Rose Fonseca fala sobre o Grupo de Gestão Integrada
Coordenadora do GGI diz que iniciativa completará 4 anos, e já colhe importantes resultados.
Você já ouviu falar do Grupo de Gestão Integrada (GGI)? Caso ainda não tenha informações sobre esta importante ação, o Jornalista Osvaldo de Andrade super âncora da TV Impacto – canal do youtube campeão de audiência em Santarém -, entrevistou nesta semana a Dra. Rose Fonseca, que faz parte da coordenação da relevante iniciativa que visa, de forma integrada, fortalecer o desenvolvimento de Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos. Acompanhe:
Jornal O Impacto: Dra. Rose, trata-se de uma ferramenta muito importante para nossa economia e que, podemos dizer que ainda é pouco conhecida?
Rose Fonseca: O GGI trabalha para o desenvolvimento regional sustentável e integra os municípios de Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos. Trata-se de um Fórum de Trabalho como várias instituições, entidades de classe, órgãos federais, estaduais e municipais, como as secretarias do Município e do Estado, instituições de ensino superior como UFOPA e IFPA, EMBRAPA, EMATER, instituições financeiras, cooperativas, associações comerciais, o STTR, enfim, são 86 instituições que hoje já congregam junto ao GGI, inclusive a iniciativa privada. O GGI surgiu exatamente como uma forma de uma estratégia para o desenvolvimento da nossa região. Então, vamos trabalhar todas essa cadeias produtivas que possam abrir leques e que cada uma possa dar suporte para outra. Na cadeia urbana nós temos o comércio, serviços, turismo, setor imobiliário, a indústria de panificação, indústria de cerâmica. Na cadeia rural temos a agropecuária, hortifrutigranjeiros, mandioca, piscicultura e avicultura e estamos estudando ainda plantas ornamentais, produtos orgânicos e fitoterápicos, que é outra etapa que também será colocada em prática. Dentro dessas cadeias temos vários grupos de trabalhos, que têm expertise de conhecimento e englobam tanto a questão dos gargalos, ou seja, as dificuldades de cada cadeia produtiva, que deixa de estar se desenvolvendo, então, tentam eliminar esse tipo de dificuldade, e vai trabalhando em termos de plano de ação. Por exemplo, em todas as cadeias produtivas temos dois problemas que são unânimes, que são: a questão fundiária e ambiental. Portanto, surgiu-se exatamente por essas questões das empresas, principalmente na área agropecuária de agronegócio, não tinha acesso ao banco, ao crédito, em função exatamente dessas condições. A partir daí passamos a trabalhar com o INCRA, Terra Legal, Sema Estadual e Municipal para poder viabilizar. Com o esforço, existem cadeias produtivas que conseguiram avançar, enquanto existem outras que ainda não, exatamente pela questão fundiária. Por exemplo, avicultura. Atualmente a avicultura entre o eixo Santarém, Mojuí e Belterra existe 44 empreendimentos, entre eles existe uma indústria que inclusive até exporta, que está totalmente ociosa. Mas os avicultores não podem expandir seus negócios, porque eles precisam de financiamento. O financiamento de um galpão para produzir 30 mil aves, gira em torno de 500 mil reais, então, tem que ser financiado, e aí vem a nossa grande dificuldade, tem avicultores que estão em áreas de assentamento do INCRA, e que não possuem o título definitivo.
Jornal O Impacto: Podemos destacar a influência deste trabalho, por exemplo, na participação da agricultura familiar na merenda escolar. Que atividades foram realizadas para que isso acontecesse?
