Por que Jatene não escolheu alguém do PSDB para sucessão?
Manoel Pioneiro, prefeito de Ananindeua, fala sobre a polêmica decisão
Pegou muita gente de surpresa, a escolha do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) ao apoiar a pré-candidatura ao governo estadual, do atual presidente da Assembleia, que pertence ao Democratas.
O que levou Simão Jatene a ignorar figuras ilustres de seu próprio partido, como o prefeito da capital Belém, Zenaldo Coutinho e Manoel Pioneiro, prefeito de Ananindeua. A dupla, juntamente com o atual governador, constitui a chamada “trilogia do PSDB”, que faz referência aos cargos ocupados pelos políticos da legenda, no Governo do Estado e nas duas mais importantes cidades.
Apesar de não confirmar sua saída do PSDB, nossa equipe de reportagem apurou que Pioneiro, dependendo da conjuntura do cenário político nacional, poderá se filiar ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), presidido a nível estadual, por Giovanni Queiroz. Além da polêmica escolha da sucessão, o prefeito de Ananindeua fala sobre os desafios das prefeituras frente ao cenário de crise econômica, e também da onda de violência que atinge a Região Metropolitana de Belém. Acompanhe a entrevista na íntegra:
Jornal O Impacto: Você é considerado um ícone do PSDB. Qual sua visão em relação à questão de o partido apoiar a pré-candidatura de Márcio Miranda? Por que não lançar alguém do próprio PSDB, como o senhor por exemplo?
Manoel Pioneiro: Hoje nós não vemos isso assim. É uma questão partidária. Quando há 1 ano e meio, em uma conversa com o governador Simão Jatene, foi colocada essa situação; tanto eu, quanto outros prefeitos, talvez até o de Belém, nos perguntamos qual seria a nossa posição? Se estaríamos dispostos ou não a colocar o nome à disposição do Estado, e nessa época talvez até o próprio Governador poderia sair do governo, em nossa conversa ficou decidido que se ele saísse, eu continuaria prefeito de Ananindeua. E aí eu comecei a voltar o trabalho para Ananindeua, tendo em vista que a crise que assolou nosso País, também chegou a Ananindeua. Aí, ao invés de ficar preocupado em ser candidato ao governo do Estado, eu preferi voltar minha atenção para o município de Ananindeua e dar um pouquinho de atenção para aquele povo que tinha acreditado em mim, onde tinha ganhado a eleição no primeiro turno tranquilamente. Então, eu tinha que voltar minha atenção para Ananindeua, quando eu voltei a atenção para o Município, nos descuidamos dessa parte política e foi escolhido o nome do Márcio, com todo o apoio do grupo, com todo grupo que nós temos do PSDB, do próprio DEM. Ele Foi uma pessoa que me sucedeu na Assembleia Legislativa do Estado. Fui presidente da Assembleia antes do Márcio e por opção deixei de ser presidente da Assembleia para voltar para o Município. Hoje não vejo como uma questão do nome Pioneiro, Márcio Mirando ou qualquer um do nosso grupo, de ser assim uma pessoa que foi definida, retirando ou excluindo, para mim estamos no mesmo grupo e não há exclusão.
Jornal O Impacto: Com sua vasta experiência em gestão pública, o que o senhor apontaria como principal desafio dos municípios hoje, principalmente no Pará?
Manoel Pioneiro: O maior desafio dos municípios hoje é a saúde. Você pode fazer de tudo, mas tem um problema seríssimo chamado saúde. Quando você vai e resolve o problema dos municípios, principalmente os municípios menores, você resolve um problema e passa a ter outro, no caso de Santarém e Ananindeua, nós temos o Hospital Metropolitano, quando você chega nos municípios menores você passa a ver as necessidades dos municípios que precisam de um atendimento pelo menos em sua base. Hoje no município de Ananindeua, nós contamos com 79 postos de Saúde da Família. Santarém deve também ter uma quantidade enorme, para ver se conseguimos atender as pessoas na sua base, no seus domínio que são exatamente os bairros. Os PSF’s têm que atender 100 famílias para atingir um total de 5 mil pessoas, isso é fundamental. Quando nós temos uma saúde que está funcionando, aí você começa a olhar educação, e logo após para infraestrutura. Mas uma coisa hoje complementa a outra, se você estiver olhando com bons olhos, você teve um bom atendimento humano dentro dos postos de saúde com medicamentos, você tem médicos, você já tem uma cidade mais tranquila, nossa preocupação maior hoje está justamente em cima da saúde das pessoas.
