Gerson Gregório – A voz marcante da madrugada santarena

“Cumpadre Gerson” marcou seu nome no rádio com o programa “Alvorada Rural”

Quem conheceu o trabalho do Gerson Gregório através do Rádio, primeiro na Rádio Clube de Santarém e depois na Rádio Rural, onde apresentou por muitos anos o programa “Alvorada Rural”, das 4 às 6 da manhã, de segunda a sábado, por mais de 30 anos, hoje sente saudade do “Cumpadre Gerson”, como era conhecido, já que está aposentado. Uma lenda viva do rádio santareno, Gérson Gregório, que é natural de Juruti, é uma pessoa carismática, do bem e de grande coração, recebeu nossa reportagem em sua residência e concedeu entrevista à TV Impacto e Jornal O Impacto. Veja a entrevista:

Jornal O Impacto: Fale para nós um pouco de sua vida profissional.

Gerson Gregório: Eu comecei minha vida profissional como funcionário público, depois que eu voltei da “Terra da Garoa”. Primeiramente eu estive em São Paulo, depois vim para Juruti, e ali passei a ser funcionário da Prefeitura. Quando apareceu outra oportunidade, onde foi criado o serviço autônomo de água e esgoto, tornei-me diretor do órgão, após realizar um concurso. Um tempo depois eu pedi demissão. Vim para Santarém a convite do amigo Sampaio Brelaz, para participar de uma entrevista na Rádio Clube, que ele trabalhava lá, para ver se dava para eu ficar. Quando eu cheguei, o dono da Rádio Clube me ouviu, e disse: “Você tem 15 dias para fazer um teste, caso não dê certo, vou lhe dispensá-lo”.  Eu falei: “Tudo bem!”. Então, ficou certo assim. Quando foi no outro dia, que eu cheguei lá, comecei fazendo uns comerciais. Já no outro dia que eu cheguei novamente, outro colega dono do programa falou: “Cadê o rapaz?”. Ai o técnico de som disse: “É para você assumir a partir de hoje”. “Num pode, ontem o homem me deu 15 dias de teste”, eu disse. “Não, a partir de hoje você assume”, retrucou. Depois eu saí da Rádio Clube, aí foi o tempo do professor Manuel Dutra, que era o diretor da Rádio Rural, me convidou e eu aceitei o convite, onde fiquei lá por mais de 30 anos.

Jornal O Impacto: A Rádio Clube naquela época, quando ele foi contratado, era de propriedade do advogado Armando Fonseca. Ele comprou esta emissora, e tentou reorganizar inclusive, e dentre outros profissionais, o Gerson passou por ali, como eu também passei (Osvaldo de Andrade). Quando o Gerson chegou na Rádio Clube, eu já estava lá também, trabalhando desde 1969, depois fiz uma pausa, e voltei em 1972. Voltando aqui para o Gerson, na rádio rural você tem muita história, conquistou muitos títulos, diplomas e fez muitas amizades.

Gerson Gregório: É verdade. Hoje estou aposentado, mas é isso que você falou, conquistei, inclusive o titulo de Cidadão Santareno, através da Câmara Municipal.

Jornal O Impacto: Além de radialista, você, também, se dedicou à fotografia?

Gerson Gregório: Eu estava em São Paulo, um amigo que estudava comigo, me convidou para ir na sua casa. Chegando lá, tinha um estúdio fotográfico bonito que ele tinha, aí me perguntou se eu queria ser fotógrafo. Mandou-me pegar uma máquina, me ensinou. Nas primeiras fotos que fiz, ele disse que eu tinha jeito para coisa. A partir daí ele ficou me incentivando, e quando eu saí de lá, tinha um edifício de 12 andares, que eu cansei de bater foto, que ele mandava. Quando cheguei em Santarém, continuei nesse ofício. Trabalhava na rádio, mas nas horas vagas fazia os bicos com a fotografia. Podia ter 10 fotógrafos ali na Garapeira Ypiranga, mas quem me conhecia, me via por ali, perguntava: “-Cadê o Gerson?”, pois gostavam do meu trabalho.

Jornal O Impacto: Como chegou a forma carinhosa de lhe chamar “Cumpadre Gerson”?

