“Revoltado”, deputado trocado na CCJ acusa partido de vender sua vaga ao governo

Um dos quatro deputados federais do PR que foram substituídos na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara nesta segunda-feira (10) pelo líder da legenda na Casa, o deputado federal Delegado Waldir (PR-GO) se disse “revoltado” por ter sido trocado, declarou que votaria a favor da denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) e acusou o seu partido de vender sua vaga ao governo federal, que teria tentado comprar o seu voto com emendas parlamentares.
“Dois anos e meio nessa comissão como titular e aí eu tomo consciência pela imprensa que eu não presto. Eu não vendo meu voto, não troco por cargos, por emendas. Lixo, lixo de governo”, gritou o parlamentar dentro do plenário da CCJ. “A minha vaga foi vendida ao governo”, declarou Waldir, em entrevista coletiva, em que acusou o líder do PR na Câmara, deputado José Rocha (BA), de cometer uma “covardia” contra ele.

Questionado se o governo lhe ofereceu algo para mudar seu voto, ele disse que “a proposta veio durante a semana”. “Mandaram R$ 3 milhões e depois mais R$ 5 milhões [em emendas]”, afirmou. “Na quarta-feira da semana passada (5) me ligaram no celular e falaram: ‘deputado, foram liberados R$ 3 milhões e qualquer coisa sua. Na quinta-feira, mais R$ 5 milhões de liberação. Presente”, ironizou.

“Essa conduta é obstrução de Justiça. Um voto aqui é extremamente importante”, completou.

Sobre a acusação de que o governo tentou comprar seu voto, Waldir disse não ter sido o único. “Eu sei que nas últimas semanas, houve um caminhão de liberação de emendas. Não é assim que se faz um governo. O governo acabou. Pega o chapéu e vai embora.”

Na última sexta-feira (7), questionado pela reportagem do UOL, Waldir, anonimamente, disse que não anteciparia o seu voto justamente para preservar sua vaga na comissão. “Se abrir o voto, amanhã talvez eu não seja mais membro da comissão”, declarou. “O governo vem com um rolo compressor para tentar derrubar todos os parlamentares que possam dar voto contrário na CCJ”, completou, na ocasião.

“Minha manifestação já em outras oportunidades é contra esse governo corrupto. No dia em que surgiram as gravações [da conversa entre o presidente e o empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F] eu já falei ‘fora, Temer'”, disse o deputado, que anunciou que votaria contra “uma organização criminosa que está no poder”.
Ele afirmou ainda não se interessar por “barganhas e negociatas”. “Isso na política é nojento”, declarou. Waldir disse estar revoltado por ter sido substituído “sem justificativa”. “Eu acabei de chegar de Goiânia, vim direto para a comissão. Hoje é segunda-feira, eu sou membro titular, extremamente ativo”, afirmou o parlamentar.
Além de Waldir, o PR retirou outros três deputados que eram membros titulares da comissão: Jorginho Mello (SC), Marcelo Delaroli (RJ) e Paulo Freire (SP). Nos seus lugares, foram nomeados Bilac Pinto (MG), Laerte Bessa (DF), Magda Mofatto (GO) e Milton Monti (SP).
O deputado Major Olímpio (SD-SP) se exaltou ao comentar as trocas de integrantes na CCJ por partidos aliados a Temer e chegou a chamar a atitude de “criminosa”.
Segundo Olímpio, os deputados membros da CCJ foram “comercializados criminosamente”. Nesse momento foram ouvidas algumas vaias no plenário da comissão e Olímpio reagiu: “Quem está vaiando também está recebendo pra vaiar.
Criminosos. Criminosos!”, respondeu, aos gritos.
Olímpio também perdeu a vaga de titular na CCJ, por ordem de seu partido, o Solidariedade. O líder do partido, deputado Áureo (SD-RJ), negou que a troca tenha relação com a votação da denúncia contra o presidente.

Fonte: Uol

 

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