Hospital na Amazônia cria suporte de notebook para segurança do trabalhador
Os notebooks ou laptops já viraram parte da rotina diária das pessoas. Na casa, no trabalho, na escola ou faculdade, é comum ver gente utilizando os computadores portáteis. E que tal otimizar esta experiência ao criar um suporte que dê mais conforto ao usuário durante a utilização do notebook? Foi isto que fez o Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira (PA), por meio do setor de Gestão de Pessoas na unidade.
Há cerca de um ano, durante o projeto “Dê Asas”, a unidade começou a fabricar estes suportes, a custos muito baixos. Isto porque se reutilizam canos de PVC que estão sem serventia, no setor da Manutenção, para a confecção dos novos materiais. “O suporte, além de ser muito barato, também leva em conta a questão ecológica, pois damos mais utilidade a estes materiais, reaproveitamos e evitamos a poluição do meio ambiente”, explica o técnico em Segurança do Trabalho, Loghan Marinho.
A ideia é que cada colaborador que trabalhe com um computador portátil tenha seu próprio material para uso na unidade. A confecção é simples, os canos são montados para ficarem no formato do suporte. “Temos o apoio do setor de Manutenção. Apresentamos o projeto e eles executam. Você pega um metro de cano para fazer o suporte. O trabalho a mais é a pintura, para deixar o suporte mais bonito. Mas a relação custo-benefício é muito boa”, complementa Loghan.
Mais conforto e menos chances de lesão
O grande objetivo dos suportes é dar mais comodidade e conforto aos colaboradores no ambiente de trabalho. “Ele (suporte) traz um conforto ergonômico para quem utiliza, tendo em vista que o note fica um pouco mais alto, quase na linha dos olhos”, ressalta Loghan Marinho.
De acordo com a terapeuta ocupacional do Hospital Regional Público da Transamazônica, Rafaela Rizzi, o uso prolongado e inadequado de computadores portáteis pode ocasionar dores musculares que podem evoluir para problemas de saúde, como uma tendinite e a Lesão por Esforços Repetitivos (LER). ‘ Os problemas ocorrem quando o antebraço não está relaxado. Assim, grupos musculares da coluna e os membros superiores se contraem, levando a quadros de algias e lesões’, destaca.
Os suportes atendem à Norma Reguladora 17 (N17), do Ministério do Trabalho e Emprego, que regulamenta a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos colaboradores, evitando assim o desconforto do trabalhador e aumentando sua produtividade.
Sustentabilidade
Outro ponto muito importante desta iniciativa é o reaproveitamento dos materiais. Os canos de PVC utilizados nos suportes virariam lixo. Desta forma, eles ganham uma nova utilidade. A sustentabilidade é um dos princípios da Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, gestora do HRPT por meio de contrato com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
O projeto dos suportes, aliás, não é o único que incentiva a reciclagem de materiais utilizados no hospital que seriam descartados. O reaproveitamento das mantas de SMS, usadas para proteger e manter o processo de esterilização das caixas de instrumentos cirúrgicos, é outro exemplo bem-sucedido realizado na unidade. Com a reciclagem, as mantas se transformam em bolsas para acompanhantes, aventais, sacos para coleta de roupa hospitalar e lençóis para uso em macas e no necrotério do hospital.
A Pró-Saúde gere, além do HRPT, mais cinco hospitais públicos no Pará, todos com projetos de sustentabilidade vigentes. Paulo Czrnhak, diretor Operacional da Pró-Saúde, que também coordena as ações do programa de Sustentabilidade da entidade no Estado, explica que para que haja uma vida sustentável é necessário que a economia, sociedade e o meio ambiente estejam equilibrados. ‘Atuamos em prol de uma melhor qualidade de vida, e para isso, devemos ir além de prestar atendimento em saúde, e trabalhar na educação em saúde, fomentando na sociedade uma cultura na qual mente e corpo estejam sãs. E isso só ocorre, quando mudamos de atitude’, comentou o diretor.
Desde que esta questão passou a ser trabalhada nessas instituições, observou-se o fortalecimento da governança; a criação de oportunidades para se repensar os processos e usos, gerando inúmeras melhorias às unidades de saúde; bem como, a redução de custo e consumo nos recursos naturais, como água, energia, matérias de escritório. A sustentabilidade tem contribuído, ainda, para a gestão de riscos e a comparabilidade, de forma a dimensionar os indicadores de cada hospital, comparando-os a outros nos âmbitos nacional e internacional.
Hoje, dos 15 hospitais mundiais que possuem o selo ‘ “Materiality Disclosures”, emitido pela Global Reporting Initiative (GRI), cinco são brasileiros. Desses, apenas dois são públicos e estão no Pará, sendo ambos gerenciados pela Pró-Saúde: Hospital Público Estadual Galileu e Hospital Regional do Baixo Amazonas. Eles conquistaram a certificação com a produção do relatório de sustentabilidade, que é uma atitude de transparência e compromisso com os pilares de economia, sociedade e meio ambiente.
Fonte: RG 15/O Impacto e Joab Ferreira