Feira de empreendedorismo incentiva mães de pacientes do Oncológico Infantil
Quem vê Ana Cláudia Mesquita, de 36 anos, sorrindo e conversando com os clientes, enquanto vende os quitutes que prepara em casa, nem imagina que, dois anos atrás, a vida dela deu uma verdadeira guinada. O filho de Ana, Matheus Felipe, na época com 17 anos, foi diagnosticado com um Osteossarcoma – tumor ósseo maligno -, e teve que iniciar tratamento no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém (PA). Enquanto acompanhava o filho no tratamento, Ana abandonou o emprego em um posto de gasolina, e teve que encontrar uma nova forma de sustento para a família. Foi na venda de alimentos, com horários bem mais flexíveis do que no trabalho tradicional, que ela encontrou o que precisava.
Ana é uma das diversas mães de crianças com câncer infantojuvenil que acabam tendo que optar entre o emprego ou cuidar do filho, e foi pensado nelas que a Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospital – gestora do Oncológico Infantil, sob contrato com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) – idealizou e realizou durante a quinta-feira, 5/9, a segunda edição do ‘Canto da Empreendedora’. O evento foi promovido na recepção do hospital, de 9h às 17h, e ofereceu os mais diversos tipos de produtos, de comidas a produtos de beleza e artesanato, e tudo produzido por mães e acompanhantes de crianças que estão internadas ou fazem acompanhamento na unidade.
A diretora-geral do Oncológico Infantil, Alba Muniz, conta como surgiu o evento. “Observamos a fragilidade a qual elas estão expostas. E uma das vertentes mais fortes dessa fragilidade é a econômica, que desfaz a pessoa, à medida que ela não tem condições de cuidar dela própria e dar o que a criança precisa. Então, pensamos em uma adesão ao ONU Mulheres para desenvolver essas pessoas, mulheres, mães, para que elas vivam melhor, não só enquanto estão aqui conosco fazendo tratamento, mas para que vivam melhor depois”, afirmou.
A primeira edição do ‘Canto da Empreendedora’ aconteceu em setembro deste ano e o êxito foi tão grande que a gestão do hospital decidiu incluí-la na agenda mensal da unidade. “Fizemos um processo de avaliação com elas e tivemos notícias de mães que participaram da primeira edição, e puderam pagar o aluguel com a renda da venda dela aqui. Outra mãe relata que passava o mês inteiro com duzentos reais, e aqui conseguiu aumentar em ¼ a renda que ela tinha. Isso em um dia, uma única vez”, ressaltou a diretora-geral da unidade.
Para Ana Cláudia, que hoje leva o filho Matheus Felipe uma vez por mês ao Oncológico Infantil para fazer manutenção – acompanhamento -, o evento veio em boa hora, para divulgar a venda de comidas que já faz na porta de casa e, ainda, fazer uma renda extra. “É uma oportunidade que ninguém dá. O hospital está de parabéns, pois além de ser um hospital de primeira, dá um suporte que muitos hospitais particulares não dão”, declarou.
O filho dela concorda. “Muitas mães abandonam o emprego para ficar com a gente. Então ter algo como essa feira é maravilhoso”, disse. “Aqui é muito bom o tratamento é 100% e as pessoas sempre estão dispostas a ajudar”, completou, Matheus Felipe.
Para as próximas edições do evento a expectativa da unidade é que a adesão seja cada vez maior. “As mães já chegaram a nos pedir que o ‘Canto da Empreendedora’ seja realizado mais de uma vez por mês. Então, a gente vê que está dando certo, está trazendo resultado. E a nossa expectativa é que cada vez mais mães adiram ao projeto e se descontraíam, sintam-se um pouco fora desse ambiente hospitalar e ainda façam uma renda extra”, concluiu.
Ações do Bem
O ‘Canto da Empreendedora’ é também resultado das ‘50 Ações do Bem’ que a Pró-Saúde está desenvolvendo nas unidades que gerencia, em todo o país, para promoção da saúde e de ações relevantes a colaboradores, pacientes, seus familiares e a comunidade.
Como parte das ‘50 Ações do Bem’ foi realizado, no mês de junho, em Belém, o “I Workshop Empreender – Fortalecendo o Protagonismo das Mulheres”, onde foi sugerida a promoção de iniciativas que dessem oportunidade de renda para as mães de pacientes do Oncológico Infantil.
Fonte: RG 15/O Impacto e Joab Ferreira