Rose Fonseca: Houve realmente um salto muito grande dentro do Programa de Aquisição de Alimento (PAA), que participam tanto da merenda escolar e dentro PINAI. Realmente a partir daí foi feito um trabalho, inclusive na organização das cooperativas, foi um trabalho lento, mas bem feito, exatamente para ter acesso ao mercado. Não adianta você ter produto se você não tem mercado, você não poderia dar assistência ao governo com compras públicas, porque você não tinha organização dentro da sua cooperativa. O outro passo a ser dado, é a partir do momento que a gente tenha essa mandioca, já que nós vamos conseguir distribuir para produtores, saindo inclusive do laboratório para o viveiro, já está sendo montado o viveiro dentro da área do IFPA, e depois passa para o produtor, e do produtor será passada para uma indústria de fécula de mandioca, que é um passo que nós precisamos de fato trabalhar com a agroindústria, como se fez com a fruticultura, onde os produtores tinham uma perda imensa dentro das suas áreas, que não conseguiam fazer uma colheita rápida para o transporte e acabavam perdendo muito. Hoje, existe uma cooperativa que conseguiu fazer a agroindústria e absorve esses produtos, então, já está atendendo o mercado, inclusive externo; assim como também temos aqueles produtos artesanais, onde temos a ADEPARÁ junto a EMATER fazendo esse trabalho para ter o registro. Pequenos produtores com seus frízeres, e não uma agroindústria que tem uma câmara fria, mas nós temos pessoas que estão com seu selo de registro artesanal que é por lei liberado pelo Governo do Estado, assim facilitando a entrada dessas empresas no mercado de trabalho.
Jornal O Impacto: Diante desse trabalho, com toda a experiência nesse setor, vocês já têm como medir o interesse de empresários, não só daqui, mas como de fora de Santarém?
Rose Fonseca: Sim, inclusive o GGI deveria estar desde o início do ano nessa política de atrair novos investidores. Nós conseguimos agora, na véspera do aniversário de Santarém, dia 21, colocar o GGI especial e criamos o painel de investidores. Trouxemos quatro investidores, para investir aqui em Santarém, e foi o maior sucesso, porque não se esperava que com toda essa crise no Brasil, ainda tivéssemos empresários que realmente querem investir em Santarém e em diversas áreas, como área portuária, postos de combustível, área de saúde, área de manutenção como estaleiro, áreas de agroindústria e carne, frigoríficos e exportação.
Jornal O Impacto: Você falou agora há pouco com relação aos portos, uma das grandes barreiras que tem sido enfrentada, é referente à reação dos ambientalistas. Como avaliar este aspecto?
Rose Fonseca: Vejo o seguinte, assim como temos os desenvolvimentistas, temos também os ambientalistas e eu acho isso enriquecedor, porque você abre um leque. Você tem uma visão sistêmica das coisas, do que você ficar só olhando para um lado. Também não devemos ser radicais, você tem que ser aberto tanto para questão daqueles que não foram talvez ouvidos, ou não viram o projeto, mas que não sejam radicais, que se possa ouvir para contribuir e se dar solução. Porque empregos, nós vamos ter, seja em área portuária, como áreas de postos de gasolina, na área do turismo; trata-se de empreendimentos que podem se reverter em políticas públicas para o Município através principalmente do ISS e do Fundo de Participação dos Municípios. O que não podemos ficar é com essa situação, com um número muito grande de desempregados e dependendo do Bolsa Família. Em 2016 tivemos mais receita do Bolsa Família parece-me que girou em torno de 57 milhões de reais, para 52 milhões de reais para do Fundo de Participação do Município, ou seja, 30 mil famílias dependendo do Bolsa Família. Somos um polo universitário, excelente por sinal, pois temos muitos profissionais se formando e tendo que sair da cidade. Temos também cerca de 70 mil alunos ingressados no ensino médio, que também terão de fazer cursos técnicos ou ir para as universidades, e assim ajudarem suas famílias. Agora nós queremos que o meio ambiente seja preservado, que haja tecnologia para que possamos conviver. A Amazônia não pode mais sofrer, deve haver a conciliação do desenvolvimento sustentável, então, que possamos trabalhar pelo social, ambiental e econômico, e existem tecnologias para isso. Inclusive nós temos doutores na UFOPA, na EMBRAPA, EMATER e IFPA, que podem muito bem fazer um grande estudo e que se possa com inovação tecnológica, termos grandes empreendimentos, gerando assim emprego e renda. Confira a entrevista na íntegra por meio da TV IMPACTO.
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 15/O Impacto