica, não precisa de esmolas”
Empresário critica passividade dos políticos e da população de Santarém
Nos últimos dias foram muitos os momentos em que o ‘desenvolvimento de Santarém’ tornou-se tema de reuniões e debates. Tal situação é de extrema importância, uma vez que traz à tona a necessidade do diálogo entre os diversos setores da sociedade. Nesta semana, nos concedeu a honra da palavra, um dos líderes do Grupo Chaves, o empresário Alexandre Chaves, que em entrevista exclusiva à TV IMPACTO, expôs sua visão sobre os desafios para que Santarém alcance dias melhores em termos de desenvolvimento econômico.
Jornal O Impacto: Qual seu ponto de vista com relação ao atual desenvolvimento econômico da nossa região e o que podemos fazer para melhorar?
Alexandre Chaves: Em termos de desenvolvimento econômico regional, nós temos vários gargalos. O primeiro é a passividade da nossa população, ou seja, ela aceita tudo que acontece; a segunda é que não temos grandes matrizes de desenvolvimento. Temos um comércio que não gera riqueza, ele apenas troca valores. Por outro lado, temos o turismo que tem sido uma matriz importante, movimentando a economia em torno 150 milhões de reais por ano, o agronegócio que tem gerado 300 milhões por safra. Não estou me referindo apenas aos grãos, incluem pecuária, avicultura e piscicultura, ou seja, agronegócio no geral. Qual seria o cenário ideal? Seria ideal que tivéssemos matrizes firmes também na indústria, com grandes projetos gerando emprego e renda para região. Em nossa região criou-se o estigma do nada pode, já teve, já foi; do Santarém não quer, Santarém é comandada por ONG, MP proíbe tudo. Então, fica um cenário a nível nacional e mundial, muito temeroso para o investidor, consequentemente levando os investimentos para outras cidades, onde gera emprego, renda e qualidade de vida para a população dessas outras cidades. Outro gargalo é a questão da nossa energia elétrica e da internet. Pesa ainda a indefinição política. Acredito que o cidadão eleitor, deve cobrar do seu político, qual o posicionamento deles em relação ao desenvolvimento regional, pois não podemos continuar a vida inteira, diante de uma cidade de 356 anos, com 300 mil habitantes, uma cidade com um valor histórico riquíssimo, sendo uma cidade de bolsa, cidade de esmola, cidade de uma renda precária, etc.
Jornal O Impacto: Você acha que o Governo do Estado tem dado o incentivo necessário para o empresariado santareno?
Alexandre Chaves: Na minha humilde opinião, não. O que nós vemos é o governo do Estado priorizando outras regiões em detrimento a Santarém. Agora temos de fazer uma mea culpa, pois na minha visão, o governo do Estado teria 50% da responsabilidade e nós, a população da nossa região temos 50%, pois precisamos gritar para dizer o que nós queremos, nós não chegamos a dizer “queremos indústrias e desenvolvimento, queremos grandes projetos”, como mencionei no início, nossa população é muito passiva, nossos políticos são muito passivos.
Jornal O Impacto: Qual sua opinião com relação a tantos tributos que os empresários são obrigados a pagar. Tem compensado ser empresário em nossa região?
Alexandre Chaves: Ser empresário e empreendedor são vontades que nascem no ser humano, e ultrapassa a barreira do resultado financeiro. Mas se nós formos pelos números contábeis e números financeiros, eu acredito que para maioria do empresariado brasileiro, não tem compensado, pois o investidor atualmente está ganhando menos que seus colaboradores. Com relação aos tributos, não é novidade que os do Brasil estão entre os maiores do mundo, não chega a ser o maior, mas países desenvolvidos têm a mesma carga tributária do Brasil, com um retorno muito maior. Nosso problema é que nós contribuimos muito e recebemos pouco, contribuimos com os dois braços e as mãos abertas e recebemos o retorno em cima de uma unha. O retorno é muito pouco, nós teríamos prazer em contribuir até mais se o retorno fosse significativo.
O Impacto: Em meio a escândalos de corrupção nos noticiários. Quais os meios legais que você tem usado para driblar essa crise?
Alexandre Chaves: Nossa empresa é familiar. Comercializamos caminhões, máquinas e equipamentos para o agronegócio. Os meios legais que nós podemos utilizar, primeiramente é reduzir custos, a empresa deve ser do tamanho do que fatura, se o faturamento diminuiu, as despesas devem diminuir na mesma proporção; se o faturamento diminuiu, a lucratividade diminuiu a folha de pagamento e quantidade de colaboradores tem de diminuir na mesma proporção e depois buscar aumentar o faturamento com a mesma estrutura que já existe, só assim nós conseguimos atravessar. Diga-se de passagem, já se passaram dois anos de turbulência, o nosso mercado caiu 70%, olha só, você tinha uma estrutura preparada para faturar 100 e você acaba faturando 30, o faturamento diminui, mas as despesas continuam do mesmo tamanho, você tem de agir rápido, pois o mercado não está em nossas mãos. Veja a entrevista na íntegra na TV Impacto, acessando www.oimpacto.com.br/tv-impacto.
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 15/O Impacto