Mãe! – Crítica
Mãe!
( Mother!)
Sabe quando você está dentro de um pesadelo e o mesmo não acaba, você sente que o desespero começa a tomar conta do seu corpo e você não sabe como enfrentar, momento em que você não sabe se chora, grita e não consegue se mover. Este é o claustrofóbico cenário montado pelo diretor mais autoral da atualidade Darren Aronofsky (Noé) nos inserindo na alegoria interpretativa de Mãe!, uma filme que não se pode comentar muito, senão existe um risco iminete de se criar spoiler.
Sendo algo distante de Noé (2014), última obra do diretor, este não é um filme bíblico, mas cheio de referências. No início, um casal, formado por Jennifer Lawrence e Javier Bardem, vive isolado em uma enorme casa. Enquanto ela é responsável por restaurar toda a estrutura do palácio, ele passa os dias buscando inspiração para escrever mais uma história. Até que uma noite, um estranho (Ed Harris) bate à porta, se apresenta como médico e diz que confundiu a grande casa com uma pousada.
Confusa e contrariada com a situação de ter um desconhecido sob o seu teto, Jennifer Lawrence mantém o tom educado ao lidar com o seu desconforto até mesmo quando a esposa do forasteiro (Michelle Pfeiffer) surge e se impõe como dona do espaço.
Evidentemente, vamos sentindo o profundo desconforto de Jennifer Lawrence com a presença dos indesejados hóspedes. A atriz desempenha uma brilhante performance com tons comedidos da personagem recatada a entregas dramáticas quando tudo começa a desmoronar, aqui Jennifer prova que não é só uma atriz com capacidades para atuar em produções infanto juvenil ou em filme de super heróis, aqui ela simplesmente arrebata. A câmera passeia bem de perto pelo seu rosto, corpo e sua nuca, conduzindo-nos durante toda projeção no colocando na perspectiva real da protagonista. Assim, pouco a pouco, a casa se torna uma espaço de muita agonia.
Diferente dos delírios de Cisne Negro (2010), Mother! se apega ao sentido literal, mas na linha do surrealismo. Isso porque os acontecimentos são totalmente inesperados e fora de dimensão aceita como social. Mesmo convivendo com o crescente caos, Jennifer Lawrence tenta manter o seu lar intacto, enquanto o marido está mergulhado na vaidade e busca receber o amor de desconhecidos. A ideia de ser adorado pelo casal estrangeiro o fortalece, tal como um alimento para o corpo. Lawrence entrega todo o seu talento que já lhe rendeu três indicações ao Oscar e, talvez, mais uma para o próximo ano.
Javier Bardem “arrebenta” com o seu papel de sedutor e dominador. Ele tem controle sobre tudo, principalmente, sua esposa. A benevolência de suas ações durante o filme nos causa estranheza e muita aflição, existe uma necessidade absurda de ser amado e admirado, a presença de Javier, no entanto, não é tão marcante quanto a de Michelle Pfeiffer, mesmo em papel secundário.
Mother! não é um filme de horror, não há cenas de sustos, entretanto, é aterrorizante e assustador principalmente pela câmera que segue Jennifer Lawrence por todos os lados, detalhando cada processo de travessia da personagem da confusão, horror, aflição, medo até a redenção.
Trata-se de uma obra que nos traz perguntas e questionamentos em todos os momentos, todos os detalhes têm seu significado e é bom prestar atenção ao que se passa, principalmente na casa, um dos maiores elementos dessa fábula macabra aonde podemos chamar de uma verdadeira grande metáfora. Por mais confuso e difícil de comprar a ideia principal, já que o filme nos envolve em uma proporção de absurdos que vai crescendo entre a passagem entre os três atos, Aronofsky nos presenteia com uma singela explicação, o que transforma este longa em uma obra fantástica, e arrisco dizer um dos melhores filmes do ano. Mother! é um filme artístico, figurativo e provocador, portanto, é para ser digerido lentamente e como muita interpretação, ou seja, não é para todos. Aí está a magia, o cara faz uma filme que você assiste e ao sair da projeção o filme continua na sua cabeça. Para falar a verdade assisti este filme no sábado e até hoje consigo encontrar várias interpretações. Muitos vão odiar principalmente os que não intenderem o sentido da metáfora, mas o que conseguirem capitar vão amar e aplaudir essa diferente e genial produção. Se você gosta de desafios, divirta-se! Minha nota 100!
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DICAS NETFLIX
Livrai-nos do Mal
(Deliver us from devil)
O policial Ralph Sarchie (Eric Bana) tem uma intuição especial, que sempre o leva a combater casos extremos e perigosos. Em uma mesma semana ele se depara com um bebê jogado no lixo e uma mãe que atira seu filho na jaula dos leões em um zoológico. Intrigado pelos acontecimentos, ele começa a investigar as pessoas responsáveis, suspeitando que alguma força sobrenatural esteja por trás das histórias. Com a ajuda de um padre especializado em demonologia (Edgar Ramírez), Sarchie descobre uma verdade assustadora, muito além do seu mundo cético e racional. O filme subverte um pouco as regras do gênero, da moral cristã para propor uma versão marginal e viril das histórias de exorcismo. Minha nota 7,5!
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