Jornal O Impacto: Tem sido crescente a violência na região metropolitana de Belém, especialmente Ananindeua que faz parte daquela região. Como você avalia esse cenário? O que está possibilitando o aumento da violência?
Manoel Pioneiro: Hoje nós estamos vivendo um outro drama. Quando você fez a pergunta sobre o que era direcionado para os municípios eu citei a saúde, quando você pergunta qual a questão do Estado, é a violência. Vivemos em um Estado que é cercado por água, pelos quatro cantos, isso facilita muito o tráfico de drogas, o tráfico passa por nossas bases, debaixo de nossos narizes e você fica em uma situação muito complicada, você tenta de todas as maneiras. Preparamos nossa Guarda Municipal, aumentamos o efetivo da guarda para juntar forças com a Polícia Militar, para tentar dar segurança. Realizamos várias reuniões nos bairros, mas há um crescimento muito grande hoje do tráfico, e essa situação vai envolvendo cada vez mais jovens. Nós temos de fazer com que haja mais escolas, que haja mais quadras. Temos que envolver mais os jovens na igreja, de alguma forma temos que fazer que o jovem participe um pouco mais familiarmente, quando você consegue isso, você automaticamente está diminuído o tráfico. Temos uma violência hoje que é até desumana, mas quando você não consegue fazer com que haja o envolvimento das igrejas católicas e evangélicas, da Prefeitura juntamente com o Governo do Estado aí a coisa fica mais difícil. Estamos na região metropolitana de Belém. Em Ananindeua, temos 510 mil habitantes, Belém tem 1 milhão e meio e nós temos um terço de Belém, ou seja, juntando as duas, temos 2 milhões de habitantes, quando chegamos em Marituba ainda na região metropolitana, onde 5 ou 6 municípios fazem parte, chegamos a 2 milhões e meio de habitantes. Então, trata-se de algo grande mais e quando temos algo grande demais, passa a ter um descontrole, com todo trabalho que o governador do Estado vem fazendo, vem lutando juntamente com Secretaria de Segurança, mas nós temos essa dificuldade. Volto a dizer, se nós estivermos unidos, igrejas, famílias e todos, podemos enfrentar e diminuir esse alto índice de criminalidade que está existindo no Pará. Se não conseguirmos movimentar as igrejas, movimentar a sociedade de modo geral e juntar Estado, Município e comunidades, todos os conselhos que existem nos municípios, e hoje nós temos muitos conselhos, conselho tutelar, conselho do idoso, conselho da criança e adolescente, ou seja, são vários conselhos que nós temos que podem estar juntos para ajudar na transformação da sociedade e principalmente em nossos municípios.
Jornal O Impacto: Qual o motivo da sua presença em Santarém?
Manoel Pioneiro: Nós estamos aqui fazendo essa visita a essa cidade que é marcante para todos do Estado do Pará, com tudo que Santarém tem e trazer um pré-candidato ao Senado, Coronel Osmar, um homem competente, um homem que tem qualidade para representar o estado do Pará, um homem que representa Santarém, que da sua origem partiu aqui de Santarém e este é um dos nosso motivos dessa visita. Além desse motivo, viemos rever os amigos, passar, ver qual situação que está a cidade que nós gostamos e eu como Prefeito, estou no meu quarto mandato, gosto de ser Prefeito, gosto de ver as novidades que estão acontecendo nos municípios e acima de tudo de chegar junto ao governador do Estado e levar os problemas que nós enfrentamos, assim também como verificar o que tem de importante que a gente possa levar. Hoje, nada se inventa, tudo se copia, mas acima de tudo se copiam as coisas boas e quando você tem coisas boas em Santarém, podemos levar para nossa cidade assim como podemos trazer da nossa cidade para cá. Essa é uma visita onde nós estamos na certeza que estaremos representando Coronel Osmar para ser nosso pré-candidato ao Senado, pessoa que pode representar Santarém muito bem como pode representar Ananindeua e todo o estado do Pará, isso para gente é fundamental. Quero mandar um abraço especial a todos que estão nos acompanhando, nós estamos aqui de braços aberto para chegar em Santarém e dizer que essa terra é assim como Ananindeua, a nossa terra!
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 1’5/O Impacto