Gerson Gregório: Porque quando eu trabalhei na Rádio Clube, no programa eu dizia: – Bom dia fulano de tal! Bom dia minha amiga fulana de tal! Mas quando eu passei para a Rádio Rural, eu mudei. Passei a falar compadre. Tanto que o Dom Tiago, quando chegou lá, falou para o Manuel Dutra, que a rádio agora tinha compadre de todo mundo. Aí o professor disse: “É uma aquisição nova”. No mesmo momento eu cheguei. E ele disse, olha, é este aqui. Então, Dom Tiago disse: “Oh! jovem, mas rapaz, mas você tem muito compadre”. Eu disse: “É verdade!”. Então, eu passei a tratar as pessoas como compadre. Mas aí virou zorra. Passaram a também me chamar de compadre. Quando eu terminava o programa, eu dizia: “Benção minha mãe, benção meu pai. Diga aos amigos que procuraram saber de mim, que eu estou bem. Aos inimigos, que quiseram saber da minha vida, diga que estou muito melhor”. No dia que eu não falava isso, as pessoas telefonavam, dizendo que eu não havia me despedido naquele dia.

Jornal O Impacto: O Gerson tem uma história muito bonita no rádio. Uma história de vida, com uma família maravilhosa. Eu me lembro que tem um detalhe, que ele vai falar agora para a gente. É que ele também citava no programa dele, a família, se dirigindo aos filhos dele.

Gerson Gregório: Falava o nome de cada um dos meus filhos, e no final dizia: “Esses são os meninos mais bonitos do mundo”.

Jornal O Impacto: Perda da visão. De um lado ele perdeu totalmente, depois de uma cirurgia que não deu certo. E do outro lado, que é lado esquerdo, ele vê pouquíssimo. Tem problema de glaucoma. Mas que a alegria e a vontade dele viver e participar, lhe dão forças para ele continuar.

Gerson Gregório: Como eu não entendo. Digo que é problema temporário. Porque se eu for submetido a uma cirurgia na vista direita, possivelmente eu voltarei a enxergar o universo.

Jornal O Impacto: Você tem esse desejo, mas como todo aposentado brasileiro, falta recurso?

Gerson Gregório: Isso mesmo, falta recurso. Eu estou precisando de um empurrão. Empurrão eficiente para que eu possa chegar até os profissionais do Hospital Regional, que lá tem profissionais competentes, para que depois de uma análise na minha vista, verificar a probabilidade de eu me submeter a uma cirurgia e fazer um transplante de córnea. Eu aproveito a oportunidade, para pedir às pessoas que tem essa chance de se comunicar mais próximo dos profissionais do Hospital Regional, para que eu possa ir com essa pessoa, com os amigos que se reunirem em torno de mim. Eu ter essa oportunidade de voltar a enxergar.

Jornal O Impacto: Então, fica aqui o apelo. O Gerson se destacou pela forma de fazer o rádio com bom humor. Ele era um locutor humorista. Sempre foi, contando piadas, criando causos. Tudo isso foi muito marcante na vida profissional como radialista. Todo mundo se lembra do “Cumpadre Gerson”, alegre, feliz, sorridente, e contador de causos de piada.

Gerson Gregório: Agradeço a oportunidade. Pedindo a Deus que cada um tenha a fé em Deus. Ele sempre em primeiro lugar, para que os seus passos sejam garantidos por Ele, por aquele que deixou a pegada na areia.

Jornal O Impacto: Não posso terminar sem fazer um apelo, vou me dirigir à Secretaria de Saúde do Município. Sim, porque foram tantos os trabalhos, e ações que foram prestadas pelo Gerson à sociedade santarena. E neste momento que ele precisa de um apoio para chegar a uma possível cirurgia, a um transplante de córnea, para assim tentar recuperar sua visão, a TV IMPACTO e Jornal O Impacto fazem este apelo para que o prefeito Nélio Aguiar, o secretária de Saúde, Edson Ferreira Filho, e toda a sua equipe, pensar, eles todos juntos, tenham essa convicção da necessidade e atendam a esse apelo muito justo e merecido do nosso eterno “Cumpadre Gerson”.

Por: Jefferson Miranda

Fonte: RG 15/O Impacto

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