Dono de 634 kg de droga apreendida em Goiás é de Novo Progresso
O co-piloto da aeronave que foi interceptada com 634 kg de cocaína em Goiás, Fabiano Júnior da Silva, morador de Novo Progresso – Pará, disse à Polícia Federal (PF), que contratou o piloto Apoena Índio do Brasil Siqueira Rocha, de 21 anos, por R$ 90 mil para transportar a droga.
INTERCEPTAÇÃO: A aeronave, matrícula PT-IIJ, foi interceptada no domingo (25) na zona rural de Jussara, que fica a cerca de 225 km de Goiânia, no noroeste do Estado. Os ocupantes fugiram do local, mas a droga foi apreendida pela Polícia Militar e levada para a sede da PF em Goiânia.
O piloto e o co-piloto foram detidos pela PF na noite de segunda-feira (26). Eles foram presos em um hotel a cerca de 30 km do local onde a aeronave pousou. O co-piloto Fabiano Júnior da Silva é morador de Novo Progresso onde exerceu profissão de mecânico de avião.
“Na aeronave foram encontrados alguns documentos pessoais […]. Moradores viram duas pessoas suspeitas que haviam entrado em um hotel. Quando chegamos lá identificamos que eles seriam as pessoas que fugiram do avião”, disse o delegado Bruno Gama, da Polícia Federal.
TRANSPORTE DE DROGAS: A dupla informou à Polícia Federal que saiu com o carregamento da Bolívia e tinha como destino uma fazenda em Jussara, em Goiás. Ainda em depoimento à corporação, o piloto informou que receberia R$ 90 mil para levar a droga. Já o co-piloto Fabiano Júnior da Silva disse que era responsável pela cocaína.
“Vai ser apurado agora desde a propriedade da aeronave, quem seria o real proprietário dessa droga e qual seria o destino final da droga, pois há fardos indicando que podem ser outros estados ou até mesmo para o exterior. [Carregamento vale] aproximadamente R$ 20 milhões no território nacional. Quando a droga vai para fora o valor vai duplicar ou triplicar”, afirmou o delegado Bruno Gama.
PERSEGUIÇÃO E APREENSÃO: Ainda segundo o delegado, a Polícia Federal havia repassado informações sobre o carregamento de cocaína à FAB, que enviou um avião para fazer o acompanhamento da aeronave. A Força Aérea ordenou que o bimotor mudasse a rota e pousasse no Aeródromo de Aragarças, em Goiás. Inicialmente, o piloto obedeceu às ordens, mas ao invés de pousar, desviou o curso.
Com isso, o avião da FAB “executou um tiro de aviso” para fazer a aeronave cumprir as ordens. O órgão esclareceu que o disparo não atingiu nenhuma parte do bimotor. A aeronave, então, pousou na zona rural de Jussara. Na aterrissagem, a asa da aeronave e a cauda ficaram danificadas.
O tenente-coronel da Polícia Militar, Ricardo Mendes, informou na segunda-feira que a corporação foi acionada logo no início da interceptação. “O Graer [Grupo de Radiopatrulha Aérea da PM] foi chamado pelo fato da aeronave já estar em espaço aéreo de Goiás e pela mobilidade do helicóptero da Polícia de conseguir pousar em locais mais difíceis, coisa que o avião da FAB não conseguiria”, informou Mendes.
O policial afirmou ainda que a cocaína encontrada era pura. “Ainda poderia ser misturada, e a quantidade, multiplicada. Essa foi a maior apreensão de cocaína da história por parte da PM em Goiás”, disse.
Um vídeo feito pela Polícia Militar mostra o momento em que policiais se aproximam da aeronave, instantes após a interceptação feita pela FAB. As imagens mostram quando o Graer sobrevoa a área em que o avião pousou. Em seguida, os policiais pousam no local e fazem a apreensão da droga. Na gravação, é possível notar que a cauda do avião se quebrou em virtude da aterrissagem.
ANAC SE POSICIONA: A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou por meio de nota, que a aeronave está registrada no nome de Jeison Moreira Souza. O órgão relatou ainda que o piloto preso pela PF “possuía licença, estava com a habilitação válida e o Certificado Médico Aeronáutico (CMA) em dia”. Já o segundo preso não tem registro como piloto.
Inicialmente, a FAB afirmou que o piloto da aeronave disse ter decolado da fazenda Itamarati Norte. No entanto, após serem presos, o piloto e o co-piloto disseram à PF que saíram da Bolívia com destino a Jussara, sem passar pela propriedade.
Após as declarações do delegado da PF, a FAB informou que seu posicionamento permanece o mesmo que foi publicado em seu site na tarde de segunda-feira. A nota informa que “a confirmação do local exato da decolagem fará parte da investigação conduzida pela autoridade policial”.
“A nossa detecção radar em toda a região do País, ela não consegue detectar aeronave no solo. Por isso que se faz uma interrogação do piloto. Se ele estiver utilizando o espaço aéreo brasileiro de acordo com as regras estabelecidas, logicamente que nós vamos saber que ele decolou de algum aeródromo”, disse o tenente Brigadeiro Gerson Machado, do comando de operações aeroespaciais da FAB.
Por meio de seu perfil em uma rede social, o ministro Blairo Maggi já havia dito que “está acompanhando as investigações da FAB sobre o local de decolagem da aeronave”. Ele disse que quando houver uma confirmação, ele informará. O Ministro comentou ainda que a “fazenda é extensa e vulnerável à ação do tráfico internacional”.
Já a Amaggi disse por meio de nota que “não tem qualquer ligação com a aeronave descrita pela FAB e não emitiu autorização para pouso/decolagem da mesma em qualquer uma de suas pistas”.
Fonte: RG 15/O Impacto e Adécio Piran